back to you | sammy wilk

✦ 22 | eu te amo.

meses antes...

Samuel estava atrasado.

Muito atrasado.

E, bem, eu queria queimá-lo vivo.

Nós tínhamos combinado esse jantar há duas semanas. O restaurante era simplesmente maravilhoso e foi um custo conseguir reserva. Eu estava realmente chateada, porque odiava quando faziam pouco caso de coisas que são importantes para mim.

Sim, poderia ser apenas um jantar, mas eu havia me enfiado em um vestido caríssimo que me deixara a 8º maravilha do mundo, subido em saltos imensos, feito hidratação intensa no cabelo e rebocado a cara com uma maquiagem que até Picasso ficaria com inveja por tamanha obra de arte.

Então, sim, o choro se encontrava entalado em minha garganta por esses 45 minutos de demora desnecessária.

Eu nem havia tirado carteira de motorista ainda, mas fui até o carro com ódio, sentando no banco do motorista e rumando até o apartamento de Samuel. O objetivo era tira-lo de casa nem que fosse na porrada.

Chegando lá, o porteiro me deixou subir imediatamente, pois já me conhecia. Os pais de Sammy estavam trabalhando neste horário, então eu poderia fazer o escândalo que quisesse — minhas cordas vocais estavam prontas para um.

Toquei a campainha freneticamente, sendo atendida alguns minutos depois por uma versão do meu namorado sem camisa, com apenas a calça do terno e uma cara inchada de choro.

Céus... Ele é tão gostoso...

E está chorando...

Foco, Nicki!

— O que aconteceu? — Perguntei, entrando no apartamento e deixando minha bolsa no sofá.

Por mais que eu estivesse com raiva, era meu namorado. E aparentemente estava mal.

— Nada. Eu já vou terminar de me arrumar. Desculpe o atraso, de verdade. — Balançou a cabeça em negação, indo em direção ao quarto.

— Hey! Você pode me dizer. Sabe disso. — Rodeei meus braços em seu pescoço, fazendo carinho em seu cabelo.

— Ansiedade. — Sua voz saiu tremida. — Mais um ataque.

Meu coração se quebrou dentro do peito.

Chegava a parecer que eu também os tinha, de tanto que doía vê-lo desta maneira.

Deitei sua cabeça em meu ombro, passando as mãos por suas costas. Ele me abraçou fortemente.

— Eu estou aqui. Sempre vou estar, Sammy. Está tudo bem.

— Eu sinto muito pelo jantar, Nicki. Sinto muito mesmo. Sei que é importante pra você. Mas o ataque veio e...

— Você não tem que se culpar. Não é algo que dê para controlar, babe. O restaurante não vai fechar e não vamos passar fome por isso.

Levantou o olhar, assentindo. Limpei seu rosto úmido, depositando um beijo em seus lábios.

— Teve algum motivo para ficar ansioso?

— Te comprei um presente. E, bem, comecei a pensar no nosso relacionamento, até em um possível término. Isso fez com que eu pensasse muito sobre términos. Uma coisa levou a outra.

— Bem, disso você não precisa se preocupar. Nós vamos ficar juntos até você ter Alzheimer e eu ter que te lembrar todos os dias que meu cabelo é natural.

Sammy riu.

— Amor, eu ainda tenho minhas dúvidas sobre isso. Qual é, ele é perfeito demais para ser real.

Sorri.

— E o meu presente?

— Mercenária! — Murmurou. — Espera aqui.

Assim que voltou do seu quarto, havia uma caixa preta de veludo em suas mãos. Era grande demais para ser de uma aliança, então fiquei aliviada. Casamento não estava em meus planos atualmente.

— Eu queria que tivéssemos algo nosso, como uma aliança de compromisso. Mas alianças são clichês demais, e ambos sabemos que nós fugimos disso, certo? — Assenti, sem conter o sorriso. Ele abriu a mesma, revelando duas correntinhas de ouro. Os pingentes de ambas eram círculos com números cravados, que detectei serem coordenadas geográficas. — São as coordenadas do lugar que falamos "eu te amo" um para o outro pela primeira vez. — Explicou.

Obviamente, como a chorona que sou, me debulhei em lágrimas.

— Isso é tão lindo, Samuel. Meu Deus! — Digo em meio ao choro, pegando uma delas. — Eu te amo tanto. — O puxei novamente para um abraço apertado.

— Eu te amo, linda.

Assim que me recuperei, as colocamos em nossos pescoços.

Ali, prometi a mim mesma nunca retirá-la.

O que eu não sabia era que, meses depois, com todo caos acontecendo, essa promessa havia sido cumprida.