Capítulo 9

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Quando acho que estou começando entender eles eu me perco ainda mais em suas palavras confusas.
A história que ele havia me contado rondava minha cabeça assim como aquele beijo tão pecaminoso. Me sentia eufórica, também sentia que atrapalhava o lance dos dois, parecia muito íntimo e também muito antigo.
   Eu encarava meu pai  falando e falando, sem prestar nenhuma atenção no que dizia. Minha cabeça parecia borbulhar com esses pensamentos infinitos.

—Você deveria prestar atenção, sabe, o que diriam se a filha do pastor não prestasse atenção no culto. -virei me para o lado dando de cara com um homem que nunca vi em minhas vida.

Ele era lindo, não maliciosamente mas de verdade, parecia um anjo. Seus cabelos eram escuros, quase preto, cortado baixinho, sua pele cor de ébano era linda, você poderia facilmente se perder nós inúmeros adjetivo para aquele homem.

—Perdão, eu lhe conheço? - questiono, vejo ele se acomodar na cadeira, de olho no altar onde meu pai continua seu sermão.

Aquela altura já não ouvia mais o que ele dizia de vez, não estava lá pensando com clareza a muito tempo, meu foco e tempo parecia ser somente deles, cada vez mais.

—Você não me conhece, mas eu conheço você a muito tempo, e devo dizer que estamos tão triste. - ele ainda está virado para frente, como se estivesse concentrado no que o meu pai dizia.

Quem o olhasse por fora diria que ele estava apenas rezando ou falando com ele mesmo.

Viro me para frente também, se alguém notar meu desinteresse provavelmente serei alvo de críticas, não que eu já não esteja sendo criticada no momento.

—E quem seria nós?- minha voz  falha por um momento, sinto meu estômago revirar.

Todos parecem me conhecer, saber tudo e eu estou o mais perdida possível.

—Vamos lá Sky, você sabe com quem estás andando, as coisas que estás a fazer, nosso criador está profundamente triste.

Viro me com tudo em sua direção, meu interior se contraí e parece que irei vomitar todo meu café da manhã. A negação foi durante muito tempo uma leal amiga, mas no fundo eu sempre soube o que eles eram.

—E-eu não tive esc-colha. - vômito as palavras nervosamente.

  E ele enfim se vira em minha direção, sua cara está estampada em deboche.

—Todos nós temos escolhas e você sabe disso, mas... Não vim falar sobre isso agora, vim dizer para você que apesar dessa decepção, o criador sabe de seu coração, e suas intenções foram internamente puras, no entanto... -ele faz uma pausa e olha para os lados, percebo que o tempo correu de forma apressada, meu pai já tinha finalizado o culto e estava conversando com os irmãos na frente como de costume. — você sabe que uma hora terá de escolher um lado, e se você quiser realmente saber sobre a história na versão verdadeira, pode me chamar.

Ele se levanta.

—E como eu faria isso?

—É só chamar pelo meu nome, Barachiel.

E com isso ele se vai, assim como chegou simplesmente some.

Vejo meu pai e minha mãe vindo em minha direção e tento mudar minha postura, abro um sorriso.

—Vamos querida, os Smith's viram conosco almoçar, assim podemos discutir algumas mudanças na vigília.

—Certo. - Sorrio para Anne, matriarca da família.


O que eu sei afinal das contas? E o que eu sei, até onde é a verdade? 

Posso considerar amor o que sinto pelos dois, que de seus modos são tão diferentes um do outro. Como seria possível em pouco tempo um sentimento tão abrangente, se há de muito tempo uma história que não me foi narrada.

Como entender os dois lados, se ao invés de me narrar seus fatos e observações de uma história vivida tão enfadonhamente,  brigam como crianças em pré colegial.

Me sinto oca de questionamentos, de dúvidas e incerta de quem confiar.

Só não quero me perder, tentando descobrir o que há de errado.

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⏰ Última atualização: Nov 08, 2021 ⏰

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As Duas Faces Do MalOnde histórias criam vida. Descubra agora