❀ 𝐳 𝐚𝐩𝐩 ❀ - ❥ 𝐦𝐨𝐧𝐬𝐭𝐚 𝐱 𝐜𝐡𝐚𝐭 DESCONTINUADA

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Era a terceira vez que Changkyun vinha à casa de Kihyun para ter uma sessão de uma hora e meia de Matemática. Na maior das sinceridades, Kihyun estava com receio em relação a ser tutor de alguém com notas muito baixas, mas rapidamente se apercebeu que Changkyun aprendia mais rápido do que aparentava.

— Agora sim eu entendi! — Changkyun abre os braços, num gesto exagerado e vira os seus olhinhos rasgados na direção do mais velho. — Quando o professor Park explica eu não entendo nadinha!

O de cabelos rosas esboça um sorriso genuíno e empina o nariz, pronto para se gabar por ser melhor que o professor do mais novo. No entanto, não o faz pois apercebe-se de algo.

— O teu professor de matemática é o professor Park? — Changkyun acena lentamente com a cabeça, as memórias dos seus últimos dois anos com esse professor refrescando a sua mente e relembrando-o de todas aquelas malditas aulas. — Meu Deus, ele é o pior professor de Matemática na nossa escola, não tem método nenhum de ensino e é completamente desorganizado! Sei disto pois tive esse professor o ano passado...

Chnagkyun observava Kihyun com aqueles olhinhos interessados que o de cabelos rosados havia observado muitas vezes nessa semana. Efetivamente, Kihyun começou a notar a presença do mais novo na escola, geralmente nos corredores ou ao lado dos cacifos principais, sempre sozinho e ocupado com alguma coisa aleatória. Kihyun deu por si a observar com atenção cada um dos momentos em que encontrava o mais novo e reconheceu que este era um pouco desastrado, deitava muitos livros no chão acidentalmente. Para além disso era um pouco difícil de ler a sua face, pois a sua expressão facial não alterava de acordo com os sentimentos que sentia. O mais novo poderia estar na sua maior de paz de espírito como podia estar zangado e irritado com o mundo que a sua expressão não alterava nem ligeiramente.

— Os teus colegas têm tido boas notas em matemática? — Kihyun pergunta inocentemente, organizando os livros para a próxima tarefa.

— Eu não sei...

— Como não sabes? Não falas com eles?

Subitamente o de cabelos rosados nota uma mudança no mais novo. Não na sua face nem nas suas palavras, mas sim nos seus olhos. Estes perdem repentinamente o brilho com que antes olhavam para Kihyun e ficam em tons de castanho opaco.

— Eu não falo com nenhum deles. Não tenho muitos amigos, entendes?

Kihyun quis abanar a sua cabeça positivamente, deixá-lo saber que ele entendia verdadeiramente esse sentimento. Com a vida conturbada e com a relação de amor e ódio que tinha pelos seus pais por toda a falta de afeto que o atormentava desde criança, Kihyun viu o seu único refúgio nos estudos. Isso claramente incluía não sair de casa, não ir a festas, estar a lixar-se para tudo e todos e apenas estudar, com um pouco de música às vezes. O de cabelos rosados quis dizer-lhe que também não tem muitos amigos, que a única pessoa com quem fala na escola é BangChan e que se sente sozinho. No entanto, ele não o diz.

— É okay não teres muitos amigos — Kihyun esboça um sorriso na sua direção e o mais novo olha para ele com a mesma expressão de sempre. Kihyun sussurra a última parte — Mas eu e tu somos amigos.

— O quê?

— Nada, nada. — Desta vez não sussurra. — Sabes, é muito provável que os teus colegas também estejam a ter notas a baixo das suas capacidades porque...

— Estás a dizer que eu sou capaz de mais, tutor Yoo? — Changkyun leva as mãos ao peito, exagerando o facto de estar orgulhoso — Essa foi a coisa mais bonita que já me disseste até hoje!

— Não foi nada! — Yoo tenta se lembrar de algum momento em que tenha sido carinhoso com o mais novo, mas não encontra nada parecido nas profundezas dos seus pensamentos. — Como eu estava a dizer, é normal que ninguém na tua turma esteja a ter notas de excelência com esse professor, pois ele é uma merda. Pode ser um homem muito fofinho, mas pelo amor de Deus, ele já devia estar na reforma há alguns aninhos.

Changkyun ri, mas quando Kihyun olha na sua direção, a sua boca encontra-se fechada e o mesmo esboça um sorriso. Ficam alguns momentos em silêncio, aproveitando a companhia um do outro que, sinceramente, era a melhor companhia que Kihyun havia tido nessa semana. Changkyun era fácil e agradável de conversar, não só pelo facto de ter uma voz com uma sonoridade boa e grave, mas também porque entendia o humor do mais velho e as suas conversas fluíam naturalmente.

— Não há problema nenhum em se sentir sozinho... — Kihyun admite, olhando para as suas mãos — Eu também me sinto sozinho muitas vezes...

— Vi que costumas andar na escola com BangChan — O mais novo desvia a conversa para fugir ao assunto anterior e Kihyun acena com a cabeça. — Ele tem um irmão mais novo que anda na turma do meu irmão.

— A sério? O Jeongin?

— Uhum, o meu irmão fala muito dele, acho que são melhores amigos — Changkyun sorri. — Mas nunca tive coragem de falar com BangChan sobre isso, então ele provavelmente nem sabe que eu existo.

— É provável... — Kihyun pensa nas características denso e lerdo que Deus depositou em maior quantidade quando criou Chan.

— Ele é bonitinho...

— O Jeongin? — O de cabelos rosas pergunta distraidamente, acabando de organizar as folhas da tarefa.

— Não, BangChan. Vocês formam um casal bonito.

Kihyun desvia rapidamente o olhar das suas folhas para mirar Changkyun e a sua expressão neutra. Subitamente sente as suas orelhas ficarem vermelhas. Não, ele não gostava de BangChan dessa forma, mas só o pensamento do mais novo estar a falar de uma fantasia onde Kihyun era gay (porque até o era) deixou-o nervoso. Por momentos questionou-se se fosse Changkyun nessa fantasia. Afinal de contas ele era muito bonito, tinha uma das melhores vozes para se ouvir em qualquer situação e... Kihyun sente as suas bochechas queimarem e põe um fim aos seus pensamentos perigosos.

— Eu o Chan não somos assim...

— Então porquê que estás tão vermelho, professor Yoo?

Foi o cúmulo dos cúmulos, a cara de Kihyun estava mais vermelha que um tomate. O mesmo sabia isso e o pior de tudo era que não conseguia controlar os tons encarnados que apareciam nas piores alturas. Não dá uma resposta imediata a Changkyun, mas logo começa a falar.

— Não foi disso...

Changkyun olha para Kihyun com um sorriso que faz com que o mais velho pense que este leu a sua mente e agora sabe os seus mais profundos segredos. Um arrepio atravessa a espinha do mais velho e este vira o olhar, novamente, para as suas mãos. Im suspira e retira a folha da tarefa das mãos de Kihyun, espreitando para as frases escritas com uma letra calibrada e bonita.

— Não falamos mais no assunto que tenho medo que explodas. Agora explica-me o resto da matéria, professor Yoo.