torment

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Inverno de 1998, Boston.
Estados Unidos.

A neve caia cobrindo todo o chão daquela rua deixando o "branco" predominante no local, ainda haviam luzes de natal decorando as casas de aparência padrão. O casal tinha um olhar apreensivo e preocupado, os olhos corriam por todos os lados procurando algum sinal de perigo, até que se aproximaram de uma casa como qualquer outra naquele bairro de classe média.

A mulher segurava o bebê com o olhar carregado de tristeza, podia sentir como se uma parte sua estivesse prestes a ser retirada, realmente estava. Ela amava aquela menina, tão pequenina, tão frágil, tão linda. Sentiu um amargor em sua garganta e tentou segurar as lágrimas que insistiam em cair, uma tentativa claramente falha.

Ethan. – a mulher segurou o braço do maior com certa força, os olhos marejados e a voz embargada pelo choro, era capaz de se sentir a dor na fala daquela mãe. — Nós não podemos...

— Samantha. – ele segurou com delicadeza o rosto daquela bela mulher. — Nós precisamos, ela irá ter uma vida de verdade aqui. Ela poderá ter um futuro.

— Você não está me dando escolha! – esbravejou chorando com os olhos irritados.

— Nós não temos escolha! – o homem de olhos azuis rebateu. — Você acha que eu escolheria fazer isso?!

— É a nossa filha. – ela disse quase num rosnado.

— E é exatamente por isso que estamos aqui, por que é nossa menininha e eu prezo mais do que nunca o bem maior dela. – se aproximou da recém nascida com um olhar carinhoso e triste sobre a mesma, desviou o olhar para sua amada e pela última vez se abraçaram como uma família.

Uma lágrima solitária percorreu o rosto do homem, deixaram o cesto na porta de madeira e junto a ele um bilhete com os dizeres:

"Prezado senhores,

Peço-lhes com toda bondade e misericórdia que guardam em seus corações, cuidem-a.

Por favor."

— Eu te amo minha estrela. – a mulher de cabelos negros como a própria noite deixou um colar com um pingente, Sirius. Simplesmente a estrela mais brilhante presente céu, poderia ser vista nas noites de qualquer ponto da Terra. — Minha S/n. – o aperto em seu coração era algo quase como a morte, naquele momento observou pela última vez sua filha, o homem deu um sorriso casto com os olhos marejados e então decidiram enfim que era hora de partir.

Apertaram a campainha que soou e saíram rapidamente do local, se esconderam atrás de um muro e observaram o casal pegarem o bebê com tamanha preocupação devido ao horário e ao frio do inverno. Sentiram um alívio mas ainda sim uma dor imensurável, os olhos azuis suspirou e guiou a mulher em seus braços para longe dali.

Longe das lembranças que poderiam fazer como uma família, dos primeiros passos e falas que poderiam presenciar, os aniversários, os natais, feriados e etc. E principalmente dos longe pais que poderiam ter sido.

Entraram no carro no qual haviam roubado dias atrás, o homem dirigia por uma rodovia em direção a qualquer lugar que os mantivessem em segurança enquanto no banco do carona, Samantha tinha os olhos distantes, algumas lágrimas percorriam a pele alva de seu rosto porém não a incomodava, seus pensamentos era seu único incômodo. Eles a julgavam a todo instante e afirmavam o quão ruim ela era por ter feito tal ato como aquele, até ouvir um disparo contra o carro, o vidro se estilhaçou e o automóvel se virou com violência.

— Vocês! – a voz soou alto vindo de um helicóptero e a luz sobre o automóvel. — Parados!

Ela olhou ao seu lado e Ethan havia sido acertado, em seu peito. O sangue escorria e ele sentia que eram seus últimos segundos, segurou o rosto de sua amada e depositou um beijo em seus lábios.

— Eu te amo. – disse num sussurro e encostou as testas num gesto tão significativo. — Fuja daqui. – conseguiu dizer antes dos olhos azuis se fecharem, já sem vida alguma.

— Ethan! – a mulher gritava chorando e fazendo massagem cardíaca no corpo numa tentativa falha de reanima-lo. — Eu não posso perder você também... – segurou o colarinho da camisa do mesmo e se deixando por chorar ali.

— É uma cena trágica, com certeza. – a revolta foi como um gatilho para a raiva subir até seu cérebro a consumindo por completo. — Vocês tiveram uma linda filha... – o homem que liderava o pequeno exército ali presente disse.

— Não ouse falar sobre ela. – esbravejou ainda de costas, não queria olhar nos olhos do responsável por todo sofrimento em sua vida.

— Eu espero que ela não se lembre de você. – atirou sem exitar e o corpo da mulher caiu sem vida.

n/a: ansiosos para o próximo? é, eu também.

strenght | cc + you Onde histórias criam vida. Descubra agora