Capítulo IX

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Lizzie se espreguiçava em sua cama, encandeada pela luz do sol que invadia sua janela. Parecia que o dia já ia longe e aquilo lhe deixou um tanto desorientada. Tentou cobrir o seu rosto com o lençol, soltando um leve muxoxo de desanimo. Sentia-se cansada, como se não tivesse dormido a noite inteira, e tentava recordar a que horas tinha se deitado na noite passada quando as recordações invadiram sua mente.

Com um salto, se pôs sentada na cama, completamente em alerta e acreditando que seu coração pularia pela garganta há qualquer momento. Oh... Não podia ser real, podia?

-Deus... Deve ter sido apenas um sonho... – Sussurrou para si mesma, mas lá no fundo sabia que era tudo verdade – Como irei encará-lo novamente? Deve estar pensando que sou algum tipo de moça vulgar... Oh, estou perdida!

Rapidamente levantou-se e se pôs a dar voltas pelo quarto. Onde estava com a cabeça pra deixar que seu patrão lhe tomasse daquela forma? E até onde teriam chegado se Anne não tivesse aparecido? Oh... Anne!!! Lembrar que a menina havia visto os dois se beijando daquele modo fez com que a cabeça de Lizzie desse mais voltas. E se tivesse sido outra pessoa? O que teria feito?!

-Como fui permitir que as coisas chegassem a esse ponto?!

Deixar que seu patrão lhe acariciasse e beijasse era uma coisa. Gostar das caricias e corresponder os beijos era outra completamente diferente. Que tipo de mulher ela era, afinal? Por que não o repudiou? Por que não defendeu sua honra? Mas o que era a honra comparada as mãos quentes de Lorde Hector e seus lábios cálidos? Estava perdida... Sim! Estava.

Lizzie deixou-se ficar sentada sobre a cama, segurando a cabeça entre as mãos e apoiando os cotovelos sobre os joelhos. Tentava por um pouco de ordem em suas ideias quando um furacão entrou em seu quarto, gritando de forma alucinada e pulando sem parar.

-Senhorita Lizzie, Senhorita Lizzie!!! – Dizia o pequeno Oliver parecendo exuberante com seus olhinhos verde-acinzentados arregalados – Venha ver! Eles estão pulando!

-Bom dia para você também, Olie. – Respondeu achando graça dos modos do garoto e tentando não pensar mais no que ocorrera na noite passada – Posso saber o motivo de tanta empolgação?

-São os garotos da vila! Venha ver, eles vão pular novamente!

Completamente sem fôlego, Oliver correu até a janela e se colocou na ponta dos pés para admirar algo lá fora. Parecia impressionado e Lizzie se colocou ao seu lado, curiosa para saber o que estava acontecendo. O dia estava realmente agradável, com o sol brilhando e poucas nuvens cobrindo o céu, mas não era aquilo que deixava Olie tão empolgado. Bem ali no pico do penhasco, Lizzie distinguiu a silhueta de quatro rapazes. Parecia que vestiam apenas calções de banho e quando um deles saltou em direção ao mar, Lizzie teve que tampar a própria boca com as mãos para não gritar.

-A senhorita viu?! – Exclamou Oliver em êxtase – Viu ele saltando?

-Eu acho que sim... – Sussurrou ainda impressionada com aquela cena bizarra – Mas, por que estão fazendo isso?

-Porque é divertido! Essa é a turma do Jack Robinson. Eles saltam sempre que as águas estão mais calmas e às vezes até dão piruetas no ar!

-Céus, isso é loucura!

-Papai não queria deixar que eu viesse lhe acordar, mas eu tinha que mostrá-la. – Lizzie sentiu como se uma corrente elétrica corresse por seu corpo. Por que Lorde Hector não queria deixar que seu filho lhe acordasse? Será que estava fazendo mau juízo da forma despudorada como ela agiu na noite passada?

Brumas de SalOnde histórias criam vida. Descubra agora