Cambada

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*Nota do Bolacha*: SEGURA QUE TA LONGO ISSO DAQUI!!!

A manhã já havia avançado sobre a grande metrópole, o bastante para dar lugar ao forte sol das primeiras horas da tarde.

O relógio marcava uma hora e dez, quando Jair conseguiu por fim vencer o sono e abrir os olhos para os tímidos feixes de luz que entravam pelas cortinas.

Ele espreguiçou-se, esticando os músculos cansados. Bocejou preguiçosamente, sentindo os olhos molharem de leve.

Demorou alguns segundos para reconhecer o quarto onde passara a noite. As lembranças retornavam à sua mente devagar, lhe trazendo um tênue sorriso aos lábios.

Ele procurou pelo calor do corpo de Fernando, mas o que encontrou foi lado onde o outro dormira vazio. O cheiro do outro também se fazia bastante presente.

Embora em um primeiro momento lhe fosse frustrante, não demorou a lhe ocorrer que, talvez, o outro já houvesse despertado. Se bem conhecia a si mesmo, havia dormido demais.

Vencendo finalmente a moleza do corpo, Jair colocou-se sentado sobre o colchão, para correr as mãos pesadamente pelo rosto inchado e, em seguida por entre os cabelos lisos bagunçados.

Suspirou pesadamente, imaginando o que os avós do melhor amigo e, agora também ficante, pensariam de um garoto que passa a noite como hóspede em sua casa e se dá ao luxo de ser o último a acordar.

Após alguns instantes, colocou os pés para fora da cama, de modo que seu direito foi o primeiro que tocou o colchão colocado ali no chão para si, na noite anterior.

Em passos arrastados, ele se dirigiu à porta que estava encostada, a empurrando para acessar o corredor, de pouca iluminação. Virou a esquina da cozinha, encontrando o cômodo vazio.

Nem o avô de Fernando se encontrava ali, a fumar, ou mesmo sua avó, a cuidar das panelas, embora estas estivessem postas sobre a mesa, cobertas por um guardanapo.

O aroma dos preparados frescos lhe enchia as narinas, lhe despertando o apetite, o que não lhe era algo comum. Sofria diariamente de enjoos matinais. O perfume do tempero que a avó do melhor amigo usava, no entanto, lhe distraía daquele mal e lhe atiçava a fome.

Entretanto, ele decidiu por, primeiramente ir até o moreno, para lhe desejar um bom dia, acompanhado de um abraço apertado, e um beijo cálido.

Jair sorriu, prestando atenção, por uma primeira vez, ao som da televisão que soava dos corredores, enquanto se arrastava em direção à sala.

Lá, encontrou o moreno largado preguiçosamente no sofá, tendo o gato da casa a dormir sobre o ventre, lhe acarinhando atrás da orelha.

Ele não pôde conter um riso baixo.

- Bom dia... - disse timidamente, ao se aproximar.

Fernando lhe fitou, curvando os lábios num sorriso fraco, mas sincero.

- Boa tarde... - ele respondeu, risonho, lembrando o outro que já se passava da uma da tarde. Jair mirou o relogio pendurado na parede, para em seguida adotar uma expressão emburrada.

Aquilo foi para Fernando um divertimento.

- Tamtam... vai no chão. - o moreno murmurou, tomando o gato entre os braços e o tirando do colo. Ainda resmungando, o animal se acomodou no tapete. - Vem cá. - ele se dirigiu a Jair, manhoso, pedindo por um carinho.

- Seus avós... - Jair murmurou após um tempinho calado, um tanto receoso.

- Eles não estão. Minha vó foi ver uma amiga. Meu vô foi no centro da cidade. Não volta tão cedo... estamos sozinhos. - Fernando disse e sorriu, sugestivo.

Hormônios, espinhas e eleições do Grêmio EstudantilOnde histórias criam vida. Descubra agora