no fim da linha.

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#SaturnoUranoNetuno

Não sabia que, depois de um mês, os olhos tristes de Jimin ainda o machucariam tanto.

Jeongguk não fazia ideia de que o modo como o Park o olhava era feroz, triste e amedrontado ao mesmo tempo. Era como um astronauta em uma vasta imensidão escura, sem rumo, mas também sem vontade de voltar para casa. Jeongguk se sentia perdido nos olhos do outro, mesmo que soubesse que esse fora seu maior erro até então.

Não deveria ter se aproximado tanto.

— Jimin...

Precisava mandá-lo embora. Sua cabeça ainda doía e o tatuado sabia que precisava que Jimin ficasse longe. Mesmo que doesse em ambos, eles não poderiam mais manter o que até então não tinha nome. Jeon era renegado, céus! Teria de ficar sozinho para o resto da vida, certo?

Mas ele não queria. Não mais.

— Eu só quero saber o porquê de você me afastar assim. — a voz embargada do outro o fazia suspirar, sentindo o peito definhar. — Já faz um mês, Jeon. Um mês e nenhuma explicação. O que... O que eu fiz pra você?

Mesmo estando escuro por conta da noite, o mais novo conseguia ver os olhos molhados do mais baixo e o modo como ele parecia bravo, magoado. E não era para menos, afinal, lá estavam eles discutindo por algo que Jungkook poderia ter explicado antes. Mas não quis, ou não conseguia.

Até mesmo queria falar, queria que Jimin entendesse seu lado e percebesse que, no fim, ambos não poderiam ficar juntos. Ele era renegado, realmente era. Não havia nada na outra ponta do seu fio, nem ninguém.

Havia pedido tanto por aquilo e, quando finalmente teve o que desejava, não ficou satisfeito.

Talvez Jeon nunca estivesse.

— Isso é errado, Jimin. — foi tudo o que conseguiu falar, estava tão triste por dentro. Jimin conseguia ver tamanha tristeza, mas não entendia o porquê. — Nós não podemos, não podemos continuar com isso.

O Park abaixou a cabeça, fitando seus tênis enquanto tentava respirar devagar o suficiente para que as lágrimas não voltassem a escorrer pelo rosto. Não aguentava mais chorar, não aguentava mais estar triste.

Esperava que Jeongguk dissesse mais alguma coisa, mas acabaram no silêncio durante mais algum tempo e, pela primeira vez em tanto tempo, a falta de som entre eles se tornou algo desagradável.

Aquilo tudo era desagradável.

— Você disse que eu era diferente. — falou, baixinho. Sua voz já estava alterada. — Disse que "nós" éramos algo diferente, único. Mas... É, você mentiu.

Ambos ainda se recordavam daquela noite.

Como se fizesse apenas dias, os dois se lembravam de como conversaram mais do que normalmente e, após algumas cervejas, dançaram como adolescentes. Jimin nunca poderia esquecer como olhou nos olhos do mais novo e enxergou galáxias enquanto o escutava dizer que eram diferentes de todo o resto.

Se sentiu especial durante aquela noite.

— Eu não posso mais... Jimin, eu... — recebeu o olhar alheio no seu, perdendo o tom de voz. — Eu...

Seu peito doía e, mesmo que não quisesse, Jeongguk não conseguia conter as lágrimas.

Mesmo que elas caíssem silenciosas, mesmo que não tivesse se explicado realmente, aquele era seu máximo. Todo o seu corpo doía e, além de ver Jimin tão quebrado, Jeon estava quebrado também.

Havia finalmente descoberto que era sozinho no mundo e, mesmo que acreditasse estar preparado, não esperava por aquilo.

Não sabia como lidar.

Quando nos Vênus, juro a Marte | ji+kookOnde histórias criam vida. Descubra agora