Capítulo 1-Prólogo

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A noite estava estranhamente calma em Konoha quando Tsuya veio ao mundo. Um silêncio pesado envolvia a vila, como se até mesmo os ventos tivessem cessado para testemunhar seu nascimento. Tsunade, apesar de seu olhar firme e inabalável, estava nervosa. Não era a vida de um shinobi que ela temia, mas sim a vida de uma mãe, algo que ela nunca havia planejado ou se preparado para ser.

Jiraiya estava ao seu lado, não como um amante, mas como um amigo inabalável, o único que compreendia o peso daquele momento. Seu coração, sempre dividido entre o amor pela vila e o amor não correspondido por Tsunade, estava agora fixo na pequena criança que nascia. Ele sabia que Tsunade nunca o amaria da maneira que ele a amava, mas mesmo assim, ele estaria ao lado dela e de sua filha. Porque, de certa forma, Tisuya era também o símbolo de tudo o que ele e Tsunade representavam: força, sacrifício e lealdade.

O parto foi rápido, e assim que o choro de Tsuya ecoou pelo quarto, Jiraiya sentiu algo mudar dentro de si. Ao olhar para a pequena criança de cabelos brancos, ele sabia que aquela menina seria diferente. Seus olhos, mesmo recém-nascidos, brilhavam em um vermelho intenso, como se carregassem em si o legado de Tsunade e os mistérios que ele próprio nunca seria capaz de desvendar.

— Ela é... perfeita. - Jiraiya murmurou, olhando para Tsunade, que mantinha uma expressão serena, mas cansada. Tsunade, com o bebê nos braços, olhou para Jiraiya. Não havia necessidade de palavras entre eles, porque ambos sabiam que a vida de Tsuya não seria como a de qualquer outra criança. Jiraiya, silenciosamente, prometeu a si mesmo que protegeria aquela menina com a própria vida, mesmo que a distância e a vida de shinobi os separassem.

Tsunade, conhecida por sua força e habilidade médica, deitava exausta após horas de parto. Seus olhos, porém, não expressavam o alívio comum de uma mãe ao segurar o recém-nascido. Havia um peso em seu coração, uma mistura de emoções complexas, refletindo a verdade de que aquela criança não era fruto de um amor romântico, mas de uma ligação mais profunda e inexplorada.

Jiraiya estava presente, mais nervoso do que costumava ser em suas missões mais arriscadas. Ele, que sempre se mantinha descontraído, agora olhava fixamente para o pequeno bebê em seus braços. Ela tinha o cabelo branco como a neve, algo que surpreendeu ambos, e seus olhos ainda não haviam se aberto. A cena deveria ser uma celebração de uma nova vida, mas o silêncio entre Tsunade e Jiraiya tornava o ambiente tenso. Tsunade sabia o que Jiraiya sentia por ela, mas não correspondia a esse amor da mesma forma. O sentimento que unia os dois era mais complicado, baseado em respeito, confiança e uma compreensão mútua do que era necessário para proteger aqueles que amavam. Ainda assim, quando Jiraiya descobriu sobre a gravidez, ele decidiu estar presente, mesmo que Tsunade não lhe pedisse.

— Ela vai ser forte. - Jiraiya murmurou, tentando quebrar o silêncio. Ele segurava Tsuya com uma delicadeza incomum, uma suavidade que contrastava com a figura de um guerreiro experiente e viajante. Tsunade, cansada, assentiu levemente.

—Ela terá que ser.

O nascimento de Tsuya não foi anunciado a ninguém. Era um segredo que Tsunade e Jiraiya decidiram guardar, não por vergonha, mas por proteção. Tsunade temia o impacto que isso poderia ter na vila e na vida da menina. Além disso, as responsabilidades como ninja e médica a deixavam constantemente afastada, e ela não podia permitir que a vida de sua filha fosse exposta a tanto perigo tão cedo. Jiraiya, por sua vez, respeitava os desejos de Tsunade, mesmo que quisesse estar mais presente.

Os anos passaram rapidamente, e como esperado, Tisuya não cresceu com uma infância comum. Seus pais a treinavam separadamente, mas a presença constante de Jiraiya em sua vida trouxe uma espécie de equilíbrio que ela não poderia encontrar em Tsunade. Desde cedo, ela se tornou uma ninja habilidosa, com uma força brutal herdada da mãe e uma inteligência afiada herdada do pai. Jiraiya, mesmo sem poder estar ao lado delas como um parceiro romântico, encontrou maneiras de ser o pai que ela precisava, sempre observando de longe, sempre pronto para intervir, mas nunca forçando a mão.

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