A época natalina nunca foi a minha favorita, sempre dou uma desculpa para não aparecer ou ir embora o mais cedo possível. Casa cheia de gente que fala mal um do outro o ano todo, para durante algumas horas fingirem que se amam como se nada tivesse acontecido. Esse ano não foi diferente, visitei a casa de minha mãe, junto de minha irmã mais velha, contra minha vontade, e logo eu já não suportava mais estar dentro daquela casa. Tios que eu mal conheço perguntando sobre minha vida, tias me apertando como se eu fosse uma criança e não um adulto, entre outros fatores como crianças correndo para todos os lados. Gemma tomava sua terceira taça de vinho, alegando que só assim para aguentar tamanha falsidade. A única parte boa era passar um tempo ao lado de minha mãe, que atualmente falo muito pouco e contato apenas por telefone.
-Harry, meu amor! Senti tanto sua falta, você não faz ideia! –Anne tinha os olhos marejados enquanto me esmagava em seu abraço apertado que transpassava todo o sentimento que ela sentia.
-Ah mãe, eu também senti! Aquele apartamento é tão vazio sem suas gritarias e puxões de orelha. Obrigado por sempre me mandar suas deliciosas comidas.
-Ninguém sobrevive de congelados, já te disse isso. –A idade só favoreceu minha mãe, assim como me favoreceu. Novamente deixei meus cabelos crescerem, que agora batiam em meu ombro. Meus traços estavam mais robustos e másculos e a minha camisa florida meio transparente mostrava alguns dos desenhos que estampavam meu dorso.
-Sinto na pele como é isso. Vou pegar algo pra beber, me espera aqui?
Apanhei uma taça de vinho e logo voltei ao seu alcanço. Como conversávamos muito pelo telefone, não havia muitas novidades para contar. Falei de como arranjei um novo emprego, em uma escola por meio período, conciliando com os horários da faculdade, contei também de como meus vizinhos me deixavam louco, ouvindo seus comentários de que eu estava velho até para minha idade. Ela me elogiava, como toda mãe boba e com saudade faria, aquecendo meu coração instantaneamente.
Assim que terminei o colegial, há três anos, sai da cidade para fazer faculdade e todas as minhas opções eram fora do estado, deixando uma Anne para trás com o coração na mão. Estou cursando psicologia. Pois é, uma das minhas opções mais chatas, porém é a única que conseguiu satisfazer meus desejos. Deixei a fotografia, música e literatura de lado para seguir com a psicologia e não me arrependendo nenhum pouco disso. Perdi o contato de muitas pessoas, entre elas Liam, mas Niall, por exemplo, estudava direito na mesma instituição que eu e isso era incrível, pois a nossa amizade tomou um outro patamar e assim conseguimos nos aproximar muito mais.
Três anos repletos de mudança e reviravoltas. Deixei minha cidade natal de coração partido e voltar pra casa não foi uma tarefa fácil.
Depois de trocar algumas palavras com diversos parentes, que eu mal reconhecia, resolvi dar uma volta. Ando pelas ruas do centro, procurando ocupar minha cabeça com outras coisas e vejo diversos casais de mãos dadas, comemorando o natal com amigos e etc. Durante a faculdade conheci algumas pessoas, mas relacionamentos vazios não enchem o coração de ninguém, e logo uma necessidade por um parceiro que esteja ali para compartilhar e somar durante toda a sua vida vai crescendo. Meu coração clamava e sempre vai clamar por apenas uma pessoa, uma pena que essa já não faz mais parte de minha vida.
Cumprimento alguns conhecidos enquanto caminho para uma praça afastada do centro, apenas para relaxar a cabeça de toda a confusão que o feriado trazia consigo. Mas meus planos de relaxar não foram atendidos assim que eu vejo a figura de uma pessoa que eu nunca imaginaria ver novamente.
Louis.
Lá estava ele, sentado em um dos bancos mais afastados de todos da praça, com um cigarro entre os lábios. Eu não conseguia acreditar que era ele mesmo ali, tão próximo e ao mesmo tempo tão distante de mim. Reconheci também que aquela era a mesma praça que eu ele vinhamos quando Louis tinha um de seus ataques graças a fobia, ou quando apenas queríamos esfriar a mente.
Senti minhas pernas fraquejarem por um momento, junto de minha visão que escureceu por míseros segundos, no instante em que lembranças de tudo o que aconteceu entre nós me atingiram com força.
Lembranças de como eu era imaturo a ponto de odiá-lo por simples e pura inveja de seu sucesso. Sim, era inveja de como ele era querido e conhecido por todos e como suas notas eram incrivelmente altas e perfeitas, tudo resultado de seu esforço. Eu era apenas um aluno qualquer, comum e que misturado entre outros não chamava a atenção de ninguém, sempre na média e me virando da maneira que eu conseguia. Quando tive conhecimento de sua fobia eu aparentemente acordei para a realidade e percebi que as coisas eram bem diferentes de como eu pensava. Talvez na época a inveja e o ódio que eu sentia eram só um outro sentimento mais forte disfarçado.
Aconteceu tudo muito rápido e muito de repente. Logo me vi apaixonado por alguém que eu menos esperava e cada momento que passava ao seu lado era o paraíso.
Louis era o paraíso em pessoa.
Seu riso era a mais bela melodia eu já tinha ouvido, junto de sua voz rouca pela manhã. O azul do mais belo céu não era nada comparado aos azuis dos olhos de Louis. Seus cabelos macios como algodão deixavam qualquer nuvem no chinelo. Seu toque era mais hipnotizante que qualquer outra coisa, sempre lhe prendendo ali, com ele. Sua personalidade era encantadora e totalmente singular. Seu sorriso iluminava o mundo inteiro, sem que ele percebesse. Nunca conheci ninguém igual a ele. Louis era e ainda é único.
Ele estava tão mais bonito. Maxilar mais definido, seus olhos estavam mais intensos, seu corpo mais desenvolvido, maduro e repleto de tatuagens, que só o deixava mais perfeito.
Louis, antes, buscava a perfeição em tudo o que fazia e em todos os lugares e mal sabia ele que só ao olhar no espelho já havia a encontrado.
Eu o deixei escapar de minhas mãos e nunca me perdoei por isso. Como um adolescente tolo que era, só depois de vê-lo partir que tomei consciência do quão estupido eu consegui ser. Eu o ajudei, da maneira que consegui, mas quando o momento mais importante de nossas relações aconteceu, na noite em que nos encontramos naquela lanchonete, eu falhei. Devia ter falado que o amava, de um jeito complicado, mas ainda assim o amava, mas simplesmente não consegui.
O maior fracasso da minha vida foi não ter conseguido dizer que o amava, do jeito que ele era, e que estava disposto a deixar tudo o que acreditava de lado apenas para tê-lo por perto. Louis era minha bússola, me orientando mesmo que indiretamente. Minha tão amada e almejada liberdade estava em suas mãos e nenhum de nós dois sabíamos disso naquele momento.
Quem me dera ter naquela época a cabeça e a maturidade que eu tenho agora.
Existe um pedaço em minha vida que só Louis Tomlinson consegue preencher.
Quando ele partiu, meu coração fez a mesma coisa.
Com lágrimas escorrendo por meu rosto, que eu nem ao menos tinha percebido, fui me aproximando e encarei a figura do belo rapaz, que distraidamente fumava seu cigarro, inalando aquele veneno para seus pulmões, enquanto mexia em seu celular. Minha cabeça rodava pensando se eu deveria ou não chamar seu nome.
Seria mais uma falha em ambas as nossas vidas se eu me virasse e saísse andando. Então como um adulto maduro, mas ainda sim meio impulsivo, cometi talvez- talvez- outro erro.
-Louis?
eae galera
como q vai acaba essa poha em
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cacorrafiofobia ϟ l.s
Fiksi Penggemar"- Por que esse tal de Louis quer ser melhor que todo mundo? Sempre anda de nariz em pé, tira boas notas em tudo, é sempre puxa saco dos professores... Por que ele faz isso? - Você não sabe? [...] - Sabe o que? - Ele tem Cacorrafiofobia. [...] ...