Capítulo III. Fotografia

38 2 2
                                    



Youra

A imagem de Taehyung alterado dançava em minha cabeça o tempo todo. Sabia que ele era um homem soturno e que passava todos os dias sozinho naquela casa, no entanto eu não sabia o que ele era antes de vir para cá. Quais eram seus planos, com quem se relacionava e onde trabalhava.

Eu gostava de um homem sem saber nada dele., pensei ao soltar uma risada sem graça. Parece até aqueles filmes idiotas de romance. Mas, de fato, era uma verdade que eu tive de aceitar. Taehyung tinha uma beleza oblíqua e, tinha mais a pura certeza, quando saia de casa, ele deveria atrair olhares de várias pessoas. Eu não era a única e sabia disso.

Entretanto, não podia ser apenas esse motivo que estivesse nutrindo sentimentos por ele. O seu passado taciturno despertava uma curiosidade adjacente ao temor que, se eu conseguir conhecê-lo melhor, poderia me decepcionar.

Dedilhei sobre o caderno, o qual havia aberto para estudar fazia mais de meia hora e nenhum traço de tinta preenchia a superfície branca. Repousei minha mão sobre o rosto e suspirei lentamente, desejando que So Ah aparecesse para me dizer o quanto idiota estava sendo.

Joguei minhas costas para trás e meus braços para cima, encarando meu teto. Tombei minha cabeça para o lado da janela na esperança de ver Taehyung em sua varanda, porém sua casa parecia vazia.

O azul cerúleo pintava o céu em camadas de pingos brancos, um vento trilhava as ruas e senti uma gota de suor se formar em meu rosto. Estava quente.

— Youra! — Uma voz estridente de uma visível alegria soou no andar de baixo, do lado de fora de casa.

Aproximei-me da janela e vi Hoseok balançando os braços para mim, um sorriso galhofeiro brincava em seus lábios. O celular pulava de seu bolso conforme ele se mexia para chamar minha atenção, parecia que me contaria algo inverossímil.

— Desça!

Sem exigir mais um segundo de seu tempo, desci as escadas de casa e abri a porta. No mesmo instante, Hoseok passou o braço envolta de meu pescoço e jogou seu peso sobre meu corpo, cambaleei alguns passos e, quando recuperei meu equilíbrio, ele mostrou a tela do celular para mim.

— Adivinha quem tem um encontro com a irmã do Seokjin?

— Como você conseguiu arranjar um encontro com Mi Hee? — Perguntei, premonitória.

Sua expressão se fechou e desfez o contato físico, cruzou os braços sobre seu peito e bateu o pé no chão com a insistência de uma criança contrariada.

— Saiba que foi ela que veio de conversa. — Respondeu e, logo após alguns segundos, abriu um de seus melhores sorrisos. — Ela é tão inteligente!

— Acho que alguém vai subir a média anual. — Provoquei ao arquear o sobrolho.

O pômulo das bochechas de Hoseok se adornou em um tom mais róseo e ele levou a mão ao cabelo, bagunçando-o.

— Sabe — comentei, fingindo distração. —, fico feliz por você. Finalmente vai andar nos eixos que faltam.

Ele balançou a cabeça, parecendo despertar de bucólicas meditações e checou as horas no celular. Seus olhos escuros se arregalaram e ele saltou para trás, pronto para correr.

— Eu estou atrasado! Amanhã a gente conversa!

Antes que ele pudesse desaparecer por entre as casas, eu desejei a ele boa sorte e me escorei na porta de casa, esperando a silhueta dele se confundir com as sombras das árvores. Suspirei, feliz por ele finalmente conseguir sair com Mi Hee, há algum tempo ele já gostava da menina e fazia de tudo para chamar sua atenção. No entanto, ela era tímida demais para trocar algumas palavras com ele, cuja alegria resplandecia seja o lugar que estivesse.

Fotografia DesbotadaOnde histórias criam vida. Descubra agora