A Festa part. II

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POV Alex

O líquido se espalhou pelo chão e consequentemente no terno e gravata do homem que resmungava quase inaudível. Perdi parte dos meus movimentos e raciocínio assim que meu cérebro percebeu tudo que havia acabado de acontecer.

― Droga! – praguejou.

― Eu... Eu sinto muito... Eu n-não vi enquanto... – gaguejei – Isso não vai manchar Sr. Cavill, por favor... Meu Deus.

― Sem problemas, Alexandra – respirou fundo.

― Quer que eu pegue água? Provavelmente tem algum banheiro por aqui, eu... eu posso ir pegar, você espera aqui? – o nervosismo tomou conta do meu corpo.

― Não é necessário, obrigado – fitou meu rosto uma última vez saindo rápido de perto de onde estávamos, provavelmente para evitar olhares.

O segui desviando dos convidados e atravessando o salão como se estivéssemos saindo do evento. Próximo ao elevador por onde viemos havia uma porta que passou despercebida. O espaço atrás dela era pequeno, provavelmente já havia servido como escritório, pois ainda havia uma mesa esquecida e duas cadeiras ao fundo, de frente para a abertura.

O diretor adentrou rapidamente quase fechando a porta como se não me suportasse ali ou quisesse esconder algo que eu jamais deveria ver.

Sua raiva exalava por todos os lados da sala. Arrisquei me aproximar enquanto observava cada músculo contraído em suas costas no movimento de respiração. Desabotoou os botões do blazer cinza ficando apenas de camiseta e colete, deixando tudo mais visível.

― Eu... Eu só quero que me desculpe...

― Eu já disse que não há problemas, apenas saia e chame a Kristin. – Sua voz ecoou.

― Henry, por favor – pela primeira vez o chamei apenas pelo primeiro nome – me deixa ajudar. Eu não posso sair com toda essa culpa.

Henry se virou para mim mordendo levemente o lábio inferior de tanta aflição e com um olhar tão distante que eu poderia jurar que ele não olhava para nenhuma parte daquela sala.

Me aproximei ainda mais ficando a menos de um passo em sua frente. Meus olhos percorriam por toda a sua face.

Quando finalmente me satisfiz em observar cada detalhe, levantei os braços vagarosamente em direção a sua gravata ensopada de whisky. Ele não me interrompeu.

Deslizei os dedos suavemente desfazendo o nó sem tirar os olhos do seu rosto com o cenho tão franzido como o de quem está sendo torturado.

― Por que está fazendo isso? – segurou firme a minha mão me impedindo de continuar.

― Porque eu sou desastrada e você não merece perder a festa por causa de um pouco de bebida na roupa, isso nem vai manch...

― Não isso! – interveio – Acha que eu nunca percebi? – não me deu tempo para fazer a pergunta mais óbvia daquela noite – Por que tenta me mudar? Por que faz todas essas coisas?

― Eu não... – seus olhos, ainda carregando dor, me encaravam intimamente.

― As pessoas não podem ser como você deseja, Alexandra. Não importa o quanto elas tentem.

― Acha que tudo que eu fiz foi por você? Acha que quem eu sou é por sua causa? – retirei minha mão.

― Eu acho que, por algum motivo, você acredita que pode me mudar – desviou o olhar – que eu posso simplesmente acordar um dia e ser alguém mais agradável. Eu não sou quem você pensa que eu sou e não há nada que você possa fazer.

Sentimentos SigilososWhere stories live. Discover now