Decifra-me

20 3 6
                                    

Esquecendo-se do imprevisto da noite de sexta, Maia segue sua rotina normalmente. Fuxica seu armário escolar e logo se depara com uma foto do início do semestre que retrata a si mesma, Ethan e Sarah. Sorri, esquecendo-se das inquietações que a perseguiam por um instante:

– Bom dia, Maia! – Diz Sarah, animada. – Ei, o que houve? – Pergunta, vendo a amiga levemente abatida.

– Sarah... Eu vi. – A voz de Maia falha. – Eu vi uma namorada do meu pai no baile ontem. Quando eu fucei o sótão sozinha, achei uma foto dos dois e tenho certeza de que é ela: tinha longos cabelos azuis e os olhos acinzentados. – Descreve.

– E qual o problema? Você está inquieta desde que conversou com essa moça. – Sarah cruza os braços, desconfiada.

– Ela é igual a mim. Tipo, os olhos, o cabelo é parecido e ouso dizer que o rosto, também. E... eu tive uma sensação estranha, como se me dissesse que eu estava no caminho certo. – Desabafa, sentindo os olhos marejarem. – Fui perguntar ao meu pai e ele só me enrolou, como sempre! – A voz de Maia é embargada pelo choro, as lágrimas correm descontroladamente por seu rosto.

– Shh, shh... – Sarah consola a amiga. – Depois da aula, vamos até a praia. Eu vou comprar umas coisinhas para nós. Umas bebidinhas. – Sussurra, fazendo Maia rir. – Eu chamo o Ethan, também. – Pisca, fazendo Maia sorrir e aquiescer.

Ethan assiste a cena de longe:

– Eu não sou capaz de seguir com esse plano... – Murmura para si mesmo, angustiado.

Logo vê Sarah caminhar até ele:

– A Maia está meio para baixo hoje... – Começa. – Nós vamos até a praia beber, por que não vem com a gente? – Convida e Ethan logo sorri.

– Eu pego a prancha em casa e nós vamos, quer uma? – Pergunta, carinhoso.

– Eu adoraria. – Sarah lhe sorri.

Os três combinam de encontrar-se na praia por volta do fim da tarde. Maia chega antes de ambos, seguida de Sarah, que tira uma mochila das costas:

– Tequila, Vodka e cerveja. – Diz, checando a bolsa. – Quase que a bolsinha térmica não coube na bolsa, mas isso tudo é melhor sempre gelado. – Maia ri com a fala da amiga. – Ótimo. Você está sorrindo. – Diz, carinhosa.

Logo Ethan chega de calção e uma camiseta à vontade:

– Bom, para uma carinha chateada, nada melhor do que sol e mar. – Diz Ethan, apoiando as pranchas na areia. – Espero que uma de vocês não saiba surfar, porque eu só tenho duas pranchas. – Ri.

– Eu não sei. – Diz Maia, sorrindo.

– Então você vem comigo. – Diz Ethan. – Mas, antes... – Ele apanha a garrafa de Vodka, virando um pouco do líquido, que desce queimando sua garganta.

– Você quer desabafar, Maia? – Pergunta Sarah, vendo Maia pegar a garrafa de Vodka. A menina apenas suspira.

– A gente veio para esquecer isso. Venha. – Diz Ethan, estendendo sua mão. Maia apenas sorri, aceitando-a e levantando-se.

O menino tira sua camiseta, revelando seu corpo perfeito. Sorrindo, bagunça os cabelos. Maia faz o mesmo, revelando o biquíni preto. Por um instante, Ethan se perde nas curvas delicadas do corpo da menina, sentindo as bochechas enrubescerem. Sarah apenas gargalha:

– Vão! Estou logo atrás de vocês! – Diz a menina, chorando de rir.

Ethan apanha a prancha e a posiciona no mar. Maia se senta à sua frente enquanto o menino rema com as mãos. A menina olha para seus olhos, concentrados no horizonte, e nota como estes ficam mais claros graças ao reflexo do sol. Sorri, apaixonada:

– Levanta! – Diz o menino. – Se segura! – Maia segura a mão do menino, adquirindo o equilíbrio.

A brisa da maresia a faz se sentir melhor inexplicavelmente. As ondas do mar agem como se conversassem com ela. Os cabelos dourados dançam com o vento e a risada gostosa de Maia faz o coração de Ethan bater rapidamente:

– Como eu nunca fiz isso morando em uma cidade de praia?! – Pergunta Maia.

– Eu também te pergunto o mesmo! – Brinca Ethan.

Desistindo da prancha, Maia se atira ao mar. Ethan desvia da onda para sentar-se na prancha e observá-la se divertindo. Ao emergir, seus cabelos dançam no ar. Seus olhares se encontram e rapidamente se desencontram, timidamente:

– Whoah! – Grita Sarah, pegando uma onda incrível.

Daora. – Grita Ethan.

Após um tempo agradável no mar, os meninos retornam à areia, observando o sol se pôr:

– Obrigada. – Diz Maia, simples. – Isso é ótimo. – Ela sorri. – Isso é simplesmente... mágico. – Aponta para o céu colorido, cujo pôr-do-sol oscila entre vermelho e cor-de-rosa. – Olha esse céu. – Diz ela, encantada.

Os amigos lhe entreolham, sorrindo. É gratificante ver Maia sorrindo. Após deixa-la em casa, Maia somente passa reto pelo pai. A noite logo cai e ela checa novamente as fotos tiradas na praia, colando-as em seu mural:

– Eu queria que você soubesse o quanto eu... – Diz, acarinhando o rosto de Ethan em uma fotografia.

– Eu o quê? – Diz o menino, pegando a menina desprevenida. Estava sentado em sua janela.

– Ethan! – Ela grita, corando violentamente. Ignorando seu comentário, corre até o menino, abraçando-o fortemente.

– Ei... – Ele ri, afagando seus cabelos. – Não grite. Seus pais estão dormindo e me matariam se me vissem aqui. – Diz ele, colocando seu dedo indicador em seus lábios. Maia assente. – Eu vim ver se você está melhor. – Diz, acarinhando o rosto de Maia.

– É que... Acontece tanta coisa. – Diz Maia, sentando-se em sua cama. Ethan se senta ao seu lado.

Então ela se abre com Ethan, contando do seu passado e todas as suas dúvidas. Então o menino teve certeza: era ela a quem ele estava procurando. No entanto, ele apenas se levanta e a abraça:

– A Sarah... Eu também... Nós vamos te ajudar. – Diz o menino, prometendo.

– Obrigada. – Diz a menina, beijando carinhosamente a bochecha de Ethan.

– Eu não aguento mais. – Diz ele, puxando o rosto da menina para o seu. – Posso? – Diz, a milímetros de distância. A menina assente.

Ao sentir os lábios do menino tocarem os de Maia, a menina estremece. Logo ambos estão envolvidos em um beijo desesperado, impaciente e, sobretudo, desejado por ambos há muito tempo. Ethan puxa os cabelos da nuca de Maia e aperta sua cintura, enquanto ela acarinha seus cabelos. Ao terminar o beijo, Ethan roça seu nariz no da menina, que sorri:

– Você tem noção... Do quão paciente eu fui? – Murmura, com a voz rouca. – Eu quis isso por tanto tempo, Maia. Eu quis você por tanto tempo... – Ele suspira, colando sua testa na da menina e acariciando seu rosto. – Hoje na praia, principalmente. – Diz ele, fazendo Maia corar. – Não faça essa cara pra mim. – Pede. – Eu já vou indo. – Ele se desvencilha dos braços da menina, atento ao horário.

– Ethan. – Diz ela, agarrando sua jaqueta e lhe dando um beijo rápido. – Boa noite.

– Boa noite, pequena. – Ele sela sua testa, desaparecendo pela sua janela.

– Me atende, me atende, me atende! – Maia torce, com o telefone em seu ouvido. – Sarah!

Então Maia conta os detalhes da noite, levando Sarah e a menina a trabalharem em um plano.


MaiaOnde histórias criam vida. Descubra agora