Lilás. Era esse o cheiro que Brianna mais gostava. De todas as flores era a que mais lhe encantava e de todos os cheiros que ele poderia ter... não se passava um dia que ela não pensava nos cheiros de lilás. No cheiro dele.
Cada passo que Hektor dava parecia ser uma tortura para si. Não pela dor que sentia, não. Brianna já havia sentido muitas dores durante seus anos de vida. Era pelo medo do que encontraria quando chegassem ao seu destino.
- A luz apagou - ouviu a voz de Allana, que havia tomado a frente.
O desespero apoderou-se de seu corpo, a dor que sentia já não se fazia presente e estavam parados em um beco escuro e sujo. Ela apertou o ombro de Hektor, que entendeu o recado e abaixou para que ela decesse em segurança. A dor parecia ter desaparecido, a falta de luz não apontava nada mais que a ausência de qualquer presença que não fosse a deles naquele beco.
A princesa viu um movimento atrás de si: Hektor havia tirado uma faca militar de seu bolso e agora aproximava-se do que parecia uma lixeira. Seus passos eram silenciosos e o cuidado era nítido. O homem fez um movimento rápido ao chegar em uma distância razoável e um grito foi ouvido ao passo que o general ameaçou a garota com uma faca em sua garganta.- Por favor! Por favor não.
A visão da princesa pareceu se ajustar à escuridão e ela reconheceu quem estava sendo ameaçada. A garota da chuva. Se ela estava ali, então...
- Não! - a princesa se apressou até o corpo que estava caído no chão ao pé da lixeira. Checou sua respiração e o ar que saía dali era mínimo. A blusa azul que o cobria tinha uma mancha de mesma cor, que cobria quase todo o abdômen do, agora, moreno. Brianna levantou a camisa para ver a fonte do ferimento e seus olhos pareceram falhar com o as lágrimas. Aquela não era uma lâmina normal. Não podia ser.
O corte era profundo e ao redor dele a pele parecia enegrecer em um ritmo veloz. Brianna chegou as mãos dele com desespero, constatando as unhas escurecendo junto da ferida.- Ikeni!
Ela chamou com a voz desesperada e Hektor soltou a garota para que ele e Allana conseguissem levantar o corpo desacordado do chão.
- Temos que levar ele ao hospital - a garota disse, a voz trêmula e desesperada.
- Não! - Brianna respondeu, a voz altiva e o olhar ainda preso em Kalevi. Aquela foi a única palavra que dirigiy à garota até que chegassem ao apartamento.
O coração estava prestes a sair do peito e, ao entrarem, os que ficaram ali arregalaram os olhos em surpresa e medo. Kenneth observou a irmã com preocupação, mas ela não conseguia se preocupar com nada além de tirar os obstáculos do caminho até seu quarto.
- Coloquem ele na cama - disse e assim o fizeram. Pegou uma tesoura na mesa ao lado e começou a cortar a camiseta de Kalevi com cuidado, ainda que suas mãos pedissem uma pressa decisiva. Seus olhos ainda estavam cheios de lágrimas e ela olhou a ferida mais uma vez. - Consegue ajudar ele?
Seu olhar para o mago não parecia ter sido de quem conseguiria receber um não.
- Creio que sim - respondeu - Mas preciso que você saia.
- O que? Não! - replicou, como se ele estivesse a insultando.
- Hektor - O mago fez um gesto com a cabeça e o rapaz assentiu.
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Fantasy: A Ruína
RastgeleOrdem. Desobediência. Revolta. São as três coisas que se sucedem antes da queda de um reino. O que precisa acontecer para que todos eles caiam?