9. Aquarium

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- Yixing.

O hacker praticamente congelou na cadeira. Os pelos de seu braço ficaram arrepiados, os olhos estavam arregalados como nunca estiveram. Seu coração batia tão forte que era como se fosse saltar pela boca, as bochechas esquentavam e o seu cérebro girava com tudo aquilo.

Seus ouvidos tinham ouvido certo? Não tinha nenhuma pegadinha? Aquela voz era a de Suho? O experimento havia dito o seu nome? O que estava acontecendo?!

Sua mão direita pendia no ar como se estivesse praticamente em gravidade zero. Seus olhos estavam arregalados e os lábios entreabertos em um misto de perplexidade com felicidade que Lay não conseguia sequer compreender e ele nem queria.

Talvez, estivesse introspecto até demais por estar aproveitando o momento. Por estar se deliciando com aquela conquista do experimento que também passava a ser sua. Era como um pai que sentia o gosto de mel nos lábios ao ver que seu filho começou a falar. Uma sensação inexplicável, que por mais que o hacker nunca tivesse tido filhos, estava experimentando naquele momento com o experimento.

Suho, por sua vez, franziu as sobrancelhas por não entender muito que estava acontecendo com Yixing. A expressão em sua face era de completa confusão ao mesmo tempo em que sua mente se lembrava de que já tinha visto aquela mesma expressão em algum programa na televisão. Seus olhos ônix ficavam em fendas, os lábios se contorciam e sua face ia se aproximando cada vez mais do mais velho.

O dedo indicador de sua mão direita se erguia e como no filme do Steven Spielberg, E.T., o moreno tocou a bochecha corada do hacker, para logo em seguida deixar sua mão toda espalmada sobre aquela região. Uma parte dessa chegava a tocar o canto dos lábios finos de Lay, que parecia imóvel como uma estátua.

Aqueles olhos inocentes já não pareciam tão inocentes assim. Eram analisadores. Capturavam cada milímetro da face a sua frente, de cada recanto e canto que ficavam tatuados em sua memória. Sem nem mesmo se dar conta, as suas bochechas queimavam, coravam, enrubesciam.

A ponta do nariz de Suho tocou a pele nua e gelada do pescoço do hacker. Por ali o mais novo fez uma trilha de fogo, sobre aquela extensão nua e alva, que arrepiava com a sensação de ter correntes elétricas perpassando por todo o seu corpo. Zhang Yixing estava ficando excitado. Já o experimento estava sentindo aquele aroma mentolado, guardava-o na memória para reconhecê-lo como sendo dele, como sendo do seu salvador, da pessoa que não saiu mais de seu coração.

Tudo não durou apenas um minuto, mas foi o suficiente para o hacker sentir o membro enrijecido e cada vez mais apertado em sua cueca, assim como os batimentos acelerados do seu coração.

Era uma finitude eterna.

Os olhos da cor do mais profundo ônix voltaram a observar aquela face mais pálida do que a lua. Os lábios se contorceram, entreabriram-se e aquela voz melodiosa foi ouvida mais uma vez:

- Yixing.

Lay arregalou ainda mais os olhos. Era real. Foi real. Suho tinha de fato falado. Ele não sabia se sorria, se pulava de alegria ou se ao menos se aliviava e tinha algum orgasmo descente depois de tudo aquilo.

- Ai. Cacete. – as palavras saíram pausadas e foi tudo o que conseguiu fazer.

"Ele está tão perto. Ele está...Eu...é possível querer beijá-lo? Esses lábios...eu...Não sei...Até onde uma mente pode se manter sã? Acho que a minha já ultrapassou esse limite faz tempo".

Os olhos escuros o fitavam com tamanha intensidade, que Yixing praticamente se sentia desnudo, despido diante de Suho. Aquele vasto universo negro o puxava de tal forma, dragava-o para os seus confins, que o maior tinha a sensação de não conseguir esconder nada daquele experimento. Isto é, o mais novo via cada recôndito não de seu corpo físico, mas da sua alma.

Missão AZ7/01Onde histórias criam vida. Descubra agora