Capitulo 1

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Era meio de verão, ainda era cedo, próximo às onze horas da manhã, o sol estava impiedoso. A sensação térmica do porto parecia ser muito maior do que a real temperatura do local. Os raios solares queimavam na pele e o ar parado fazia toda a situação piorar. O vento, trazido pela maré, era a única coisa que aliviava o calor, apesar de cheirar fortemente a sal e peixe. E como se fosse para fechar o pacote do infortúnio, naquele exato momento os tripulantes do The Rosa Legacy estavam carregando caixas e mais caixas para dentro do enorme navio. Esforço físico e calor realmente não combinam.

No meio de todos esses homens, havia um em especial que o nome os leitores bem conhecem. Henry Thomas estava, em toda a sua glória e beleza, ajudando os seus fiéis companheiros a levarem os suprimentos para dentro do navio. Estava encharcado com suor, a camisa que uma vez já utilizava agora estava jogada em algum ponto do porto. O vento que vinha diretamente do mar, trazia uma leve brisa com um cheiro salgado e balançava os cabelos do rapaz, cujo o sorriso malandro não saia do rosto.
Depois de certo tempo fazendo os mesmos movimentos, o capitão tira a camisa do chão e limpa o rosto com a mesma, olhando ao redor para ter certeza de que não sobrava mais nenhuma caixa. Seu olhar parou em uma garota peculiar, que carregava bolsas e mais bolsas cheias de bugigangas, todas nos ombros e parecia não estar conseguindo realizar direito tal tarefa.

Seu nome era Daiana Castañeda, uma mulher pálida e extremamente quieta. Esta, possuía os olhos mais negros que Henry havia visto uma garota ter e embaixo destes grandes e profundas olheiras, além disso tinha lábios finos e avermelhados, seu corpo inteiro parecia ser puro osso, era muito magra. Os cabelos não tinha tantos fios, mas os que existiam era tão pretos quanto os olhos. Tudo nela se encaixava perfeitamente e contrastava um com o outro. Não se sabia muito dela, apenas que era uma inteligente menina, uma peça rara na tripulação inteira, afinal, nem todo mundo lá dentro era muito inteligente.

Antes de ser encontrada nas ruas, Daiana era aprendiz de um habilidoso químico, seu tio, que era extremamente bom e gentil, mas por ser acusado de falsa moralidade e talvez, bruxaria, acabou sendo executado pelas ordens do chefe militar. A rainha não interferiu.

Apesar de ter um grande carinho por Henry ter a tirado das ruas, guardava muito rancor da rainha e consequentemente, do seu filho. Uma relação dois em um.
Henry gritou o nome da garota, várias vezes, até chamar a atenção dela.

— Precisa de ajuda, doce?
Ela deu um sorriso de lado, soltando o ar, algo como um “pfft” irônico.
— Não se preocupe capitão, já tenho tudo pronto.
E seguiu seu caminho como se o homem nunca tivesse a distraído. Ele riu.

Henry balançou a cabeça, batendo as palmas para chamar a atenção do público. — PREPARAR PARA EMBARCAR!

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18 DIAS ANTES

O sol não estava tão impiedoso quanto no porto naquela bela tarde, o cenário da vez era um campo, vasto, grande. A grama era verde, muito bem cortada, com alguns buracos de terra causados pelo esforço físico dos treineiros. Aquela, era a área de treinamento do castelo Calden, onde vinham vários guerreiros da guarda, real ou da plebe, treinar todos os dias.

No meio daquela imensidão, havia um círculo feito de pedra polida criado para batalhas entre companheiros. Não muito longe do centro, existia um armazém onde se guardava armaduras e armas - espadas, arcos, maças, etc - de treino. Por fim, aquele lugar possuía várias ferramentas para aprendizado, como alvos e bonecos de madeira - que por ventura, estavam desgastados.

E neste vasto campo em questão, passeava um garoto em particular. Era miúdo, magérrimo, quase não existia, este carregava consigo uma cesta quase maior do que ele. A camisola que o garoto usava - feita de seda e numa cor próxima ao baunilha - combinava perfeitamente com sua pele pálida, quase amarelada, puxando para um azul, não era um sinal de pessoa sadia. Andava descalço, não se importava com a sensação da grama ou com as pequenas formigas subindo pela sua perna que, provavelmente, daria uma grande dor de cabeça para sua mãe assim que voltasse para o castelo.

The Captive Prince •ROMANCE GAY•Onde histórias criam vida. Descubra agora