Quando nos Vênus, juro a Marte | ji+kook

ter uma metade.

Ficar na mesa durante o café da manhã era sempre uma tarefa difícil para Jeongguk.

Isso, é claro, quando ele se dava ao trabalho de acompanhar sua família na "refeição mais importante do dia". Jeon não dava a mínima para uma alimentação saudável, ele só desejava não se estressar.

Porém, estressar-se era rotina na casa dos Jeon.

O de fios castanhos e tatuagens de planetas se sentava em uma das pontas, focando-se em engolir a comida o mais rápido que pudesse. O resto da família já estava a mesa, mas ele não se importava. Se ficassem calados, agradeceria, apesar de saber que não era o que aconteceria dali para frente.

— Você está atrasado. — seu pai disse assim que sentou-se ao lado de Jae-hwa, sua irmã mais velha. — Vai para a faculdade hoje?

— Como sempre atrasado, huh. — Gook, o mais velho entre os três irmãos, comentou. — Aposto que ele já desistiu da faculdade.

— Não fale assim dele, Gook. — a mulher repreendeu, semicerrando os olhos. — Pare de tratá-lo como um delinquente.

Jeongguk mantinha-se quieto, apenas devorando o cereal enquanto ouvia os três discutindo sobre a sua vida. E era sempre assim, Gook o acusava de estar faltando aula para usar drogas enquanto seu pai concordava, dizendo que a cada rabisco diferente que fazia no corpo era um passo mais próximo do desemprego eterno. Pura bobagem, em sua opinião.

Sua irmã era a única que ficava do seu lado, mesmo que Jungkook soubesse que era por pena. A mulher achava que o mais novo entre os três irmãos era um rebelde sem causa, apesar de não ser um delinquente ou qualquer coisa assim. Achava que Jeongguk era solitário e estranho, mas não alguém ruim.

— Ele é um delinquente, Jae, olhe essas tatuagens! — respirou fundo, negando veementemente. Gook nunca tinha paciência. — Nunca vai conseguir um emprego decente, nunca. E você acha que ele pagou essas tatuagens como? Trabalhando honestamente que não foi, então ele...

— Hoje eu não tenho aula. Vou resolver alguns assuntos, por isso sairei cedo. — disse, atônito. — Talvez eu durma na cada do Hoseok, então... Não me esperem para o jantar.

Seu pai, Gieun, respirou fundo. O guitarrista já sabia o que viria a seguir e, pelos céus, como estava exausto daquele assunto.

— Por favor, Jeongguk, desista dessa ideia maluca de ter uma banda. — seu pai pediu, tentando não alterar o tom de voz. — Você precisa arranjar um emprego, filho, focar-se na faculdade e... — não, Jungkook não queria ouvir aquela última parte. — Encontrar sua alma gêmea.

Não aguentava mais aquele mesmo assunto todas as manhãs, durante o café. O Jeon mais novo estava completamente cansado de todos empurrando-o para a tal alma gêmea que ele nunca encontrava, que ele não fazia questão de achar. Não queria ter alguém ao seu lado se fosse para ficar tão estúpido quanto seu pai, ou até seu irmão mais velho.

Contudo, ninguém se importava com o que ele queria ou não.

— Veja seu irmão, Jeongguk. Gook é policial, já encontrou a Lisa antes mesmo de se formar na academia e, desde então, eles estão juntos. — bateu de leve no ombro do filho mais velho. — Jae já está formada, mora com Chun há anos e é a melhor dentista da cidade... Você não vê? Ter uma alma gêmea é essencial para...

— Eu estou atrasado, pai. — interrompeu-o, se levantando. — E se Gook tem tanta certeza de que Lisa é a alma gêmea dele, então por que ele ainda mora aqui?

Antes que pudessem respondê-lo, o caçula saiu do cômodo, subindo as escadas atrás de suas coisas. Sabia que se deixasse, seu pai o compararia até com seus primos, com qualquer ser vivo que possuísse uma alma gêmea. Era algo tão idiota, tão estupidamente pequeno pensar apenas nisso. Oras, o tatuado tinha mais objetivos na vida, seu foco estava virado para outras coisas que não envolviam achar sua metade.