(N/A: Leia ouvindo: 21 guns – Green Day) :) - Feliz ano novo, rapeize! Um dia atrasado, mas estamos aí. :)
And you feel yourself suffocating?
Does the pain weight out the pride?
And you look for a place to hide?
Did someone break your heart inside?
You're in ruins.
Duan Jones' P.O.V
Assim que chegamos em casa, começo a pensar em formas de substituir a figura de Snowglobe na vida de Maia. Eu e minha esposa não queríamos que nossa filha crescesse sem a figura materna. O baque de identidade, caso haja futuramente, será muita coisa para ela. Buscando afastar meus pensamentos, me sento em meu computador, fuxicando minhas redes sociais. Logo me deparo com Mariana Collins em meu feed, minha amiga de faculdade:
– Snow, lembra da Mariana? – Pergunto a ela, que está lendo um livro, sentada ao meu lado.
– A que foi ao barzinho com a gente algumas vezes? – Indaga, sem tirar os olhos de seu livro. – A ruiva, né?
– Isso. Ela é a minha amiga mais próxima. Acho que vou chama-la para ser a mãe postiça da Maia. – Comento. Ao voltar meus olhos para Snowglobe, noto que seus olhos estão marejados.
– Tudo bem. – Diz ela, fungando. Claramente está negligenciando suas lágrimas. – Ela é confiável para saber da real história?
– É. Ela sempre gostou de estudar essas coisas sobrenaturais. – Digo, tranquilizando Snow.
– Tudo bem. – Snow dá de ombros. Eu sabia o quanto ela queria ser mãe, e quando ela consegue, sua filha é tirada de seus braços.
– Eu vou descansar um pouco. Minhas costas estão me matando. – Ela se levanta, prendendo os longos cabelos azuis em um coque bagunçado.
Após um longo telefonema explicativo à Mariana, flagro Snowglobe tentando pular a janela:
– O que você pensa que está fazendo?! – Indago, sentindo o sangue ferver em minhas veias.
– Eu não aguento mais. Vou voltar para o Mar. – Snow tem os olhos vermelhos. Logo uma lágrima traiçoeira rola pelo seu rosto alvo. – Eu não consigo ver uma colega de faculdade como a mãe da minha filha! – Diz, com a voz já embargada pelo choro, misturada aos soluços.
– E você pensou que ia embora sem se despedir de mim? – Digo, segurando suas bochechas e acarinhando-as delicadamente. Analiso suas sobrancelhas, seus olhos, seus lábios delicados. O semblante de Snowglobe visivelmente é de pavor e, sobretudo, tristeza. – Você sabe que toda noite eu irei até a orla só para te ver. – Logo seus lábios curvam-se em um sorriso. Você sabe que a Mariana nunca irá te substituir. Tanto para Maia quanto para mim. – Roço meu nariz no de Snowglobe, lhe tranquilizando. – Eu amo você. E só você. – Ela sorri, selando meus lábios. O contato de seus lábios gélidos faz meu corpo estremecer, como se eu ainda tivesse dezessete anos.
Logo escuto a porta da sala se abrir. Deve ser Mariana. Snowglobe, compreendendo o recado, desaparece. Ao retornar para o Mar, Snow se depara com uma recepção calorosa da família:
– Temos uma surpresa pra você! – Diz Oceana, empolgada.
Logo, todos da família conduzem uma Snowglobe confusa para as dependências do palácio:
– Feche seus olhos! – Ordena Snowflake. Sem pestanejar, a irmã obedece, tapando os olhos acinzentados com as próprias mãos.
– Pode abrir. – Diz a mãe, serena.
Ao abrir os olhos, Snowglobe depara-se com um quarto de criança. Várias conchinhas, móbiles, fotografias em porta-retratos. E, ao fundo, uma cama. Na cabeceira estava escrito "Filha das águas":
– Aonde está ela? – Pergunta o pai, confuso. – Eu... estava ansioso para conhece-la. E eu lhe perdoo. Afinal, você é a rainha, minha filha e...
– Eu não consigo! – Esbraveja Snowglobe, as lágrimas escorrem rapidamente pelo seu rosto alvo. Todos olham-na, confusos. – Ela não vai ficar comigo! Ela foi tirada dos meus braços! – Leva as mãos à cabeça, puxando a raiz dos cabelos. Chora agonizando, exteriorizando as emoções e o sentimento de injustiça.
Logo, o quarto está em um silêncio profundo. A mãe se aproxima:
– O que houve? Por que não pode trazê-la? – Pergunta, secando as lágrimas da filha.
– Eu quero que ela tenha uma vida normal. Ela é humana! – Omite a informação de que seus poderes haviam sido retirados, tentando consolar a si mesma.
Todos deixam o quarto, deixando Snowglobe a sós com a mãe:
– E qual o nome que você e o Duan deram a ela? – Pergunta a mãe.
– Maia. E significa exatamente o que está escrito na cabeceira da cama. – Snow chora novamente, enquanto a mãe afaga seus cabelos. "O que foi que eu fiz?" Indaga-se mentalmente, deixando as lágrimas rolarem numa tentativa de o sentimento de culpa e arrependimento escorrerem junto. – Isso é karma, né? – Pergunta Snow, ainda com a cabeça apoiada no ombro da mãe. – Pelas maldades que eu cometi.
A mãe não diz nada, somente abraça a filha fortemente.
Enquanto isso, Mariana e Duan montam o quarto da pequena Maia no mundo terreno:
– Achei inusitado você ter me chamado. E a história também. – Diz Mariana, com um pincel em mãos, enquanto desenha corações na parede branca do quarto.
– A Snow está inconsolável. Talvez tenha se arrependido. – Diz Duan, arrastando o berço branco para o canto do quarto.
– Eu imagino o quão difícil deve ser não poder criar a própria filha e vê-la ter outra figura materna bem diante dos seus olhos. – Mariana suspira, descendo da escada. – Gostei. Achei fofo. – Diz, apontando para a pintura na parede, resumida a corações cor-de-rosa e vermelhos.
– Eu também. – Duan sorri. – Mas se a Snow visse isso...
– O que você quer dizer com isso? – Mariana arqueia uma sobrancelha, sentindo-se contrariada.
– Ela faria algo mais... marítimo. – Duan ri, lembrando-se do significado do nome dado à filha. – O nome Maia significa "água". – Diz, reflexivo. – E faz mais sentido do que parece.
– É bom você pensar em uma boa desculpa para dar a ela. – Diz Mariana, apontando para a pequena criança, que mexia nos baldes de tinta. – Ela será uma criança curiosa.
– Eu nem pensei nisso... – Diz Duan, apanhando a criança em seu colo, que lhe sorri.
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Maia
FantasyCom personalidade forte como a mãe, Maia é fruto de um milagre: de um relacionamento entre um humano e uma sereia. Filha da rainha do oceano Atlântico, Snowglobe White, Maia vive uma vida postiça que lhe impede de enxergar seu verdadeiro legado. Ent...