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O brilho nos olhos de Xavier ao encarar aquela sala enorme em sua frente não passou despercebido por Alba e Sergio que o observavam com carinho, enquanto o garoto dava alguns passos permitindo saciar sua curiosidade.

- Essa casa é muito grande.- Xavier sussurrou ao tocar o braço do sofá da sala de Sergio. A criança ergueu o olhar para o casal que sorriu e caminhou até o garoto. Sergio se sentou no sofá próximo a criança e Alba se ajoelhou de frente para Xavier, ficando do seu tamanho. 

- É a casa onde você vai morar, meu amor.- Ela sussurrou depositando um beijo na testa do garoto que ainda parecia surpreso com todo aquele lugar.

- Q-quando?- Ele perguntou incerto se podia fazer aquele tipo de indagação. 

Desde que soubera que seria adotado, Xavier não conseguia pensar em outra coisa. Era um sonho que tinha desde o primeiro dia em que foi para a escola e viu todos os amiguinhos falando sobre os pais, naquele momento ele se deu conta de que não tinha pais e que seu maior sonho era um dia poder tê-los.

- Em poucas semanas.- Sergio respondeu, ganhando a atenção do mais novo. - Eu e a Alba conseguiremos te adorar quando casarmos em três semanas.

- Eu posso ir ao casamento?- Sua vergonha era tanta que a voz saiu quase inaudível, mas não o suficiente para que os dois adultos presentes não pudessem escutar. Sergio encarou Alba que sorria largo olhando a criança.

- Claro, meu anjo. Eu falei com o seu padrinho e ele vai te buscar no abrigo no dia do casamento.- A jornalista afirmou, vendo um enorme sorriso crescer nos lábios da criança que a abraçou apertado e logo em seguida correu até o homem sentado no sofá e também o abraçou com a mesma intensidade.

- Seremos uma família, Xavier.- Sergio disse quando o garotinho se afastou dele e o encarou com os enormes olhos castanhos brilhosos.

- E eu vou poder chamar vocês de mãe e pai? Eu sempre quis ter uma mãe e um pai.- Ele perguntou com inocência, fazendo os olhos da jornalista se encherem de lágrimas no mesmo instante. 

- Vai poder sim, meu anjo.- Sergio disse ao ver a noiva secar os olhos rapidamente. - Quer conhecer o resto da casa?- O jogador perguntou e o mais novo afirmou.

Sergio se levantou do sofá e estendeu a mão para o menor segurar e o acompanhar pela casa até as escadas. 

O zagueiro percebia que a pergunta do menor tinha acertado a jornalista em cheio e que ela precisava digerir as palavras da criança. Alba a partir daquele dia era uma mãe e ela iria se esforçar dia após dia para ser a melhor mãe que Xavier pudesse ter.

Ela secou os olhos vendo o noivo subir os degraus acompanhado da criança. Então, sorriu com a imagem tendo em mente que em poucas semanas sua vida seria como aquele dia. Um dia calmo com o marido ao lado e o filho sorridente os enchendo de perguntas características de crianças de sua idade.

Alba percebeu o silêncio que dominava o andar de cima da casa e quando se recompôs, caminhou pelas escadas a procura de Sergio e Xavier. Ela abriu a porta do quarto que voltou a dividir com Sergio mas este estava vazio, voltou a abrir o quarto de Sergio Junior e Marco, também vazio, abriu o que tinha o berço do Alejandro mas assim como os outros lá não havia ninguém. Ela tinha que admitir que o ruim daquela casa era a imensidade de sala e quartos que haviam ali. Como última opção ela abriu o quarto que seria de Xavier quando ele finalmente pudesse viver com o casal.

Ela empurrou lentamente a porta, apenas o suficiente para que pudesse ver seu noivo e seu filho sentados no chão, entretidos com um enorme quantitativo de peças de um quebra-cabeça a frente dos dois. Ela sorriu e mordeu o lábio inferior, sentia-se orgulhosa da família que estava construindo e sentia orgulho do marido que teria. Ela sabia o quão inseguro Sergio estava no primeiro dia que visitou Xavier no abrigo sabendo da responsabilidade que teria dali para frente. Sabia que ele estava descrente de que conseguiria um bom relacionamento com o garoto porque tinha medo de não ser como o padrinho dele, mas ali, observando os dois unidos com o mesmo objetivo de construir um simples quebra-cabeça, ela percebeu que toda a insegurança de Sergio fora em vão. Xavier não queria um ídolo, Xavier queria um pai e Sergio sabia ser o melhor pai do mundo. Não por ter três filhos, mas por ser protetor e tentar melhorar dia após dia, por ter o dom de ser o porto seguro para qualquer um que o conhecesse bem. Sergio era bom, por ser simplesmente ele mesmo e Alba era feliz por tê-lo em sua vida. 

Quando se deu conta, ela novamente tinha lágrimas em seu rosto. Sorriu percebendo que agia como uma boba e passou ambas as mãos pela face na tentativa de disfarçar suas lágrimas. Logo, ela respirou fundo e voltou a fechar a porta em sua frente, não queria atrapalhar aquela aproximação, não queria estragar um momento como aquele, um momento em que os dois garotos estavam tão sintonizados que o coração da jornalista chegava a bater mais forte por perceber que dali nasceria uma linda relação entre pai e filho. Uma linda relação de companheirismo e confiança da qual ela teria alegria de acompanhar dia após dia.

Hottest Feeling || Sergio Ramos Onde histórias criam vida. Descubra agora