Capítulo VIII

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-Senhorita Lizzie, onde devo colocar essas flores?

-Oh, pode por em cima do piano. – Ordenou observando o belo jarro ornamentado com um buque de lírios brancos que Kate trazia em mãos.

Não fazia ideia de como ela conseguiu aquelas flores em pleno outono, mas se sentiu satisfeita com aquilo. Quando chegara a Silverstone, o salão de música parecia completamente entregue as traças, mas agora estava tão brilhante quanto o resto da casa. Era bom ter algo com o qual se ocupar, pois desde a noite em que Lorde Hector regressou, Lizzie vinha tentando evitá-lo a todo custo e isso já fazia mais de quatro dias.

Sabia que estava agindo de modo infantil, mas o que podia fazer se sentia seu coração dando saltos no peito toda vez que pensava nele ou na forma despudorada que tocou seu corpo naquela noite chuvosa? Oh... Definitivamente estava perdida! Não podia se deixar envolver por um homem que até onde sabia seduziu a melhor amiga de sua própria irmã e no final ainda abandonou-a grávida e desonrada.

Cada vez que pensava sobre Alice Lewis, sentia-se mais curiosa e instigada. Quem foi aquela mulher afinal? O que aconteceu com ela e por que Lorde Hector se recusava em não assumir a criança? Por acaso teria duvidas de que Oliver fosse seu filho? Não... Qualquer um que olhasse o menino saberia que ele tinha o mesmo sangue de Lorde Hector. Bastava encarar aqueles olhinhos verde-acinzentados e a pequena covinha que ele possuía no meio do queixo.

Mas então, por que Lorde Hector relutava tanto em assumir Olie como seu filho e herdeiro? Aquelas perguntas estavam lhe consumindo dia após dia, como se fosse o ar que alimentava seus pulmões.

-A senhorita sente-se bem? – Perguntou Kate, observando-a mais atenta – Parece pálida e inquieta!

-Oh, não é nada. – Respondeu Lizzie, tentando fazer pouco caso de sua impaciência – Só estou ansiosa para saber se Tobias trará alguma carta para mim quando voltar de Beacofell. Ele ficou de passar na casa de minha madrinha e já faz mais de uma semana desde que eu aguardo uma resposta dela.

-Compreendo. Eu gostaria de poder receber cartas também, mas não há ninguém que me escreva. Antigamente Silverstone era sempre visitada pela diligencia postal, mas depois que Lady Beatrice faleceu só recebemos cartas de negócios.

-Oh, Lady Beatrice costumava receber muita correspondência? – Indagou curiosa e imaginando como poderia tocar no assunto de forma discreta.

-Sim, bastante. Era um de seus passatempos favoritos e tinha uma letra muito bonita.

-Creio que já vi a caligrafia de Lady Beatrice em uma carta velha que encontrei durante a arrumação. Estava endereçada a uma moça chamada Alice Lewis... Você a conhecia, Kate?

-Alice Lewis? – Repetiu a garota com um brilho perplexo em seus olhos castanhos – Creio que já faz alguns anos que não ouço este nome, mas sim, recordo-me dela. A senhorita Lewis era uma prima distante de Lorde Hector e de Lady Beatrice. Ela costumava nos visitar durante o verão e às vezes até acompanhava os primos quando iam à corte. Há quem diga que os Lewis tinham um interesse aguçado de casar sua filha com Lorde Hector, mas acho que isso nunca passou de mexericos inventados por Lady Beatrice.

-Em sério? E por que você acha isso?

-Porque era típico de Lady Beatrice inventar esse tipo de coisa. Ela era uma moça muito energética e gostava de romances, então eu acho que acabou fantasiando com o casamento do irmão com a melhor amiga. Mas apesar dos óbvios incentivos de Lady Beatrice, nem Lorde Hector e nem a senhorita Alice demonstravam interesse real um pelo outro.

-Ah não? – Aquilo deixou Lizzie confusa. Será que Lady Beatrice conseguiu uma forma de fazer seu irmão seduzir a amiga na tentativa de forçar ambos a contrair casamento? Não... Isso seria muito ardiloso de sua parte!

Brumas de SalOnde histórias criam vida. Descubra agora