Verbera-me por trás o medo de ser a mim mesma.
Cada passo açoita um golpe nas pernas que me carregam (dia após dia).
Tremula a base do corpo que me ergue e sustenta.
Viver como quem não vive é o grande desafio.
Aprender a conviver com a fantasia irreal de que "não se pode ser feliz" sendo a mim.
As telenovelas gritam, os filmes erotizam, os vizinhos xingam;
Alguns soltam cusparadas de ódio,
E sangra as veias do meu amor por outra igual.
Sou a Geni da música do Buarque,
A Joana D'Arc que a fogueira consumiu.
Queima viver como quem não vive.
O cinema não representa.
A política me criminaliza e retira os meus direitos.
Meus pais me expulsam de casa.
A igreja me condena e me mata.
E os ricos ainda me dizem que é duro viver com o medo de ser roubado.
Roubo maior que minha vida (que a ti não interessa)?
Me tira a vida ter que viver como quem não vive.
Engulo o grito.
Aceito o tapa.
Seguro a barra, calada...
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DEVANEIOS
شِعرA releitura do mundo de ponta cabeça. Talvez até a leitura de um mundo diferente habitado em uma humana perdida.