Tem-se caneta e papel à mão,Então escreve, sonha.
Porém, nem sempre se é aquilo que se expõe nas linhas.
Ser solitária virou rotina e não mais incomoda.
A realidade é densa, e poetizar pode ser tudo e nada em um mesmo instante.
Questiona-se, 'pra' quê poesias se o lírico não enxerga a essência?
É fácil questionar a aparência, a arrumação.
Contudo, somente o poeta entende o viver e o sonhar.
Compreende tudo e todos, entretanto não tem com quem dividir.
Assim como pode ter alguém, todavia não é compreendido.
Volta-se, então, ao ponto de partida.
Tomo a liberdade, deliberada, de citar um exemplo próprio.
Digo-lhes:
"Passou, então, a mão em deslize pelo corpo da jovem;
Acariciando, calmamente, seus seios enquanto a observava arfar.
Mais um deslize.
O toque torna-se mais intimo.
Novos movimentos eram feitos a cada minuto, deixando-a mais molhada de acordo com o toque.
Por aquela noite, e somente naquela noite, o sexo não seria uma jura de amor."
Mas não me entendem.
As sentenças antes citadas não tratam de sexo.
Elas são sexo.
Não é somente o coito; a transa casual das personagens.
São corpos, o entrelaçar deles, os sentimentos envolvidos.
Vai além daquilo visto na primeira leitura,
É a entrega da sua nudez ao cenário descrito.
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DEVANEIOS
PoetryA releitura do mundo de ponta cabeça. Talvez até a leitura de um mundo diferente habitado em uma humana perdida.