Capítulo XI

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Lizzie nunca tinha se sentido tão protegida quanto se sentia agora, deitada sobre o peito de Hector com a cabeça repousada em seu ombro enquanto ele deslizava uma de suas mãos sobre a curvatura da coluna dela. Não fazia ideia de quantas horas haviam passado ali, deitados completamente nus no chão daquela cabana abandonada, mas o tempo já não significava nada para si. A única coisa que queria, era que aquele momento jamais acabasse.

-Eu poderia ficar aqui para sempre e nunca me cansaria. – Admitiu com um suspiro, aninhando-se mais contra ele.

-Talvez eu realize este seu desejo. – Disse Hector com a voz rouca, rodeando sua cintura com seus fortes braços como se temesse perdê-la.

-Oh, não me tente milorde. Sabe muito bem que devemos voltar à Silverstone mais cedo ou mais tarde. Os Thompson devem estar preocupados com a nossa demora e você sabe como o Oliver fica quando não tem seu pai por perto. O mais correto seria aproveitarmos a trégua que a chuva deu e partirmos o quanto antes.

-Hummm... – Gemeu Hector parecendo não gostar daquela ideia e achando graça, Lizzie ousou encará-lo.

Céus, como era lindo! Seu maxilar angular estava coberto pela barba que começava a nascer e seus cabelos escuros pareciam despenteados, caindo de forma desordenada sobre sua testa. Era o homem mais formoso que já viu, e de certo modo, Lizzie sentia que ele lhe pertencia! Não... Não podia se deixar levar por aqueles sentimentos de posse! Ela era apenas uma governanta, fruto de um adultério e sem honra alguma para oferecê-lo. O máximo que poderia exigir de Lorde Hector era um lugar em sua cama sempre que ele estivesse disponível, e ela deveria se contentar com aquilo.

-Eu daria toda a minha fortuna para saber no que você está pensando. – Declarou Hector com um ar curioso, e sentindo suas bochechas corarem, Lizzie tentou omitir seu rosto no peito dele.

-Oh, em nada de mais... – Respondeu constrangida enquanto sentia a respiração dele tornar-se um pouco mais agitada – Só estava... Só estava pensando em tudo o que aconteceu.

-Não está arrependida, está?

Lizzie notou um terrível receio em sua voz e juntando toda a coragem que possuía, tornou a erguer o rosto para encará-lo. Hector realmente parecia temeroso com a possibilidade dela estar arrependida do que fizeram, e na tentativa de apaziguá-lo, Lizzie acariciou seu rosto, deslizando sua mão por seu queixo e contornando seu lábio inferior com o polegar.

-Arrependida? – Repetiu enquanto fitava-o diretamente nos olhos – Não! Creio que jamais me arrependerei do que fizemos aqui. E você? Está arrependido por ter deflorado uma pobre governanta nascida em meio ao adultério e com uma mente tão afetada que mal consegue distinguir seus delírios da realidade?

-Não deveria falar desse modo sobre si mesma! – Repreendeu Hector parecendo não achar graça de suas ironias – Se eu me arrependesse do que fizemos, certamente não seria por mim, mas sim por você.

-Eu não compreendo o que quer dizer.

-Eu tenho medo de machucá-la, Elizabeth. – Revelou com um tom pesado, quase um lamurio – Já te fiz muito mal e não tinha o direito de tomá-la da forma como tomei, mas quando você está por perto eu não consigo me controlar.

-Pois está errado em se culpar pelo que fizemos! Creio que apenas eu possuo o direito de decidir para quem irei me entregar e se permiti que você me tocasse foi por que também desejava que o fizesse.

-Sim, mas você tem uma imagem distorcida sobre mim. Não sou o homem que pensa que sou... Eu destruí a todos que amei e não suportaria destruir você também.

Aquela resposta revelou mais sobre Hector do que ele poderia esperar. Lizzie sempre suspeitou que seu patrão se culpava pela morte da própria irmã, mas agora tinha certeza de que Lady Beatrice deveria ser uma frequentadora assídua de seus pesadelos. Oh, como detestava aqueles mistérios!

Brumas de SalOnde histórias criam vida. Descubra agora