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Quando Gerard liga seu celular na manhã seguinte, ele nota uma chamada perdida de um número desconhecido com o DDD local.

Isso o atinge de uma só vez. O estômago de Gerard cai como pedra.

Se Frank guardou seu cartão de visita, ele teria o número de Gerard. Ontem foi sexta-feira. A noite em que Gerard sempre vai vê-lo se apresentar. E a semana em que ele acidentalmente não aparece acontece logo depois que eles transaram.

Não tem como Frank ver inocência nisso.

Ele anda de um lado para o outro pelo quarto e depois pela cozinha quando não consegue mais ficar olhando para as mesmas paredes, roendo as unhas até o talo. A ligação poderia ter sido engano, ou talvez um operador de telemarketing.

Mas o instinto de Gerard diz outra coisa. E o instinto de Gerard nunca erra.

Ele bebe uma xícara inteira de café e depois liga de volta.

Frank atende no terceiro toque. Uma versão mais nasal da voz dele acusa: "Ah, então você está vivo."

A irritação surge em Gerard instantaneamente, mas ele tenta empurrá-la para baixo, pelo bem de ambos. "Frank─".

"Eu só liguei ontem à noite para ter certeza de que você não estava a sete palmos da terra, ok? Eu também estava meio bêbado. Não dê importância."

"Eu não me importei", Gerard quase sibila. "Mas tudo bem admitir que sentiu minha falta, idiota."

"Você quer que eu minta para você?" Frank pergunta com firmeza. Gerard realmente o despreza.

Inspira pelo nariz, expira pela boca. "Não foi por causa do que aconteceu semana passada. De verdade. Eu só tive que trabalhar até tarde e me distraí."

"Uh huh", Frank murmura. "Tudo bem. Você só tem me perseguido obsessivamente por mais de um mês. Eu entendo como isso é fácil de esquecer," ironiza.

"Mas eu esqueci", salienta Gerard. Deus, por que ele se importa com o que Frank acredita mesmo? Ninguém mais, ninguém, consegue o irritar assim. "Mas, olha, você quer boas notícias? Todos no meu escritório acham que você é um gênio musical. Sinto muito que não consegui ir na porra do seu open-mic, mas isso tá bom pra você?"

Quando a voz de Frank volta, é baixa e tensa. "Como todos no seu escritório sabem como é minha música?"

"Só meu chefe e um amigo, na verdade", diz Gerard enquanto encara a geladeira. Talvez ele tenha uma boca grande e não tivesse a intenção de trazer isso à tona ainda, mas ele com certeza não vai se desculpar por isso agora.

"Eu não me importo quem ouviu", diz Frank. "A questão é como, Gerard."

"Você faz tanta questão de não ser um artista de gravadora e fazer o seu próprio trabalho", diz Gerard categoricamente, "e ainda assim você deixa discos demo em plena vista".

"Aquilo não era para você", Frank rosna.

Gerard agarra a tangente. "É, e quem é esse Hambone? Seu produtor? Namorado?"

"Um amigo", Frank cospe. "Um amigo que pode ouvir minhas demos porque ele não é um ladrão!"

"Você tem dois terços de um álbum!" Gerard grita de volta. "Você está de pé na porra do pedestal, porque você é muito bom e sabe disso, mas isso não significa nada porque você é um covarde que não quer lançar porra nenhuma! Os clientes de um bar que você frequenta toda semana não se importam com sua música. Eu me importo com sua música! E eu me importo com─," ele se interrompe.

The Scene Is Dead (tradução)Where stories live. Discover now