Reviravoltas- cap 12

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viva o máximo que puder porque uma hora o tempo acaba "

Eu sou SoL

Eu tenho perdido a vontade de sair do quarto eu não sei como olhar nos olhos dos meus avôs depois do que aconteceu ontem, eu tenho medo que com um simples olhar eu revele a eles o meu grande segredo. Certamente eles me expulsariam da casa deles sem uma mínima consideração, eles diriam em voz alta com o seu sotaque italiano  o quanto eu sujei o nome da família o quanto eu os envergonhei, isso seria meu fim eu não só seria  a garota aleijada como também a garota lésbica e isso me soa tão mal que agora sinto vergonha do meu ato se eu pudesse voltar atrás eu não a teria deixado me beijar, aquilo foi um erro e isso tudo  agora está se tornando uma   grande bola de neve eu preciso matar esse sentimento dentro de mim, mas como matar algo que me mantém viva ? É como se tudo tivesse acontecido para me trazer até aqui, para me trazer até ela, é como se ela fosse um imã e eu o metal.
Eu nunca na minha vida havia pensado que os lábios de uma garota seria tão macios e docê, beija-la foi a coisa mais rebelde que eu fiz e agora esse ato toma minha mente e faz arrepiar meu corpo inteiro como se ela ainda estivesse aqui me tocando,essa lembrança é como pólvora me queimando de dentro para fora.

O festival finalmente chegou ao fim e agora Salinas voltou a ser a pequena e pacata cidade de sempre e hoje a minha rotina volta ao normal com as aulas da dona Forbes ,hoje será meu último dia de aula pôs  atrasamos a última prova devido ao festival,  eu pedi para  o meu tio dispensar a dona zangada e ele me corrigiu em alto e bom som que a senhora tinha nome e  era Maria ,que irônico não é ?passei esse tempo todo chamando-a de dona zangada  quando eu poderia simplesmente ter dado um pequeno chute com uma pequena lista de nomes curtos mais usados na época dela como, Ana, Aparecida, Sumida, Francisca, Maria. Talvez se eu não  ficasse chamando-a de dona "zangada " hoje eu poderia ter uma amiga para tomar chás da tarde comigo, meus avós ainda continuam com a mesma rotina de sempre, todas as manhãs meu avô ler seu jornal sentando em sua confortável poltrona às  vezes acompanhado de uma bela xícara de café amargo  e a minha nona continua na mesma às vezes ela está muito bem   e às vezes ela está muito deprimida por conta do mal de parkinson tenho passado um pouco de tempo  com ela às vezes a noite até assistimos programas culinários às   vezes assistimos a novela da tarde também,tenho estado junto dela, tenho tentado mostrar que me importo  com ela , porque no fundo eles são tudo que eu tenho! Enquanto estamos assistindo ao programa culinário  "segredos dos sabores"  o meu tio não parava de me encarar era como se estivesse tentando me rasgar somente para ver o que se passava por aqui por dentro, oque se passava nos meus pensamentos, às vezes esses olhares interrogativos dele é de assustar até a  mais valente das almas.

Eu Sou SoLOnde histórias criam vida. Descubra agora