twenty two

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Para a nossa surpresa, Daniel não estava morto.

Quer dizer, ele estava.

Mas não do jeito humano.

Era possível ver pelo lugar que a bala entrou em Daniel que não havia sangue nele.

Daniel era um robô.

E agora, tudo parecia mais claro pra mim. A necessidade de fazer "humanos" que o obedecesse. Ele era um deles.

Eu fiquei chocada ao ver Daniel
morto - ou desligado, como preferir - e Sol também ficou mas Castiel não prestava atenção na cena toda por mais que ela estivesse acontecendo na sua frente. Ele continuava encarando o chão e podia se ver algumas lágrimas escorrendo pela bochecha. Pelo menos ele ainda estava vivo.

Nathaniel apontou a arma pros seguranças.

- São os próximos?

Eles se entreolharam. Largaram Sol e Castiel na hora e desapareceram cômodo a fora, mais depressa que trem bala.

Castiel desabou no segundo que o segurança o soltou. Sol correu para ajuda-lo e o apoiou sentado na parede. Pela primeira vez eu senti que era melhor ficar distante dele, por mais que eu quisesse correr para abraça-lo.

Nathaniel veio soltar minhas mãos e pernas, sorrindo, orgulhoso de si mesmo.

- O que é isso? - Eu tinha muitas perguntas e decidi começar pela arma que ele segurava. Ele me soltou e onde antes estavam as cordas havia um pouco de sangue seco, provavelmente causado por eu tentar me soltar mas com toda a tensão, acabei nem percebendo o machucado.

- Vou responder todas suas perguntas, prometo. - O loiro se virou para Castiel e parecia preocupado. Era estranho ver esse sentimento entre os dois mas aquela altura do campeonato, eu não liguei muito. - Vamos tirar ele daqui.

- E...ele? Não vai deixar ele aí, vai? - Eu fiz gestos indicando pra Daniel, sem querer olhar de fato para seu corpo.

- Vão na frente, eu vou lidar com isso. - Ele disse e eu dei o endereço da minha casa para Nathaniel nos encontrar depois, duvidando um pouco que ele conseguiria se localizar. Mesmo assim, ele pediu para confiar nele e eu assenti.

Ajudei Sol a levar Castiel para fora do prédio e nos sentamos na calçada, vendo se algum táxi ou uber viria até nós.

Castiel continuou com a cabeça abaixada durante todo o tempo. Seus cabelos ruivos nos impediam de ver seu rosto mas eu sabia que não estava em uma boa expressão. Desde tudo que eu falei lá dentro, ele não me olhou mais nos olhos, simplesmente fingiu que eu não existia.

- Margot, você está sangrando. - Sol disse apontando para meus braços. Castiel fez um leve movimento para encarar pelo rabo do olho para onde Sol havia apontado, sem olhar para mim exatamente.

- É só sangue seco, não está doendo. - Era mentira, mas eu não me importava. - Enquanto tempo o carro chega?

Sol olhou para o celular e pela luz do mesmo, percebi que seus olhos estavam acabados.

- Em cinco minutos.

- Cassy. - Eu sussurei. - Acha que pode andar sozinho? Só para o cara não achar estranho nós dois arrastando um cadáver por aí.

now you see me (Castiel)Onde histórias criam vida. Descubra agora