Capítulo 2

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Wade contara à Peter tudo o que acontecera em sua vida; quando desenvolveu esquizofrenia (bom, Wade não soubera explicar isso, apenas dissera que ouvia "vozes sem corpos"), quando teve de dormir na rua e todo o resto. Contara tudo o que aconteceu consigo desde que o amigo fora embora.

Mesmo receoso sobre contar tanta coisa ele sabia que havia de conversar sobre isso com alguém e, pela primeira vez em tantos anos, ele tinha alguém com quem desabafar sobre tudo o que o atormentava há séculos.

Enquanto falava, esperava que Peter tivesse qualquer reação que não fosse o compreender. Quero dizer, ele é um mercenário que ouve vozes em sua cabeça; não é muito normal.

- ... e agora eu 'tô com a cara toda fodida por causa daquele filho da puta arrombado! - exclamou quando finalmente encerrou sua fala.

Bom, depois disso veio apenas o silêncio. Ele nem sequer olhava para o garoto, esperava apenas o momento em que o outro iria sair dali por achar totalmente absurdo tudo o que o maior contara.

Mas esse momento não veio. Pelo contrário: Peter até que compreendia que ele não tivera outra escolha. Bom, era o que ele preferia. Preferia achar argumentos para o compreender ao invés de sentir raiva ou algo do tipo.

Receoso, o menor pôs uma mão no ombro alheio, tentando uma forma de reconforta-lo, talvez.

Wade olhara a mão em seu ombro e em seguida olhara para o rosto do menor que desviava o olhar fitando a rua embaixo deles.

Depois de algum tempo em um silêncio tanto quanto constrangedor, Peter retirou a mão do ombro do outro e retornou ao assunto quando perguntou:

- Uh... Então, você vai continuar 'trabalhando' com isso...? - deu ênfase em sua fala e o fitou.

O mercenário ainda fitava a rua que começava a ficar mais deserta por conta da noite já ter chegado. Apoiou seu rosto em uma das mãos pensando no que responderia. Quero dizer, ele não tinha outro trabalho, tinha? E ele não podia simplesmente abandonar aquilo se não haviam outras alternativas. Ele tentara conseguir vários outros trabalhos, mas nada havia dado certo, afinal, depois de toda a cidade conhecer Wade como 'mercenário', ninguém quis se envolver com sua imagem, claro que ninguém o contratou.

- Essa é minha única maneira de conseguir dinheiro - dissera em tom baixo, com a voz mais grave e rouca que o normal.

O herói pensou e repensou várias vezes antes de tomar a decisão que iria tomar. Sabia que provavelmente iria se arrepender, mas nesse momento sua mente estava ocupada em tentar ajudar o outro. Peter ainda tomou ar antes de começar mas isso não impediu que as palavras saíssem num bolo.

- Você... Uh... Eu poderia, sei lá, te ajudar... Talvez você pudesse... ãh... trabalhar na Torre, sabe... Eu poderia falar com Tony para que ele deixasse você... fazer pelo menos as missões... as missões menores sabe... quero dizer- gaguejou miseravelmente antes de ser cortado pelo outro.

- Não acho que isso seja uma boa ideia, Baby Boy - apenas depois de sua fala, Deadpool percebera o que havia dito. O apelido que havia dado a Peter.

O menor sentiu uma sensação estranha penas por ouvir Wade o chamar daquele jeito. Fazia vários anos desde que ouvira, pela última vez, o maior o chamar pelo apelido que usava quando eram pequenos.

11 anos atrás:

Peter havia acabado de chegar ao orfanato e praticamente todas as crianças já o cercaram empolgadas fazendo perguntas como qual seu nome, sua idade e coisas do tipo.

No dormitório, Wade ouvia as crianças animadas. Abriu a porta do quarto e foi em direção às escadas, chegando no topo já avistando um amontoado de pessoas envolta do 'novato'. Nem se dera o trabalho de descer até lá. Para ele, seria apenas mais uma pessoa para o odiar naquela casa.

-X-

Já era hora do almoço. Peter fora até a cozinha/refeitório, reparando numa mesa enorme com várias comidas e várias mesas redondas espalhadas pelo local consideravelmente grande. Ao olhar envolta também percebera que, enquanto todos estavam juntos de seus amigos, havia um garoto sozinho em uma mesa afastada de todas as outras.

- Hey, Peter! Senta aqui com a gente! - um garoto que ele havia se tornado colega o chamara mas ele continuou a caminhar em direção ao garoto ainda desconhecido.

- Oi! - chamou a atenção do outro que, até aquele momento ainda não havia percebido a presença do garotinho alí - Meu nome é Peter, qual é o seu? - o menor disse simpático e animadamente.

O maior o olhara repousando seu talher sob o prato de porcelana antes de se virar em direção ao garoto para o responder:

- Wade.

Peter estendeu o braço para apertar a mão do outro que riu com gesto mas o correspondeu.

- Por que ninguém fala com você? - o garotinho sentou-se no banco e perguntou direto até demais.

O maior riu brevemente em parte por nervosismo pelo outro ser tão direto e também por ter percebido tão rápido sendo que havia chegado de manhã.

- Quando você crescer mais um pouquinho você vai entender - respondera e um bico logo se formou nos lábios do outro, o que fez o mais velho sorrir de lado sem nem perceber, achando consideravelmente fofo.

- Eu já sou crescido! - cruzou os braços na altura do peito ainda com um bico nos lábios.

- Ah, claro! Você é um Baby Boy, isso sim - arqueou uma sobrancelha falando um tanto sarcástico mas riu.

O menor não entendeu o que o outro quis dizer mas deixou estar apenas sorrindo.

Depois disso, sequer perceberam quando haviam se aproximado tanto.

-X-

- Podemos ao menos tentar...? - O mais novo tentou ignorar o que o outro dissera, tentando não demonstrar como ficou sem jeito por lembrar do dia em que surgiu o apelido.

Por dentro, Wade queria muito que isso desse certo. Sabia que seria difícil - praticamente impossível - mas estava disposto à tentar, mesmo que, por fora, ele apenas tenha dado de ombros; o que fez um sorriso vitorioso e determinado aparecer no rosto de Peter.

-X-

Oi!











Tchau!

Just One Forever - SpideypoolOnde histórias criam vida. Descubra agora