Caminhei com passos lentos atravessando a rua em meio buzinas e xingamentos mas ignorei todos eles, eu estava área ao ambiente e meus olhos estavam totalmente voltados para aquela cena, poderia ser uma miragem de alguma obra dos meus sonhos. Mas era apenas ela e todos os detalhes que a acompanhavam, era o suficiente para me deixar completamente hipnotizada.
— Maluca! – um dos motoristas de um daqueles clássicos táxis amarelos gritou buzinando e eu levantei minha mão num sinal de "pare" continuando a caminhar ainda com meu olhar em Camila.
Quando cheguei ao outro lado adentrei no local, me aproximei e dei um leve sorriso e as íris castanhas se levantaram em direção a mim, respirei fundo e me assentei ao seu lado.
— S/n... – murmurou e fechou o livro balançando a cabeça dispersando os pensamentos. — Hum, sente-se. – assim o fiz e não pude deixar de ler o título do objeto na mesa.
— "Laranja Mecânica"? – perguntei e ela deu um sorriso sem dentes assentindo com a cabeça. — Você tem um bom gosto.
— Então você já leu? – me perguntou com um olhar desafiador apoiando o rosto em uma das mãos.
— "um homem que não pode escolher deixa de ser um homem". – retruquei e ela sorriu mordendo o dedo anelar fitando meus olhos, admito que tal gesto me instigou ainda mais.
— As senhoritas gostariam de algo? – um garçom se aproximou e disse cortando nosso contato visual, suspirei e concordei.
— Um café forte pra mim e você? – perguntei para a morena.
— Um capuccino com dose extra de caramelo. – ela disse enquanto o garoto de cabelos ruivos anotava.
— Certo. – o mesmo disse antes de sair.
— Dose extra de caramelo? – eu disse rindo e ela negou com a cabeça acabando por rir também.
— É muito bom, o que eu posso fazer? – levantou os braços em rendição.
— Me diz sobre você... – umedeci os lábios levando meu olhar para minhas mãos antes de apoiar meu rosto em uma delas para admirar os traços da mulher.
— Eu não sou interessante. – ela disse desviando seu olhar de meus olhos.
— Ótimo, temos algo em comum. – respondi arqueando as sobrancelhas o que arrancou um leve riso dela.
— Eu duvido, você aparenta ser aquela que todos adoram. – revirou os olhos e o garçom caminhou até nossa mesa com as bebidas, colocou sobre a mesma dando um sorriso sem dentes e saindo para atender outras pessoas. — Viu só? – pegou seu copo e assoprou o líquido antes de bebê-lo.
— Ele estava sendo educado e você errou feio. – eu pisquei para ela antes de tomar meu café e logo me arrependi, estava muito quente e eu acabei por queimar minha língua. — Merda. – murmurei afastando o copo de meus lábios o mais rápido possível.
— Ah que otária. – comentou rindo e eu neguei com a cabeça acabando por rir também, peguei um guardanapo e me limpei.
— Eu sou a pessoa mais desastrada e atrapalhada do mundo, tenha isso em mente. – eu disse e ela arqueou as sobrancelhas.
— Não é muito difícil de perceber né S/n? – comentou e eu cerrei meus olhos divertida.
— E você? Algo que eu deveria saber?
— Hum, eu sou completamente viciada em cookies. – ela disse e eu não consegui segurar a risada.
— Quantos anos você tem Cabello? – perguntei rindo e ela me deu um leve empurrão.
— Ei?! – me repreendeu. — Eles são saborosos e crocantes, há algo melhor?
— Meus pais faziam pra mim quando eu era criança, era tão bom. – eu disse nostálgica.
— E eles ainda estão...
— Ah sim, eles ainda estão vivos. – sorri e ela respirou aliviada. — Eles moram em Boston, eu vim para a faculdade e acabei por ficar.
— Céus que alívio. – nós rimos antes da mesma dar um suspiro. — Entendo, os meus estão em Miami. – seu semblante tomou um ar de seriedade.
— Quer falar sobre? – perguntei e ela desviou o olhar de mim fitando um canto qualquer, de repente a mulher estava distante.
— Não é nada demais, apenas uns problemas. – deu ombros tentando disfarçar os olhos marejados, aquilo partiu meu coração por completo.
É notável o quão aquilo deveria ser delicado e complicado para a mesma, então ofereci um sorriso acolhedor e a morena fez o mesmo.
— Você ainda não acabou seu capuccino. – eu disse tentando recuperar o clima de descontração, ela deu um sorriso casto.
— Tem razão. – terminou sua bebida assim como eu e concordamos em caminhar um pouco.
— “Bom dia novaiorquinos! E ontem Sirius foi vista em um salvamento de incêndio, a heroína mascarada é o assunto mais comentado nas redes sociais e continua a intrigar as autoridades.” – a voz na tv de um estabelecimento ali perto soou e eu cerrei os olhos.
— Possuí algum palpite sobre quem seja? – ela perguntou chutando pedrinhas pelo chão e eu engoli em seco.
— Não, não faço idéia, quer dizer pode ser qualquer um.
— Com certeza é uma maluca voando por aí usando lycra. – comentou rindo.
— Pois é. – forcei uma risada então minha audição captou a voz da locutora de um rádio qualquer em um carro que dizia sobre certa perseguição policial. — Eu preciso ir. – fingi olhar as horas em meu relógio de pulso.
— O qu-
— Te vejo depois Camila. – caminhei rapidamente para um beco qualquer me trocando e decolando para o local.
Hora do trabalho.
[...]
“A perseguição continua na avenida principal, o carro identificado como um Ford Focus 2002 azul está claramente desgovernado e os pedestres estão apavorados, o suspeito é um ladrão de carros que já havia passagem na polícia...”
Pousei brutalmente na frente do automóvel e o parando com minhas mãos, caminhei até a porta e tirei o homem de lá que sacou uma faca de seu bolso.
— Se afaste! – ele esbravejou.
— Is-Isso é um-uma fa-faca? – eu disse encenando uma falsa intimidação e me ajoelhei. — Facas são mi-minha fra-fraqueza.
— É uma faca sim. – ele continou a aponta-la em direção a mim.
— Uma faca de verdade?
— É, uma faca de verdade. – ele se aproximou e eu dei uma risada antes de pegar a arma branca de sua mão e joga-la no chão em milésimos. — Mas o que- – desferi um soco em seu rosto e o mesmo caiu no chão grunhindo
— Ah foi tão fácil. – continuei a rir e a polícia interviu pegando o sujeito dali e o algemando caminhando o homem mais velho até a viatura.
Observei a cena antes de perceber a aproximação dos repórteres e as câmeras, fiz uma continência de dois dedos para eles antes de levantar vôo dali como um bala.
n/a: comentem :)

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strenght | cc + you
Fanfictionna qual camila é uma jornalista que se apaixona por s/n, fotógrafa e super heroína nas horas vagas.