Capítulo 2

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Sentindo o vento no meu rosto e a paisagem passando rapidamente eu vou indo ao meu destino. Esse tempo onde estou com meu pai, em um sábado ensolarado, ouvindo um louvor da nossa igreja, eu poderia dizer que é somente mais um dia normal.

Exceto pelo fato de eu estar indo ajudar Satan a entrar em um lugar sagrado, pra recuperar algo que é seu. Se formos analisar nem é de todo o mal, eu estou fazendo algo bom em ajudar alguém recuperar o que lhe pertence, mesmo que ele seja rei do inferno.

E não posso nem imaginar quantos dias, e noites onde eu vou orar para Deus me perdoar por ser tão curiosa, se eu tivesse ido pra casa como todos os dias sem ir ver o que estava acontecendo eu não estaria nessa situação.

Mas o que adianta remoer as águas derramadas e o copo quebrado? Isso vai acabar hoje, eu pago minha dívida e ele me deixa em paz.

Estou tão imersa em meus pensamentos que nem percebo que meu pai estaciona o carro.

-Sky nós chegamos.- ele desliga o carro.- você me liga para vir te buscar?

-Foi rápido, ligo sim, papai. -tiro o cinto de segurança e abro a porta, desço do carro. - Obrigado por me trazer aqui, volte em segurança e com Deus.

Vou andando até a entrada do templo e vejo meu pai dando partida no carro, saindo e buzinando. Respiro e olho para os lados procurando Satan. Dou risada do nome, não podia ser um nome mais comum, tipo Peter?

-O que é tão engraçado?- escuto ele dizer e me viro em sua direção, ele está segurando um capacete e arrumando os cabelos. O que ele tem de encrenca, ele tem de lindeza.

-Estava pensando no seu nome pouco comum, e imaginando como seria se você se chamasse Peter.- dou risada, ele faz uma cara de surpresa e ri.

-Satan é um nome incrível, e eu sou bem conhecido por ele, acho que tá tarde pra trocar. - ele diz e me estende um papel. - espero que você consiga ler-me voz alta esse texto, é latim.

Eu sei um pouco de latim devido hás orações originais que meu pai faz, mas não sou tão boa quanto os sacerdotes.

-Não se preocupe é só ler, e onde eu leio?- pergunto olhando em volta, o templo é bonito uma pena ser tão longe. Devido à religião muitas pessoas tem preconceito.

-L dentro com as portas fechadas, certifique-se que ninguém esteja olhando.

-Certo, algo a mais?- pergunto.

-Se tudo der certo, no final eu tenho uma recompensa. - ele diz com um tom malicioso, reviro os olhos e ando até lá dentro, antes de fechar a porta ele pisca e mostra o dedo do meio dando risada. Balanço a cabeça negativamente e fecho a porta.

Certo, vamos ver se tem alguém aqui. Dou uma volta por todo o espaço, é tudo bem arrumado e bonito. Tem alguns objetos em vidros, acho que são coisas importantes. Tem velas e um altar, acho que é para as pessoas fazerem as preces.

Abro o papel e vejo em uma caligrafia bonita um texto em latim, conto até três e começo a ler.

- Et bonus animus et pura cordis et id lucet, Omne malum non veni huc ora conteram duritiam incantatorum tuorum vehementem - faço uma pausa, olho em volta e vejo que está tudo normal. -aque omnia acta rescindere fidem cum omnibus copiis ad invocat, Licet enim mihi est satanas, venerunt prima luce ad cor tuum. - assim que digo isso, levo um susto em ver as chamas das velas do altar, com chamas altas. Tomo coragem e contínuo recitando. - Omnes inter regem et inter fores domus,damnare. - assim que termino de ler as portas se abrem sozinhas, e as chamas das velas apagam.

Tudo fica silencioso e ele vai entrando devagar e batendo palmas, agora que terminei de ler minha dívida está paga. Tudo voltara ao normal, me sento no banco e respiro fundo. Parece que todas as energias foram sugadas de mim.

As Duas Faces Do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora