Eu refleti bastante sobre a possiblidade de Benjamin ter um filho. A insanidade humana é surreal, pois somos seres que se preocupam exageradamente com o futuro. Não somos como os cachorros ou os gatos, que não estão nem aí com os problemas deles, não choram, não anseiam e nem se apavoram. Somente vivem.
— Hoje foi um dia e tanto, não é? — Dizia Márjore, passando pano no chão da cafeteria.
Naquela hora, nós já havíamos fechado a cafeteria. Há alguns minutos atrás, Ben havia vindo aqui me contar do seu emprego novo.
— Não é? Foram tantos pedidos que perdi a conta! — Respondi, lavando as xícaras e colocando-as no escorredor de prato.
Clea, que saía da sala da tia Rosa com alguns papéis nas mãos, veio andando na nossa direção.
— Não é disso que ela está falando, Lana! — Disse Clea, olhando nos meus olhos, com um sorrisinho escapando do rosto. — Tá namorando, né? Eu nem conheci o gato!
Fiquei sem graça.
— Ela tá sim, menina! O nome dele é Benjamin, um charmosão! — Disse Márjore.
— Até que enfim, ein? — Berrou Silvio, do caixa.
Eu estava corando. Se falassem mais alguma coisa, era capaz de alguém me guardar na geladeira, me confundindo com um tomate, de tão vermelha.
— É, estou sim Clea! A gente já se conhecia há um tempinho. Inclusive, conheci ele aqui, lembra?
— Oh, sim! É aquele cara das flores, não é?
— Esse mesmo! — Eu respondi. Aposto que elas podiam ver o brilho nos meus olhos quando eu falava de Ben. — Clea, o que são esses papéis?
— Aqui? Ah, são os papéis de contrato e pagamento.
— Espera, você se demitiu? — Perguntou Márjore.
— Bom, eu estava sem tempo pra investir nos estudos. Estudar está sendo prioridade para mim. — Respondeu ela. Clea tinha uma determinação que não era visível em nenhuma outra garota.
— Como assim? E você nem nos avisou? — Perguntei.
— Eu imaginei que fossem implorar pra eu ficar e a decisão de me demitir seria mais difícil do que já foi!
— Tem razão! — Gritou Silvio, que não saía daquele caixa, sempre fazendo contas e organizando o dinheiro.
— Bom, você já vai? Fique um pouco! Que tal nós quatro tomarmos um cafézinho antes de ir embora?
E assim fizemos. Eu, Márjore, Clea e Silvio sentamos todos juntos e conversamos um tempão, como nos velhos tempos. Clea se despediu de nós e prometeu que iria ao café da Tia Rosa sempre que pudesse.
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A Graça das Flores
RomansaAtenção::: História registrada! - Plágio é crime. - Há quem diga que o destino une as pessoas, que elas já estão destinadas a se encontrar. Há quem diga que a vida é feita de coincidências. No fim, se foi coincidência ou destino, não importa, pois e...