5. Emergindo

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O vapor da água quente do chuveiro que foi condensada espalhava-se como névoa etérea no quarto daquele casal, no momento em que a porta do banheiro foi aberta. No meio dos rodamoinhos brancos, que faziam curvas no ar gelado daquele cômodo, James Patterson saía com o seu corpo úmido tinha uma toalha enrolada em sua cintura a cobrir suas genitálias. Seus cabelos negros pingavam, grudavam em sua testa, já seus olhos castanhos observavam sua esposa sentada na cama com uma expressão aérea, tão longínqua que ele não saberia expressar o quanto.

Um pequeno sorriso surgiu no canto de seus lábios. Já haviam se passado dois dias da fuga de AZ7/01, ele precisava encontrar algo para aliviar o estresse que já corroía o seu corpo há muito e a sua esposa seria perfeita para isso.

Os abajures acesos em cada criado-mudo ofuscavam a visão da cidade de Xangai iluminada à noite na janela logo atrás da cabeceira da cama de casal. Metade do rosto de Jane Clinton era iluminado por aquela luz amarelada, enquanto a outra era oculta pelas sombras externas que a revolviam e que pareciam ser tragadas para dentro de si.

Patterson se aproximava da mulher de forma sinuosa. Seus joelhos foram postos sobre o colchão e de quatro ele caminhava sobre esse em direção a sua esposa. Logo assim que estava próximo dela, envolveu aquela cintura fina com os seus braços. Suas narinas deslizavam por aquele pescoço alvo indo até o maxilar, depois para o lóbulo da orelha direita e em seguida voltava para o pescoço. Jane não se moveu nem uma vez.

- Por que está assim, meu amor? – a voz do homem era sussurrada, carregada de desejo, de tensão sexual.

- O nosso filho foi embora. – já a voz da cientista era fria como gelo.

O homem rolou os olhos em resposta. Ele sabia que tinha de aguentar todo aquele papo torto sobre um experimento ser o seu filho para que conseguisse fazer sexo naquela noite. Por isso, manteve-se atencioso.

- Não se preocupe. Nós o traremos para casa, Jane. – os dentes mordiscaram o lóbulo da orelha.

Clinton se virou, de modo a ficar frente a frente com seu marido. Seus olhos azuis se encontravam com os castanhos, enquanto um revelava a dor o outro mostrava desejo. A mulher pousou suas mãos uma em cada bochecha do cientista. Os pelos aparados da barba do moreno espetavam as palmas dessas.

- Você promete? Eu terei o meu Sam de novo?

- É claro, querida. – um sorriso fingido aparecia naqueles lábios. – Ele voltará para casa e nós seremos uma família feliz.

Uma lágrima deslizou pela face cansada da cientista. Os rostos ficaram mais próximos. James a beijou.

Finalmente. Pensava depois de concluir que aquilo seria bom para que relaxasse e pudesse pensar com clareza em um modo de capturar o experimento.

Patterson queria colocar as mãos de qualquer jeito em seu experimento mais uma vez. AZ7/01 era a sua passagem só de ida para a fama. Era o seu trabalho mais proveitoso. Não via a hora de estar frente a frente com ele mais uma vez. O experimento com toda a certeza receberia um castigo.

Quando já estavam ofegantes, Jane se afastou de seu marido, que reclamou mentalmente. Os olhos azuis encaravam aquela face com um brilho de dor, talvez. Ou pensativo, era melhor assim. Os dedos indicadores deslizavam por aquela face, como se desenhasse todos os traços dessa. Em resposta, James franziu o cenho enquanto a mulher soltou um pequeno sorriso.

- Vocês se parecem.

- O que? – ele não estava entendendo.

Ela sorriu mais uma vez.

Missão AZ7/01Onde histórias criam vida. Descubra agora