Dificuldades

18 3 1
                                    

Dica: Leia ouvindo: Let Me Go – Avril Lavigne

Love that once hung on the wall

Used to mean something, but now it means nothing

The echoes are gone in the hall

But I still remember, the pain of December

Oh, there isn't one thing left you could say

I'm sorry it's too late


– O que vocês acham de estudar lá em casa hoje? A prova de Biologia é daqui a dois dias mesmo. – Sugere Maia, ao encontrar Ethan e Sarah na sala de aula. – Você não tem Biologia com a gente, Sarah. – Maia provoca a amiga, que lhe mostra a língua.

– Eu acho ótimo. – Ethan sorri, vitorioso. – Vou levar meus livros. – Maia assente.

– Eu também. A gente almoça e vai direto para a sua casa? – Pergunta Sarah, empoleirando-se na carteira em que estava sentada. Maia apenas assente.

– Apareçam lá por volta das três. – Diz Maia, fechando seu armário e ajeitando a bolsa em seu ombro. Os amigos assentem.

Sarah deixa a sala de aula e logo Maia e Ethan estão em seus lugares rotineiros da aula de Biologia:

– Gostei do colar. – Pontua Ethan, deslizando os dedos pelo colar delicado de Maia. O simples toque do menino em seu pescoço faz um calafrio percorrer a espinha de Maia. 

– Obrigada. – Maia sorri. – Meu pai disse que é de verbena, que é uma erva da sabedoria. O colar era da minha mãe.

Ethan sorri, segurando o riso. Maia não sabia de nada por trás da história da verbena e sua verdadeira função:

– Eu não sei para que serve a verbena. – Mente Ethan, arrumando a touca que usava.

Maia passa seus olhos pela sala e logo estes atentam-se ao mural, que tinha afixado um cartaz referindo-se a um baile de máscaras. Ethan observa a menina atenta ao pôster e arqueia uma sobrancelha, estipulando:

– Você vai ao baile? – Pergunta, curioso. Talvez fosse uma grande oportunidade para dar continuidade ao plano.

– Não sei. Você vai? – Pergunta Maia, esperançosa.

– Não sei. – Maia murcha ao ouvir o menino dar de ombros. Seria muita soberba de sua parte imaginar que Ethan a convidaria. – Você vai querer carona para casa hoje? – Pergunta.

– Ah... Tudo bem. – Maia sorri, sentindo as orelhas queimarem e as bochechas enrubescerem ao lembrar-se do ocorrido da última carona. O menino lhe sorri, percebendo a timidez da menina.

Mais uma vez, Ethan dá carona à Maia e nada semelhante à última carona ocorre:

– Obrigada pela carona, Ethan. – Maia sorri, abrindo a porta do carro. – Até daqui a pouco. – Mais uma vez, Ethan espera a menina adentrar sua casa para ir embora com o carro. O pequeno detalhe faz Maia esboçar um leve sorriso.

– Ethan, não? – Mariana comenta ao ver a menina cruzar a cozinha. – Que bonitinho, ele espera você entrar para ir embora. – Sorri.

– É. Mãe, o Ethan e a Sarah vêm às três para estudarmos Biologia. Tudo bem? – Avisa Maia, deixando a bolsa em cima de sua mesa.

– Claro. Eu e seu pai precisamos ir até o centro resolver algumas coisas. Juízo, vocês três! – Brinca, fazendo Maia sorrir. – Até mais tarde. – Mariana sela a testa de Maia e chama Duan em seguida, que faz um rápido carinho nos cabelos da filha.

Enquanto sozinha, Maia decide subir ao sótão novamente, determinada a enfrentar seus medos. Receosa, apanha um grimório empoeirado, que contém um pentagrama em sua capa. O assopra levemente, abrindo-o em seguida e tenta praticar um simples feitiço, sem sucesso. Porém, acha algumas informações a respeito de suas visões e de como controla-las com seu pensamento:

– Será que... Eu sou médium? – Questiona-se, fechando o grimório. – Esses calafrios que eu sinto quando toco o Ethan... – Murmura para si mesma, confusa. 

O toque do celular lhe tira de seu transe. Era Ethan, que estava à sua porta. A menina desce às pressas, passando um lápis de olho em sua linha lacrimal rapidamente:

– Ethan! – Diz a menina, ofegante, ao abrir a porta. – Chegou cedo. – Maia coloca uma mecha que insistia em cair em seu rosto atrás de sua orelha. O menino ri.

– Eu queria te entregar algo. – Sorri. – Não vai me convidar para entrar? – Pergunta, encostando-se no batente da porta.

"Não convide!", uma voz ecoa na cabeça de Maia, que leva suas mãos à cabeça, agoniada. Lembrando-se do que lera no grimório, afasta a insistente voz com seu pensamento:

– Pode entrar. – Sorri, lhe dando passagem. Ethan adentra à casa, sentindo-se vitorioso. – O que você queria me entregar? – Pergunta Maia.

Da mala escolar, Ethan saca um quadrinho com uma rosa vermelha em seu interior. Maia pega o objeto em mãos cuidadosamente, sentindo o coração bombear forte:

– É só um presentinho besta, mas é meio que uma forma de agradecimento por você ter me ensinado Biologia durante todo esse tempo. – Ele ri.

– Não. – Maia o interrompe. – Eu adorei. – Ela sorri e Ethan a acompanha. Sem pensar, a menina abraça o corpo do menino, que instantaneamente tensiona. Então ele afaga os cabelos de Maia, aspirando a suave essência de morango desses.

Mais uma vez, ambos estão a milímetros de distância, sentindo as respirações uns dos outros. O barulho da campainha tira ambos do transe:

– Sarah! – Maia recepciona a amiga. As bochechas coradas levam Sarah a soltar uma risada anasalada ao ver que Ethan chegara antes dela.

Os três logo sentam-se para estudar e Maia inicia seu monólogo, explicando a matéria para os amigos. Sarah observa Ethan, que olha para Maia com visível admiração. No entanto, Maia somente prossegue sua explicação a respeito das briófitas e pteridófitas. A tarde fora longa e produtiva:

– Eu não aceito menos de nota dez. – Maia brinca, acompanhando os amigos até a porta. – Vejo vocês amanhã. – Sorri. Sarah lhe dá um abraço e Ethan lhe dá um beijo em sua bochecha, fazendo um calafrio percorrer sua espinha e seu coração bombear fortemente.

Ao fechar a porta, Maia somente toca a bochecha beijada pelo menino, incapaz de conter o sorriso em seus lábios. Lembrando-se de que ainda tinha um tempo até os pais chegarem, sobe para o sótão novamente. Explorando, descobre uma caixa que tinha um papel sulfite escrito "Duan". Curiosa, Maia destampa a caixa, deparando-se com colares de surf, porta-retratos e algumas relíquias. Uma das fotografias lhe chama a atenção, que retratava Duan aparentando dezessete anos e uma figura de longos cabelos azuis e olhos acinzentados, como os dela. Atenta, nota a curvatura dos cabelos da mulher e o sorriso semelhante ao seu.

FLASHBACK: ON

– Quantas namoradas você teve, papai? – Pergunta Maia, desviando o assunto.

– Poucas. Eu causava muito na sua idade. Eu tive uma especial, mas... – Começa, mas logo corta o assunto, lembrando-se do trato. – Eu conheci sua mãe. – Sorri, e Mariana arqueia uma sobrancelha.

FLASHBACK: OFF

– Talvez tenha sido ela que tenha sido a namorada especial. – Diz Maia para si mesma, fitando a figura de longos cabelos azuis. Mal sabia ela que a moça era Snowglobe White, sua verdadeira mãe biológica.

MaiaOnde histórias criam vida. Descubra agora