Estava tudo bem

1K 59 6
                                    


No dia seguinte, devo admitir que estava me sentindo muito melhor. Ter uma amiga de verdade realmente mudava tudo, embora eu ainda tivesse aquele sentimento de culpa guardado desde a festa do Chris.

Eu não podia evitar me sentir péssima toda vez que pensava no Nate. Que droga! Ele não merecia nada daquilo. Eu queria ajudá-lo a se enturmar, mas só piorei tudo. Bom, talvez... talvez eu pudesse tentar conversar com ele...

Acredite, eu queria muito. E havia tentado fazer isso nos últimos cinco dias, mas ele não aparecera na escola. Quando eu olhei para a cadeira vazia à minha esquerda na aula de história, percebi que hoje não seria diferente.

(...)

- Ela era do último ano. Me falaram que ela engravidou no início das férias de inverno, se desesperou e saiu da escola. Vai entender...- Leyla bebia sua Coca Diet e mexia nos pingentes de uma nova pulseira da Tiffany's enquanto falava com desdenho sobre uma veterana no almoço.

- Eu acho que faria o mesmo.- disse Rebecca, rindo baixo- Deve ser horrível.

- É, mas para isso, você precisa transar.- ela respondeu maldosa e Rebecca parou de rir na mesma hora. Golpe baixo.

- Se diz isso, é porque você já...?- perguntei insegura.

- Ah, Lorie. Não banca a inocente.- ela riu de lado.- Aposto que você já tinha pensado isso de mim.

- Pensei. Mas sabe, eu não acho legal julgar alguém só por parecer uma piranha.- falei, sorrindo igualmente cínica. Péssima escolha de palavras. Afinal, Lorie, você é ou não é feminista?

Os olhos de todas as outras na mesa se revezavam entre mim e Leyla, arregalados pela surpresa de uma frase daquelas sair justamente da minha boca. Ainda mais direcionada à pessoa que nenhuma delas sonharia em enfrentar.

- O que você disse?- ela semicerrou os olhos.

- Oh, meu Deus, Leyla. É só uma brincadeirinha. Cadê o seu senso de humor?- eu ri.

Violet e Becca me acompanharam, rindo tímidas e desconfortáveis; Leyla também riu depois, satisfeita pelo que eu, aparentemente, havia me tornado. Pude sentir Angelica tremer ao meu lado enquanto eu ria, o veneno escorrendo devagar no canto da minha boca.

(...)

- Mas no que você estava pensando, Lorie?!- Angelica quase gritou no banheiro feminino.

- Eu cansei, Angel. Não quero mais esse grupo, não quero saber da Leyla e não me importo com o que eu posso ou não dizer para não entrar na listinha negra dela.- ela arregalou os olhos.- Você era amiga do Nate, e eu acho que posso dizer o mesmo de mim. Então por que não tentamos isso?

- Falar com o Nate? Fala sério! Ele prefere morrer a ser meu amigo de novo.- seus olhos pareceram tristes quando ela disse a última frase.- Por que acha que ele iria me ouvir?

- Sinceramente, não acho. Mas não temos escolha a não ser tentar, temos? Pensa bem, você poderia se livrar delas. Só me leva aonde ele mora.

- Tudo bem, mas a ideia é toda sua.

- Eu assumo o risco.- sorri.

(...)

- Você tem certeza que é aqui?- perguntei.

Depois da aula, nós duas havíamos saído apressadas pelo caminho que Angelica dissera ainda se lembrar muito bem. Não era longe, e o bairro parecia ser legal, mas era diferente quando estávamos realmente de frente para a casa do Nate. A casa não era grande e a tinta amarela desbotada dava um ar de tristeza àquele lugar.

A NinfetaOnde histórias criam vida. Descubra agora