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“— Teremos que interromper a enquete do dia para uma transmissão ao vivo de uma tentativa de assalto no banc-” – a voz do jornalista anunciou pela televisão e eu pigarreei.

— Eu tenho que ir, preciso resolver umas coisas em casa. – eu disse me levantando para a morena em minha frente.

— Ah, então eu vou com você eu també-

— Não precisa. – eu me apressei em dizer. — Relaxa, sério. – dei um beijo em sua bochecha deixando a mulher sem tempo de fazer algo.

Saí pela porta caminhando em direção a um beco deserto onde tirei minhas roupas, meu uniforme estava por baixo então foram questões de milésimos até eu estar com a máscara negra cobrindo meu rosto. Respirei fundo antes de levantar vôo, cortei o céu e sobrevoei as ruas nova iorquinas como uma bala disparando todos os alarmes dos carros ali estacionados.

— É a Sirius! – um homem disse alto com animação apontando em direção a mim.

— Oi pedestres! – eu disse acenando para os civis indo em direção ao banco onde ocorria o assalto, em segundos e eu aterrissei causando rachaduras no asfalto abaixo de meus pés, eu estava na pequena área onde havia a distância dos carros da polícia e a entrada do prédio.

— Sirius! – um dos policiais disse com certa histeria ao me ver.

— Eles possuem reféns? – perguntei e ele assentiu com a cabeça.

— Também exigiram a sua presença e a da imprensa. – o chefe de polícia disse. — O que pretende fazer?

— Certo, hora dos adultos intervirem na brincadeira. – eu murmurei. — Apenas me cubram quando necessário. – eu disse para o homem de cabelos loiros.

Caminhei para dentro do banco e as armas se viraram para minha direção, cerrei os olhos.

— Vou ser boazinha e deixar vocês soltarem os reféns. – eu disse fitando minhas unhas num gesto satírico.

— Você vai nos ajudar a sair se não estouramos a cabeça desses otários. – um dos assaltantes mascarados disse apontando a arma pesada para o grupo de civis.

— Não vai querer fazer isso. – murmurei negando com a cabeça, um deles acenou com a cabeça e o outro disparou contra os reféns. Em milésimos eu estava como um escudo a frente dos inocentes que gritavam de pavor, ele descarregou a arma em meu peito que ainda permanecia intacto. Dei um sorrisinho de canto e fui até o atirador de maneira célere.

— Eu mencionei que eu sou a prova de balas? – eu disse antes de desferir um soco no queixo do homem que tirou os pés do chão logo caindo para trás dando um grunhido alto de dor. — Vão. – virei minha atenção para os civis que logo obedeceram correndo para a saída, eles tentaram disparar as metralhadoras porém em breve milésimos eu havia quebrado cada uma.

— Merda! – um deles praguejou e eu chutei o rosto do mesmo, o corpo caiu no chão e eu senti quase como um toque em minhas costas, era o último integrante com os punhos levantados em posição de luta e as pernas bambas pela tremedeira.

Virei minha cabeça lentamente com os olhos cerrados, dei um soco no rosto do homem que caiu nocauteado.

— Eu disse que você não ia querer fazer isso. – me abaixei dizendo para um dos assaltantes que ainda grunhia de dor no chão.

Caminhei até a saída do banco fazendo um sinal com a cabeça para o chefe de polícia que autorizou a entrada do restante dos policiais, logo o fizeram e não demorou muito para voltarem trazendo consigo os três assaltantes algemados, eles me fitavam transbordando ódio no olhar enquanto entravam nas viaturas. Eu realmente não me importava, cruzei os braços e senti uma mão em meu ombro me fazendo virar minha atenção para si.

— Está fazendo um bom trabalho Sirius. – o homem mais velho disse, acenei com a cabeça. — A população nova iorquina está com você.

— Agradeço o apoio. – eu disse para o loiro dando um suspiro, então alguns repórteres ali presentes vieram como uma pequena manada de animais em minha direção. — Até mais. – fiz uma continência de dois dedos e decolei velozmente.

[...]

Já em casa e no meu quarto eu estava a frente de meu armário, tirei minha máscara e encostei as costas na porta sentindo meus músculos reclamarem de dor, talvez fosse o stress. Dei ombros e meu olhar foi até o colar que minha mãe havia deixado, segurei o mesmo e não consegui segurar as lágrimas que insistiam em cair.

— UM MALDITO COLAR! NEM LEMBRANÇAS VOCÊS SE QUER ME DEIXARAM, APENAS ESSE LIXO! – gritei, eu não me importava e Selena não estava em casa de qualquer forma.

Lentamente minhas pernas foram perdendo força para me sustentarem, me abaixei ainda com a peça de ouro em mãos. Fechei meus punhos assim como meus olhos, me permiti chorar pois eu me encontrava perdida, eu não sabia de absolutamente nada.

Era uma frustração imensurável saber que você não sabe sequer sua origem, a raiva consumiu meu corpo e eu joguei aquele colar dentro de meu armário o fechando com brutalidade. Encostei minhas mãos na escrivaninha respirando fundo e me recordando de meus verdadeiros pais, aqueles que me deram atenção, carinho e cuidado como uma verdadeira família faria.

Cerrei meus olhos e fui até o banheiro me despindo, a água caía sobre meu corpo relaxando cada músculo que havia em mim. Eu não sei ao certo quanto tempo demorei no chuveiro, mas quando saí de lá escutei a voz de Selena, provavelmente com alguém no telefone.

— S/n? – chamou pelo meu nome caminhando até meu quarto, em breves segundos eu havia guardado meu uniforme que estava jogado pelo chão do quarto e vesti uma roupa casual, coloquei meus óculos e peguei um livro qualquer como se estivesse lendo deitada em minha cama. — S/n? – a mulher colocou a cabeça para dentro do cômodo e eu abaixei o livro virando minha atenção para a mesma.

— São seus pais no telefone. – fui até ela pegando o aparelho de sua mão colocando sobre meu ouvido.

— Oi filha, tudo bem? Como está sendo no jornal? – era meu pai Nicholas, dei um sorriso ao escutar sua voz, devo confessar que estou morrendo de saudades.

— Oi pai, estou bem e os senhores? Meu trabalho está como sempre e aí? – perguntei e ele deu uma leve risada.

— Seu pai Timothy e eu estamos bem, talvez iremos para Europa na próxima semana. – eles sempre viajam e eu achava mais do que justo eles curtirem a aposentadoria pelo mundo.

— Isso é ótimo pai. – eu disse e começamos uma conversa, apenas mantendo o papo em dia. Eles sabiam que eu eu era a Sirius mas preferiam não falar sobre pois achavam arriscado demais e não concordavam com tal.

— E você? Quando vai nos dar um genro ou uma nora? – meu pai perguntou e eu revirei os olhos.

— Pai, vamos pensar apenas na minha carreira agora certo? – eu disse e ele deu uma risada, acabei por rir também.

— Não há ninguém em especial? – o mais velho perguntou do outro lado da linha e por breve segundos eu permaneci em silêncio me recordando dos olhos castanhos.

— Hum, tem uma mulher. – eu disse e ele deu um grunhido histérico. — Ela é extremamente linda, eu mal a conheço mas ela me faz sentir estranha.

— Vá em frente e a conquiste.

— É, talvez. – murmurei levantando meu olhar para meus pés.

Ficamos um bom tempo em ligação até ele dizer que precisava desligar pois tinha aula de pilates, coloquei o telefone no gancho e me assentei ao lado de Selena no sofá. Ela via um filme e tinha um balde de pipocas entre as pernas.

Peguei um pouco colocando em minha boca e ela fez uma expressão de desaprovação, não conti a risada e ela negou com a cabeça rindo, o final da noite se resumiu em brincadeiras e conversas.

n/a: como estão?? comentem bastante aí.











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