Missão AZ7/01

7. Oásis

Ainda que o corpo do experimento já tivesse se separado do seu, Yixing ainda estava com as bochechas coradas. Seus dedos passavam de forma constante por entre os seus cabelos. O hacker não sabia muito como reagir aquilo, só tinha a certeza de que algo estranhamente diferente estava acontecendo consigo. Como se o mais novo fosse o causador de toda essa revolução sentimental que estava dentro de si.

AZ7/01, por sua vez, estava de pé no meio daquele quarto observando tudo com olhos curiosos. Ele caminhava sem produzir som algum. Seus passos eram graciosos, mesmo que tivessem certa truculência, certo desajeito. Suas mãos estavam erguidas enquanto possuía vontade de tocar todos os objetos a sua frente.

O brilho em seus olhos emanava curiosidade. Seus lábios estavam entreabertos enquanto sua mente pensava no que deveriam ser todas aquelas coisas retangulares, redondas, de diversos tipos, formas e cores.

- Ele me abraçou... – o hacker estava cabisbaixo e afirmava para si mesmo. – Por que ele me abraçou? Será que ele gosta de mim? Será que...Ahhhh! Eu não sei. Por quê? Por quê? Nossa, eu estou me parecendo com aquelas protagonistas de filmes de comédia romântica.

Lay só foi se dar conta do que estava acontecendo a sua volta, quando ouviu o experimento soltar um grito assustado.

- O que foi? O que está acontecendo? – erguia os seus olhos arregalados.

Seu coração bateu acelerado por breves segundos, porém logo voltou a se acalmar ao perceber que AZ7/01 estava olhando para nada mais, nada menos do que o seu próprio reflexo no espelho. Ele havia se assustado com a própria imagem.

Em um ato instintivo, o experimento olhou para o mais velho, com olhos assustados, como se houvesse de fato naquele cômodo uma terceira pessoa.

Yixing esboçou um pequeno sorriso no mesmo momento em que AZ7/01 ficou sem entender mais nada. Quem sorriria, quando havia um intruso dentro de sua casa?

O hacker se aproximou do menor, parando bem ao seu lado, fazendo com que o experimento arregalasse os olhos em surpresa ao perceber que Lay estava tanto ao seu lado como ao lado do intruso.

- Uhn...Uhn...Uhn... – grunhiu no mesmo momento em que franziu a sobrancelhas.

- É o seu reflexo. Isso é um espelho. ES-PE-LHO. – falou a palavra de forma lenta e separada em sílabas para que o menor pudesse assimilar e aprendê-la.

Houve um semicerrar de olhos por parte do mais novo.

- Aquele é você. O seu reflexo. – disse mais uma vez. – ES-PE-LHO.

Não houve nenhuma alteração na reação do experimento. Ainda continuava sem entender.

Yixing soltou um curto suspiro. Precisava tentar de outro modo.

- Veja só. – segurou o braço esquerdo do moreno e o levantou. – É você.

Ao ver que o intruso ergueu o braço no mesmo momento em que o seu foi erguido, AZ7/01 pareceu compreender o que o hacker estava querendo lhe dizer. Era ele. Ele estava se vendo.

De forma inconsciente, aproximou-se do espelho, ficando frente a frente consigo mesmo. Aquele era ele. Era ele. Seu dedo indicador tocou a sua bochecha e quando o fez, tornou a arregalar os olhos. Logo em seguida foi para seus lábios, depois para seus olhos, para seus cabelos escuros. O experimento se sentia surpreso com o fato de a sua aparência ser daquele modo, de ser a de um homem adulto.

Essa foi a primeira vez em que se viu, que se conheceu, que soube como de fato era.

Os lábios de Lay se contorceram em um pequeno sorriso. Seus olhos eram embevecidos por tal visão.