Capítulo X

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Lorde Hector lhe ajudou a desmontar do cavalo, enquanto a chuva que caia tornava-se cada vez mais forte. Era realmente impressionante a forma brusca como uma tarde agradável se convertia em uma tempestade torrencial em menos de uma hora. Até mesmo a neblina começava a se acumular pela estrada, e foi exatamente por isso que Lorde Hector achou mais prudente procurar um abrigo onde poderiam esperar até que o tempo melhorasse, afinal, não era seguro seguir para Silverstone com a visibilidade tão reduzida.

Puxando-a pela mão, ele avançou por um caminho estreito ao qual Lizzie desconhecia e a fazia tropeçar vez ou outra nas pedras de calcário, se esforçando para acompanhar os passos largos dele. Não compreendia o motivo de tanta pressa uma vez que já estavam ambos molhados até a alma, mas não ousou questioná-lo.

-Meu senhor... – Chamou tentando fazer sua voz ser audível através do barulho que a chuva produzia ao cair – Posso saber para onde o senhor pretende nos levar?

-Há uma cabana por aqui. – Gritou ele por cima do ombro, sem parar de arrastá-la pelo caminho de calcário – Será mais seguro do que aguardarmos na estrada, com esse temporal.

Após aquela explicação, Lizzie se deu por satisfeita e limitou-se apenas a segui-lo, observando como a neblina se fazia cada vez mais densa. A visibilidade estava tão reduzida, que ela só foi perceber a cabana solitária quando finalmente estava dentro de sua varanda. Viu quando Lorde Hector tentou abrir a porta, mas esta parecia trancada e sem pensar duas vezes ele afastou-se um pouco antes de investir contra a madeira com toda a força de seu ombro.

Não foi necessário muito esforço para fazer com que a fechadura cedesse e antes que Lizzie esperasse a porta já estava aberta, convidando-os para entrar.

-Será que não teremos nenhum problema por arrombarmos a entrada? – Indagou Lizzie, um tanto deslocada ao se ver dentro de um cômodo praticamente desprovido de móveis.

Tudo ali parecia abandonado há anos, com as janelas tapadas por tabuas e um estranho cheiro de madeira queimada emanando de todos os cantos. Ao menos estavam abrigados da chuva, mas mesmo assim, Lizzie sentiu seu corpo estremecendo. Não fazia a menor ideia de onde estavam, e isso só serviu para deixá-la ainda mais alerta.

-Não se preocupe. Esta casa está desabitada há um bom tempo. – Respondeu Lorde Hector, colocando sua sacola de viagem em frente a algo que deveria ter sido a lareira – Pertencia aos Thompson, mas parte da estrutura pegou fogo há uns treze anos e desde então ninguém mais vive aqui.

-Oh, sim... Creio que Kate e Susan me contaram algo sobre isso. O senhor acha que estamos seguros aqui?

-Mais seguros do que na estrada, garanto. Não queria assustá-la, mas creio que uma forte tempestade está por vir. Ao menos é isso o que acontece quando o clima muda dessa forma brusca e o vento sopra com mais força. Talvez tenhamos que pernoitar nesse lugar.

Lizzie engoliu em seco ao ouvir aquilo! Passar a noite ali? Sozinha com Lorde Hector? O mesmo homem que há poucos instantes estivera beijando e acariciando de forma tão inapropriada? Oh, céus... Isso não podia estar certo! Definitivamente não podia!

-Mas... Mas todos ficarão preocupados. – Argumentou tentando convencê-lo a voltar para Silverstone – Principalmente o Olie...

-Não se preocupe Elizabeth. Tobias sabe que eu vim atrás de você e tenho certeza de que irão deduzir que formos pegos pela tempestade e que acabamos nos abrigando em algum lugar.

-Bem, nesse caso... – Lizzie tenta parecer despreocupada, mas sabia que não podia enganá-lo – Como o senhor me encontrou?

-Estava no estábulo esperando que Tobias preparasse a carruagem que usaríamos para ir à Beaconfell, quando te vi correndo pelo desfiladeiro. Suspeitei que havia algo de errado, então montei em meu cavalo e fui atrás de você.

Brumas de SalOnde histórias criam vida. Descubra agora