twenty nine

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Castiel dormia tranquilamente no seu quarto. Eu, sem conseguir pregar o olho de tanto nervoso, apenas observava o teto da sala que era onde eu me encontrava.

Assim, deitada nesse sofá velho no escuro, eu conseguia imaginar uma vida com um Castiel totalmente humano, livre de Daniel, livre dessa programação ridícula e sem uma vida falsa criada para ele. Eu conseguia imaginar Castiel pequeno, apenas uma criança indefesa brincando seus carrinhos, também consigo vê-lo adolescente, com espinhas na cara e uma roupa gótica e depois, um homem formado, de terno e mala de negócios.

Eu precisava parar de apenas imaginar as coisas, a realidade estava bem diante de mim.

Juro que tentei me olhar no espelho e dizer "Margot Russe, você cometeu o erro de se apaixonar por uma mentira e agora precisa saber que a mentira pode chegar ao fim!", mas era em vão. Eu não conseguia tirar da cabeça que havia uma chance de dar certo, nós poderíamos ser incrivelmente perfeitos juntos.

Eu revirei os olhos para mim mesma.

"Você é muito burra mesmo" Pensei.

Perdidas em pensamentos, não havia percebido a presença de Castiel que estava na porta do quarto e esfregava os olhos.

- Ainda acordada? - Ele falou, que fez com que eu pulasse do sofá de susto.

- Não vi você aí. - Falei tensa. Ainda não havia superado o que tinha acontecido, e como eu poderia?

Acho que ele percebeu que eu estava insegura e fez questão de sentar na poltrona mais longe de mim.

-  O que passa na sua cabeça? - Castiel perguntou e havia certa raiva em sua voz.

- Você.

- Eu?

-Você é o único pensamento que passa pela minha cabeça esses últimos dias. Achei que soubesse disso.

- Mas não deveria. - Ele completou.

Eu cruzei os braços.

- Você vai até Portugal atrás de mim depois de cinco anos que você literalmente disse que não queria mais ver minha cara, me segue pra cima e pra baixo afirmando que tem uma voz na sua cabeça. Me faz vir aqui pra essa cidade de novo e ainda me faz assistir o seu suicídio. Não há uma parte sequer que eu não consiga me preocupar.

Castiel ficou minutos em silêncio, pensando. Aquilo me deixou mais tensa ainda, fiquei com medo de ter irritado ele.

- Me desculpa. - Ele se levantou e se aproximou de mim e eu sem pensar, me afastei. Aquilo pareceu cortar seu coração. - Me desculpa mesmo. Não queria te machucar.

Eu assenti.

- Eu sei. Mas ele quis e continua querendo. - Eu peguei na ponta dos seus dedos pois era onde eu conseguia alcançar estando afastada dele. - É ele que eu temo.

Ele se esquivou do meu toque e foi observar a janela.

- Agora eu te vejo, Margot. - Ele disse ainda de costas pra mim, num tom estranho. Aquilo vez meu coração acelerar. - Você é uma fraca e egoísta. Sempre pensando no que doí em você, nunca nos outros. Você é repugnante. Mas agora, senhorita Margot, eu tenho tudo pra ganhar. Vocês estão dando de mão beijada pra mim.

Castiel caiu ajoelhado com as mãos na cabeça. Seu rosto era pura dor.

- NÃO! - Ele berrou pra si mesmo. - Margot é a pessoa mais incrível que conheço e ela sempre pensou em mim antes...

Eu estava aterrorizada com aquilo e tentei me afastar ao máximo, pronta pra correr daquele apartamento a qualquer instante.

Castiel apertava com força suas têmporas e seu rosto ficava cada vez mais contorcido.

now you see me (Castiel)Onde histórias criam vida. Descubra agora