Maia

Até você chegar

Leia ouvindo: Bag It Up - Oasis :) 

 Gold and silver and sunshine is rising up
Pour yourself another cup of Lady Grey
Take my hand in the meantime, when you've had enough
You'll find me on the end of a runway, babe  

– Duan, talvez seja hora de conversar sobre algumas coisas. – A menina se levanta, apoiando-se na cabeceira da cama, levemente zonza. – Eu ando enjoada sem motivo, meus seios doem.

Duan estreita os olhos, confuso. Snowglobe, uma criatura sobrenatural, não seria passível daquele tipo de reprodução, até onde sabia. 

– Snow... – Aproxima-se da esposa, colocando as mãos em seus ombros. Aquele momento teria de chegar algum dia.

– Você está hesitando. – Snowglobe estreita os olhos acinzentados, pontuando o comportamento do marido. – Duan, se você sabe de algo, por favor, diga. – Suplica, acarinhando o rosto do menino. As mãos geladas percorrem a extensão de seu rosto, pousando-as em seus ombros largos, massageando-os em seguida.

– Eu acho que você está grávida. – Duan profere as palavras quase em um sussurro, apreensivo. – Eu vou buscar um teste de gravidez. Se der positivo, nós vemos o que vamos fazer. – O menino coça a cabeça, sem saber o que dizer.

– É impossível. – Snowglobe o interrompeu, sentindo seu corpo gelar. – Sereias não podem se reproduzir desta forma. – Respira fundo, abraçando Duan, temerosa. 

– Você não é somente uma sereia. A transformação de humana foi concebida a você, isso te permite levar uma vida dupla. Acho que os efeitos são consequências disso. – O menino colocou uma madeixa de cabelo atrás da orelha de Snow.

– Duan, mas eu só tenho vinte e três anos! Eu sou muito nova pra pensar em filho! – Snowglobe entra em pânico, sentindo os olhos marejados. – Eu acabei de assumir o cargo de rainha, já tenho problemas reais pra resolver e agora vou ter que pensar em filho?! Duan, eu... – Dispara, dizendo as palavras rapidamente, dificultando sua compreensão.

– Ei, ei, – Duan segurou o rosto de Snow, enxugando suas lágrimas. – ei! – Ergue a voz, captando a atenção da esposa. – Vai ser a maior alegria que você vai me dar. – Sorri. Logo os lábios de Snow curvam-se em um sorriso tranquilo. Duan lhe beija o topo da cabeça, buscando tranquiliza-la. – Eu vou buscar o teste. Talvez você esteja sofrendo por antecipação. – O menino segura as mãos da menina, acariciando-as. A menina assente, respirando fundo e fechando os olhos.

Snowglobe anda de um lado para o outro da casa, incapacitada de afastar os pensamentos. "Eu sou muito nova. Mas também sou muito nova para ser rainha e não vi muito problema." Chacoalha a cabeça, afastando os pensamentos:

– Como será que você vai ser? – Indaga-se, observando as mãos azularem com o poder que emanavam. – Será que você será como eu? – Indaga-se novamente, elevando uma névoa de neve que logo se dissolveu em vários flocos de neve. – Talvez você dê mais sorte e nasça como humano. – Enterra a cabeça nos joelhos, chorosa. Os problemas aparentavam não cessar.

Ao ouvir a porta bater, Snowglobe corre para a sala, indo ao encontro de Duan:

– Você o tem? – Uma Snowglobe afobada e pálida surpreende Duan, que movimenta a cabeça positivamente. – Deixe-me ver. – A menina praticamente arranca a sacola das mãos do menino, que cruza os braços.

Snowglobe lê as instruções, e logo vai para o banheiro para fazer o teste. A mulher esperava o resultado ansiosamente. Ao ver os dois traços no teste, é incapaz de esboçar reação alguma. Suas emoções estavam muito misturadas: felicidade e medo; receio e gratidão. Snow levanta-se do vaso sanitário e caminha até a sala. Observa Duan, sentado no sofá. Tinha os cotovelos apoiados em seus joelhos e os dedos entrelaçados, como se estivesse rezando ou esperando ansiosamente pelo resultado do teste. A menina caminha e sua neutralidade assusta Duan: