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O trabalho naquela semana estava cheio de negociações, contratos, demos, demos e mais demos. Gerard arrastou os pés a semana toda, fingindo que não sabe o que é a única coisa que o está mantendo de pé.

E, certamente, Frank está de volta ao mesmo palco quando a sexta-feira chega. Ele senta na beirada com os pés balançando novamente e nem sequer traz o microfone com ele, então Gerard é forçado a abandonar o bar e ficar na frente apenas para ouvi-lo.

Vale a pena. A voz de Frank não é típica, mas é boa, e combina perfeitamente com a maneira como ele toca guitarra - o instinto de Gerard diz a ele, mais uma vez, que é isso. E o instinto de Gerard nunca erra. As demos que se danem.

A melhor parte, no entanto, é ao final dos sete minutos de Frank, quando ele olha para cima e avista Gerard. Todo o seu rosto se transforma em surpresa por apenas um segundo antes de voltar à indiferença, mas é o suficiente. Frank se lembra dele. Gerard sabia que havia feito a decisão certa ao voltar.

"Eu pensei que tinha te falado que eu não estava interessado", Frank grita para ele uma vez que sai do palco, se afastando de Gerard e indo para o bar. Gerard o segue, cotovelando pela multidão do fim de semana, mas só porque queria uma bebida.

"Eu sei que você não está interessado", diz Gerard enquanto Frank apoia o violão no banco. "Mas eu ainda estou."

Frank chama a atenção do barman e levanta um dedo. "Você não está usando óculos escuros", ele diz a Gerard sem olhar para ele. "Por mim?"

"Não", Gerard mente. "Isso é para que eu não pareça um idiota. O que você tocou essa noite foi muito bom. Você que escreveu?"

"Sim, fui eu." Então, com um pouco mais de indignação: "Você queria me contratar semana passada sem nem saber se eu escrevia minhas próprias músicas?"

"Mesmo que você não escrevesse, nós temos letristas que trabalhariam com você", diz Gerard, brincando, sem perceber que Frank ficou chocado com a ideia. Porra. Ele esqueceu o quão irritantemente sensíveis cantores e compositores podem ser. "Mas eu imaginei que fossem originais", ele cobre rapidamente. "Você faz o tipo."

"Obrigado", Frank diz, seco.

"Então, eu suponho que você reconsiderou a minha oferta?" Gerard tenta sinalizar ao bartender, mas não tem sucesso. Ele finge que não percebe o sorriso zombeteiro de Frank.

"O que, para ser uma grande estrela e fazer camisetas ruins com o meu nome nelas?" Frank diz em falsa admiração. O filho da puta realmente olha para Gerard e pisca inocentemente. "Nossa, eu não sei. Você viu que eu tenho um belo arranjo por aqui," continua, irônico.

Gerard analisa de soslaio o lugar, agora esvaziando rapidamente. Um vidro quebrado cintila no chão. "Eu acho que posso te tratar melhor do que o circuito de open-mic."

"Agora você está propondo um tipo totalmente diferente de contrato". Frank sorri amplamente. Gerard está começando a achar que prefere o gelo da semana passada. Isso é só uma tática para afastá-lo, mas Gerard sabe ser teimoso.

"Podemos falar disso mais tarde", diz Gerard. "Por enquanto, quero que saiba que minha oferta ainda está de pé."

"Assim como a minha recusa." Frank pega um tanto de dinheiro, coloca ao lado de seu copo quase vazio e pega seu violão. Ele diz: "Pegue um táxi para casa se precisar, tá?" E então vai embora.

*

Na manhã de segunda, Gerard transita de sua mesa à sala de descanso sem parar ao que escuta demo atrás de demo, bebendo o equivalente ao seu peso em café para não cair no sono devido ao tédio.

The Scene Is Dead (tradução)Where stories live. Discover now