11 - Dilema - Benjamin.

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Logo que acordei, apanhei o relógio sobre o meu criado mudo. O visor marcava três e pouca da tarde, o que me fez perceber que eu ainda podia dormir mais um pouco, já que a minha faculdade era só sete da noite. Deitei novamente, porém, algo espantava o meu sono. Aquela garota que eu conheci na cafeteria não saía da minha mente. Algumas pessoas dizem que a coisa mais incrível para elas é uma ótima noite de sexo. Porém, aquela noite com Lana havia sido uma das melhores da minha vida, baseada apenas em muito papo jogado fora e em muito café.

Já que eu não conseguia mais dormir, vesti uma cueca e fui para a cozinha. O sol das três da tarde iluminava a sala do meu apartamento. Fiz um rápido café e enchi a minha xícara até a borda, como de costume. Sentei-me no sofá e comecei a escolher algo para assistir na Netflix, porém acabei desistindo depois de tanta demora. Além de sentir aquele delicioso café descer pela minha garganta, eu também sentia vontade de ligar para alguém. Com o telefone em mãos, comecei a passar a lista de contatos e parei no número de Lana. Encarei o número e fiquei indeciso. Não! Talvez ainda seja muito cedo para ligar. Não quero que ela pense que eu estou tão carente assim. — Pensei. Podia não parecer, mas eu era um cara muito inseguro.

Fui passando os contatos até chegar nos meus favoritos e, no topo, estava o contato do meu melhor amigo, que eu não via há dois anos. Ele havia sido promovido a um cargo da sua empresa para trabalhar no Canadá. Eu estava me sentindo confuso e talvez o meu melhor amigo era tudo que eu precisava naquele momento.

— Ben? Opa, amigo! — Falou a voz do outro lado da linha, logo que atendeu a ligação.

— Beleza, Rick? — Eu respondi, exibindo um sorriso no canto da boca. — Como tem passado?

E conversamos por minutos além. Ricardo Bono era meu amigo de infância e foi difícil me acostumar a ficar sem ele por um tempo. Tive que entender, já que o meu amigo estava extremamente feliz então eu tinha de estar feliz por ele também. Depois de muita conversa, eu ouvi o meu amigo me dar um esporro.

— Direito? Você está cursando direito? Como assim? — Ele havia estava realmente irritado, até por que eu não havia ao menos contado a ele, temendo a sua reação. — Benjamin, quando você decidiu isso?

— Há um tempo. — Respondi. — Na verdade, meus pais me convenceram que era uma boa.

— Cara, se eu tivesse aí, eu juro que te daria um soco! — Disse Rick. — Apostou que você não está feliz estudando direito. Eu sei que você sempre gostou de escrever, filmar e fotografar. Mano, você é o próximo Tarantino ou Spielberg! Não desperdice teu talento!

Fiquei alguns segundos em silêncio, sem saber o que responder. Meu amigo era franco comigo sempre que precisava e eu sentia que ele realmente estava certo.

— O que acha que eu devo fazer?

— Isso é você quem deve responder, irmão! — Respondeu meu amigo. — Ninguém pode escolher o seu futuro por você, ao menos que queira viver a vida dos outros e ser uma pessoa infeliz! Olha eu aqui, no Canadá e vivendo a vida que eu queria. Estou feliz, mas é porque essa é a minha felicidade. Isso não quer dizer que eu não tive que abrir mão de algumas coisas para estar aqui... De uma coisa eu tenho certeza, meu parceiro, a sua felicidade não está em ser advogado.

— Tem razão.

— Eu sei que eu tenho! Agora vou ter que desligar, preciso ir. Quando eu voltar pro Brasil, quero você com sua produtora de filmes e fazendo muito sucesso!

— Ah, é? E quando é que você volta?

— Não sei ainda, mano! Mas em breve!

Ele desligou.

Joguei o telefone no sofá e fiquei encarando o teto, refletindo. Um dos meus maiores dilemas começava; 

Eu deveria escutar os meus pais ou o meu melhor amigo?

Dane-se! Vou me escutar.

Dane-se! Vou me escutar

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