colisão ou conciliação.

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Não gostava nem um pouco daquela sensação.

Jimin estava focado na aula, corrigindo as posturas de seus alunos enquanto explicava, alto, quais cuidados eles deveriam tomar durante toda a coreografia.

— Não esqueçam a coluna bem reta e cuidado para não se machucarem nos saltos, certo? — dizia, ajudando um garotinho a amarrar os cadarços de sua sapatilha. — Segurança em primeiro lugar.

Contudo, mesmo que estivesse ali, sua mente viajava para outras dimensões enquanto pensava e repensava assuntos que deveriam ser enterrados.

Desde o dia em que aquela viatura estacionou em frente ao estúdio, Park não sabia o que deveria fazer ou pensar sobre o caso. Não havia ficado feliz com o modo com que o irmão de Jeongguk falava sobre ele, ou como acreditava conhecer Jimin o suficiente para dizer o que ele deveria fazer ou desfazer.

Era do tipo tranquilo e muito paciente, mas Gook esgotou qualquer recurso do professor de dança em poucos minutos.

E, então, Jimin se encontrava pensativo e até mesmo avoado. Forçava-se a ficar atento, mas não conseguia evitar sua mente de repassar a conversa do outro dia e de, obviamente, pensar no Jeon mais novo.

Sabia que a situação dele era complicada em casa, mas agora que havia tido contato direto com o irmão mais velho, Jimin podia ter uma breve ideia do quão difícil e cansativo aquela convivência e suposta rotina deveria ser. Somente a ideia de ser negligenciado todos os dias por culpa de quem era, de como era, do que gostava e do que não gostava... Park não sabia como o tatuado não havia surtado ainda.

Se fosse ele, surtaria.

— Professor?

Piscou algumas vezes, forçando um sorriso quando viu um grupo de alunos bem em sua frente, com as mochilas nas costas e os sorrisos cansados.

— Oh, sim? Desculpe, eu... A aula hoje foi puxada, não é? — perguntou, coçando a própria nuca enquanto tentava entrar em órbita novamente.

— Mas foi muito divertida! — a menininha respondeu, feliz. — Estamos indo, certo? Obrigada pela aula de hoje, professor Jimin!

Sorriu e reverenciou-se quando as crianças o fizeram, sentindo o cansaço se esvair um pouco. Mesmo que fosse algo complexo e acabasse esgotado após toda aula, Jimin também se sentia melhor quando via os sorrisos felizes e os alunos animados no início de cada dia. Era como uma fonte de energia, e das boas.

Pegou suas coisas e saiu em direção ao restaurante que havia frequentado com Namjoon e Hoseok, havia marcado de encontrar Taehyung e não era sempre que ambos conseguiam almoçar juntos. Era uma tradição que tinham, mas que acabou ficando no passado por conta das rotinas e responsabilidades de cada um.

Caminhou sorrindo de leve ao ver Taehyung sentado nos fundos, mexendo no celular. O sorriso aumentou quando seu amigo o encarou, surpreso.

— Você parece cansado. — Taehyung constatou. — A aula foi puxada?

— Não... Quer dizer, estou sendo um pouco chato com eles porque quero que estejam confiantes durante a apresentação, mas... — tentou se justificar, mas acabou sorrindo e segurando a cabeça com as mãos apoiadas pelos cotovelos na mesa. — É. Acho que estou cansado.

O Kim estava com os braços cruzados sobre a mesa e sorriu, tentando confortar o mais baixo. Sabia que ele amava o que fazia, mas sabia também que ele precisava cuidar de si mesmo.

— Precisa dormir um pouco, amigo.

Jimin queria, de fato, descansar, mas não conseguiria fazê-lo enquanto não conversasse com alguém sobre o que havia acontecido com Jeon Gook.

Quando nos Vênus, juro a Marte | ji+kookOnde histórias criam vida. Descubra agora