O assustador azul de seus olhos (parte 2)

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*Notinha do Bolachinha*

Perdoem meus erros de ortografia e meus capítulos gigânticos e não desistam de mim *-*

[Não reparem o plot twist, as vezes eu viajo]

                           ~\\\\~

O sol estava para atingir seu pico, por volta das onze horas. Como de costume, Fernando passava seus intervalos tocando o violão que emprestava da sala de música. Junto de Manuela, performava algumas das músicas de Ana Vitória, uma artista que apreciavam em comum. Ciro costumava ler junto de Marina, enquanto dividiam um misto frio e tinham as mãos atadas, pela maior parte do tempo.

Guilherme, após muito barganhar com a merendeira, voltava com o quarto prato de macarronada com salsicha. Não era novidade, nem mesmo para a funcionária que o garoto tinha o assíduo hábito de repetir a merenda, muitas e muitas vezes.

Hábito este que compartilhava com o amigo - mais lhe era um colega, se fosse sincero -  Geraldo, um garoto franzino e magricela, dono de uma das mais vorazes fomes naquela comunidade. Este repetia, naquela manhã, pela inacreditável quinta vez.

Ele caminhava até seu grupinho com o estranho garoto em seu encalce, até se sentar ao lado de Fernando.

- Galera, é o seguinte, Geraldo tá sozinho e vai passar o resto do intervalo com a gente, falou? - o garoto de barba avisou, ainda que pudesse causar algum tipo de atrito, mesmo que muito pequeno.

Geraldo Alckmin, o estranho garoto da merenda não era realmente um simpatizante de Fernando. Não era exatamente um simpatizante de Manuela, tampouco de Marina. Ciro tinha uma espécie de rixa com ele, e nem mesmo importava-se em escondê-la.

No entanto, Guilherme era dotado da mesma aura de Luíz Inácio: uma aura lotada de generosidade e empatia.

Foi algo que lhe fez apertar o peito, ao ver o garoto almoçando só, enquanto que aqueles que sempre se disseram seus verdadeiros amigos, se ausentaram sem lhe avisar. João Dória, o garoto de índole duvidosa e nariz empinado que vinha a se dizer seu "braço direito" e sempre era visto em seu encalce, vinha simpatizando imensamente com o garoto novo que se matriculara no mês de novembro, que compartilhava de seu nome e interesses. João Amoêdo. Este sempre andara com Álvaro Dias, desde o primeiro dia em que colocara os pés naquela escola. Um garoto dotado de semblante sinistro, e de um sorriso sarcástico, sádico. Era conhecido por certa perversão.

Geraldo vinha almoçando sozinho desde então, algo que tocou o coração de Guilherme, lhe fazendo tomar a decisão de lhe acolher junto dos seus.

 Um sorriso desconfortável se desenhava em seus lábios avermelhados, ele ajeitou os óculos de armação pequena sobre o nariz de formato levemente pontiagudo e se sentou ao lado de Guilherme, que o convidara. Os olhares logo caíram sobre si, quando ele começou a comer. Os de Manuela e de Fernando, no entanto, não se demoraram muito ali. O moreno estava mais ocupado em corrigir a pequena desafinação no instrumento em seu colo e, Manuela, em fazer algumas anotações num pequeno bloco. Ciro o encarava com a expressão de um cão de rinha, enquanto que Marina apenas o ignorava, retomando sua leitura.

- Enfim... passamos na matéria da professora dona Maria, né? - Guilherme retomou a fala, de boca cheia.

- É, mas você foi por pouco, Gui. Tem que ficar mais esperto. - Manuela pontuou, com um projeto de riso entre os lábios.

- Ah, o que importa mesmo é que eu já tô de férias. - se riu relaxado, em resposta, tomando mais umas duas colheradas do macarrão.

- Mas tu não vai vir pras eleições amanhã, nem pra me ver ganhar, Gui? - Fernando fez bico, fingindo mágoa.

Hormônios, espinhas e eleições do Grêmio EstudantilOnde histórias criam vida. Descubra agora