HENRY
O aposento principal era gigante, talvez uma das maiores salas do navio. O lugar era extremamente decorado, com as paredes cobertas por armários e a algumas prateleiras — os primeiros, eram cheios de documentos, papéis importantes e mapas no geral; alguns desses possuíam coisas roubadas, mas eram poucos. Era possível ver que tapeçarias caras forravam o chão e essas eram escondidas em alguns lugares por baús de diferentes tamanhos.
As paredes, quando não estavam sendo ocupadas por grandes prateleiras, eram cobertas com quadros roubados — estes ainda tinham o seu grande valor, é claro, mas Henry não teve tanto tempo para vender tudo, então os mantinha ali.
No centro da sala existia uma mesa quadrada, ela tinha os pés com decorações talhadas na madeira e alguns detalhes eram pintados com ouro e prata. Em cima dela, havia um grande e velho mapa, com os lados rasgados, pontos marcados e algumas pontas enrugadas; alguns documentos largados e uma pena com uma vasilha de tinta.
A sala estava cheia, boa parte da tripulação estava ali, observando o olhar pesado de Henry para o mapa, enquanto se apoiava na mesa. Hermine, em particular, se sentia incomodada com a inquietação do outro, por isso, resolveu começar a conversa.
— Capitão, por que nos chamou aqui a essa hora?
— Eu não sinto que todo esse plano vai dar certo, não com a doença repentina de Milan. Sinto que seria melhor dar meia volta, atracar no porto de Gwaetha lá se render para os oficiais. — Começou Henry, era notável a preocupação estampada em sua face. — Assim, eu sinto que nós evitaríamos uma...
— Você sabe o quanto de merda que você tá falando? Vai se foder! — Hermine é quem responde, com braços cruzados e os dentes rangidos. — Nós não nos esforçamos tanto para capturar o reizinho pra você querer se render e estragar o plano!
Mesmo notavelmente ofendido com os insultos da mulher, o capitão continua. — Sinceramente, eu tenho zero de conhecimento em medicina, é melhor voltar e se render do que entregar o menino MORTO.
— E mesmo se a gente fosse? Como diabos você iria fazer com que as nossas cabeças não fossem cortadas no momento que nós pisássemos no porto?
Henry pareceu atordoado, fazendo com que Hermine sorrisse de forma vitoriosa. — Olha, eu não parei pra pensar nisso, mas eu não quero que alguém inocente morra nas minhas mãos por conta do egoísmo da rainha. Boa parte de vocês sabe o quanto essa sensação é ruim.
Catarina, por sua vez, confirma com a cabeça e suspira. — Mesmo que eu ache covardia a ideia de se render, concordo com Henry. As consequências são menores se nós nos rendermos e entregarmos o garoto vivo do que esperar e deixar uma guerra ser iniciada.
— Viu? A Catarina pelo menos concorda comigo!
Enquanto isso, naquele mesmo momento, uma silhueta magra se encostava na beira da porta, observando a figura de Henry apontar o dedo para o mapa, decidindo a nova rota antes de traçar a mesma. Demorou alguns minutos para que Milan fosse notado, o capitão havia até molhado a pena para desenhar em cima de um dos mapas, mas quando o viu parado, com um olhar tão curioso, Henry desistiu imediatamente do que estava fazendo para andar até o garoto.
— Por que saiu da cama? Está com febre? — as mãos grandes e quentes do mais velho foram em direção ao rosto de Milan, passando-as pelo tal, checando sua temperatura. — Não me assuste assim, garoto.
— Mas... eu.. — ele parou imediatamente ao sentir o toque do capitão em seus ombros.
Henry suspira, envolvendo a cintura de Milan com o braço e praticamente o empurrando de volta para o corredor. — Venha, vou te levar de volta.
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The Captive Prince •ROMANCE GAY•
Romansa[ boy x boy ] [ ROMANCE GAY ] Em tempos de conflito entre dois reinos, a rainha Harriet Coldshore pede a um de seus confiáveis súditos para capturar o filho de seu rival, rei Wladimir Vasfa'i. Henry Thomas, um pirata oportunista cujas únicas coisas...