34 - "Peça desculpas a ele" - Lana.

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Logo que Benjamin foi embora, fui dormir. Deitei ao lado da minha mãe, que já roncava. Sem sono, eu encarava o teto. Comecei a questionar tudo o que estava acontecendo. Parecia que a todo tempo haveria um conflito entre eu e Benjamin e sempre que um problema se resolvia, outro surgia logo de cara. 

Na manhã seguinte, acordei emburrada. Eu não vivo no mundo da Disney, então não sou obrigada a sorrir sempre. Afinal, não dá pra ver a graça das flores todos os dias.

Saí do quarto com o vestido mais feio do meu guarda roupa e com o cabelo totalmente bagunçada. Passei pela cozinha e peguei uma maçã na geladeira.

— Tô indo pra cafeteria, mãe! — Eu disse, parando próximo da mesa onde ela tomava seu café. — Tem certeza que vai ficar bem aqui sem mim ou quer ir comigo?

— Você vai trabalhar assim?

Não respondi, apenas mordi minha maçã.

— Claro que fico bem aqui. Tem Netflix, não tem?

— É só ligar a tv. — Eu respondi, dando um beijo na testa dela. — Bom, já vou indo! Qualquer coisa é só a senhora me ligar, ok? Hoje estou livre de tarde, mas vou encontrar meu namorado então provavelmente não venho almoçar em casa. Tem algumas coisinhas na geladeira, mas eu já dei uma adiantada no almoço da senhora.

— Não precisava, Lana! Sabe que eu sei me virar.

Assenti. Mandei outro beijo de longe para minha mãe e, antes que eu saísse pela porta, ela me chamou.

— Lana! — Exclamou ela, fazendo-me virar. 

— Sim?

— Quando você chegar... precisamos ter uma conversa! — Disse ela. Minha mãe não parecia tensa ou séria, estava apenas centrada.

— Claro... mãe! Quer adiantar algo?

Ela pensou um pouco, encarando sua xícara de café.

— É melhor quando você voltar!

...

A cafeteria lotava quase todas as manhãs. Os clientes chegavam cedo para tomar um café antes de ir ao trabalho. A cafeteria da Tia Rosa era perto de muitos polos de trabalho e isso favorecia o movimento de clientes. Enquanto eu preparava alguns pedidos, um dos clientes do qual eu atendia todos os dias veio até o balcão.

— E aí, Carlos? Como estava o café hoje? — Perguntei a ele, logo que se aproximou.

— Incrível, como sempre! — Disse ele. Carlos era malhado, o seu terno marcava lindamente os seus músculos. Se era bonito? Bom, eu teria que conhecê-lo melhor para dizer. 

— Tem umas opções de café da manhã novas, se você quis...

— Lana... — Me interrompe ele. — Desde a primeira vez que vim aqui, notei sua beleza de longe! E daí... você me atendeu e eu vi a doçura como você trata os clientes! Eu queria saber se... sei lá... talvez, a gente pudesse sair qualquer dia desses!

Uau. 

Pelo canto do olho, vi Márjore ficar de boca aberta de uma forma nem um pouco discreta, enquanto lavava as xícaras.

— Nossa, Carlos! Eu... realmente não esperava por isso, mas... Eu estou muito apaixonada pelo meu namorado e...

— Oh... tudo bem! Eu não sabia... — Disse Carlos, se afastando do balcão totalmente sem graça. Antes de sumir, ainda teve a proeza de dizer — Peça desculpas à ele, por mim! Até amanhã.

A Graça das FloresOnde histórias criam vida. Descubra agora