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Me levantei e fitei a cama onde Camila ressonava tranquilamente, sorri involuntariamente e fui até o quintal. Eu costumava me sentar nos degraus em frente a grama e admirava o céu, e assim o fiz sentindo a sensação da brisa fria da noite percorrer minha pele me fazendo arrepiar, por tantas noites me pergunto se vim de alguma galáxia distante como o Superman ou sei lá. Talvez eu seja uma extraterrestre ou apenas uma aberração mesmo, às vezes tudo o que eu queria era ser como qualquer humana da minha idade, Selena por exemplo, ela não faz idéia de como a vida dela é invejável. Sem sirenes, sem criminosos para prender, sem viver "atrasada" o tempo inteiro, sem esconder sua verdadeira identidade.

— Ei, aconteceu alguma coisa? – escutei a voz serena da latina, me virei e a vi com os olhos ainda estreitos pelo sono e os braços encolhidos em seu suéter devido o frio.

— Não. – soltei um sorriso casto devido a cena esquecendo completamente minha linha de pensamentos, não é culpa minha ela ser tão perfeita. — Vem cá, senta aqui. – então, ela o fez e fitou o céu.

— Em que tá pensando? – perguntou sem pretensão.

— Você. – disse fitando seus lábios, eu não podia mais conter aquele sentimento por ela. Esse jogo de palavras e de gentileza, o teatro de boas amigas, tudo isso está me fazendo perder a cabeça. Desde seus olhos até o seu jeito de arrumar o cabelo, eu sei que não é o certo porque ela pode correr tantos riscos mas por uma vez na vida, eu não quero pensar nas consequências e sim, no agora. E eu sei que agora, eu a quero como nunca quis alguém em toda minha existência.

Então ela arqueeou as sobrancelhas e riu levemente negando com a cabeça, umedeceu os lábios e olhou em meus olhos, nós perdemos em nossas órbitas e sequer notamos que estávamos nos aproximando, nossos corpos agiam como ímãs e não podíamos lutar contra a atração inevitável.

— Me diz o que você tá pensando... – sussurrei contra seus lábios sentindo seu toque me embriagar.

— Eu vou te mostrar. – então selou nossos lábios num beijo, minhas mãos foram até sua nuca e em sua língua pude provar o paraíso. — Pensei que nunca iria acontecer. – ela disse rindo quando separamos os lábios e eu acabei por rir também. — S/n, você é muito lerda.

— Desculpa, eu tava tã- – me beijou novamente.

— Shh, agora me deixa aproveitar. – sorri em meio beijo.

(...)

Havíamos acabado de almoçar e Camila começaria sua pesquisa hoje, eu iria acompanhá-la e ajudar a mesma, segundo ela iríamos contar com a ajuda de um grande amigo e eu estava ansiosa. Abri a caixa onde guardava o meu pingente e o analisei como de costume.

— Pronta? – a latina perguntou entrando no quarto e guardei o mesmo imediatamente no bolso assentindo.

Pegamos um táxi e fomos até o local marcado, um trailer que estava encostado num beco qualquer.

— Isso é confiável? – perguntei a mulher e ela soltou uma risada dando um tapinha em meu rosto.

— Você é muito medrosa. – zombou.

— Não é ser medrosa, é ser sensata. – eu disse enquanto caminhavámos até a porta do automóvel, ela então bateu na porta. — Isso me parece muito com um trailer de tráfico de órgãos.

— Eu não tráfico órgãos. – a voz masculina disse rindo e minha feição morreu na hora ao fitar o rosto do homem. — Entrem logo. – entramos e eu continuava com meu cenho franzido e o maxilar travado, isso não podia estar acontecendo.

— Shawn! – a latina enlaçou o maior num abraço. — Estava com saudades seu imbecil. – então eles riram. — A propósito, esta é S/n, uma... amiga.

— Ah claro, é um prazer sou Shawn. – apertou minha mão e minha mente ainda estava em pane. — Melhor amigo da Mila. – abraçou a mulher de lado.

Era ele.

Doutor M.

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