✦ 17 | ainda pertencemos um ao outro?

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— Samuel, é sério. Vamos. — Peguei em seu braço e ele colocou os dois ao redor do meu pescoço, me olhando com aquele sorriso bêbado.

— Que tal passarmos na igreja antes?

Rolei os olhos.

— Só se for pra te exorcizar, idiota.

— Por que você é tão má comigo?

— Nós podemos ir para casa, por favor?

— Só se você me der um beijinho. — Fez bico.

— Então morra nesse bar. — O despejei novamente no banco, pronta para ir embora, mas ele estava tão alcoolizado que quase caiu de cara no chão.

Com pena pelo dono que teria que jogá-lo na rua depois, retornei, colocando seu braço em torno do meu ombro novamente. Saímos do estabelecimento com muita dificuldade e o acomodei no banco de trás do meu carro, logo sentando atrás do volante.

Brilha linda flor, teu poder venceu, traz de volta já, o que uma vez foi meu... — Sammy começou a cantar Enrolados.

Nem ouse achar isso fofo, Nicki, eu te proíbo. Discuti internamente comigo mesma.

— Por que está cantando isso?

— Porque eu e Shawn assistimos, mas não conte pra ninguém, ok? Quer dizer... O que tem nós assistirmos? Eu sou um macho seguro de si!

Segurei o riso.

— Sim, Samuel. Você é.

— Que tal vermos desenhos hoje? Por favor, Nicki, por favor, por favor, por favor...

— Tudo bem! — Praticamente gritei, querendo que ele calasse a boca. — Por que mesmo eu estou fazendo isso? — Murmurei assim que estacionei na garagem da minha casa, trocando olhares com a mesma e Sammy. Meu pai era CEO de uma empresa e minha mãe sua secretária, então as viagens eram sempre em conjunto. Ambos estavam em uma conferência a trabalho no momento.

Tirá-lo do carro foi mil vezes pior. Ele estava mole e sonolento. Lhe dei um tapinha na cara para que acordasse. Bem, era para ser um tapinha, mas o estalo que escutei e a marca dos meus dedos em sua face demonstravam outra coisa.

— Aí! — Resmungou. — Eu vou na delegacia te denunciar.

— Por agressão? — Zombei, abrindo a porta com dificuldade, jogando minha bolsa no chão, Sammy em um dos sofás e sentando no outro. Eu iria levá-lo para o quarto de hóspedes, mas minha coluna precisava de descanso.

— Por roubar meu coração, bobinha.

— Eu o devolvo sem problemas.

— Você é tão grossa. — Pegou e almofada e colocou no rosto. Depois de alguns minutos, o escutei fungando. De início, achei que era brincadeira, mas seus ombros começaram a se mover e o barulho do suposto choro ficou alto.

Levantei e fui em sua direção, retirando a almofada e vendo seu rosto molhado. Céus, onde fui amarrar meu burro?

Agachei ao seu lado e limpei as lágrimas que caíam. Eu definitivamente era a rainha da paciência.

— Por que está chorando, Samuel?

— Eu não quero que você me odeie, Nicki.

— Eu não te odeio. — Digo com calma.

— Mas deveria. Eu juro que não peguei ninguém depois que foi embora. Era só a Stella. Ela é lésbica e a foto foi para provocar sua ex namorada. Nem sei como vazou.

— E por que não me disse?

— Porque você falou que não se importava.

Eu não sabia o que rebater, então mudei de assunto:

— Por que não assistimos Enrolados?

— Eu já vi esse.

— E Frozen?

— Também já.

— Detona Ralph?

— Tudo bem.

Esqueci que o mesmo não se encontrava nas melhores condições, então o deixei levantar sozinho, resultando em sua cara no chão. Arregalei os olhos, estendendo os braços para ajudá-lo a se levantar, mas o idiota puxou-me junto.

— O que está fazendo? Me larga!

— Lembra de quando ficávamos assim, só que pelados?

E eu arrepiei. Porque lembrava muito bem.

— Eu vou começar a realmente te odiar se não calar a boca.

— Nunca escutou que sexo com ódio é muito melhor?

— Não. Vamos.

Tentei sair, porém foi impedida novamente. Sammy me olhou tão fixamente que engoli em seco.

— Ainda pertencemos um ao outro?

— Você está muito bêbado.

— Nunca escutou que dois corações jovens, quando apaixonados, sempre pertencerão um ao outro?

Agora eu é quem queria chorar, mas apenas aproveitei sua distração e consegui me levantar, com medo de que ele estivesse fodidamente certo.

back to you | sammy wilk Onde histórias criam vida. Descubra agora