Capítulo 2

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Anastasia parou de respirar por uma fracão de segundo. No ins­tante seguinte, virou-se para sair da sala. Já fora o bastante o que aquele indivíduo fizera, outro dia, no restaurante. Não ia agüen­tar mais essa.

— Ei! Espere aí! — O rapaz contornou a escrivaninha em pas­sos largos, e tratou de barrar-lhe o caminho para a porta. — Aon­de você vai?

— Embora — foi a resposta seca.

Ele ficou entre ela e a saída, parecendo acostumado a esse tipo de manobra.

— Olhe, eu... Desculpe-me, está bem? — O tom de voz, contri­to, era apropriado à situação. — Fiquei surpreso ao vê-la aqui e... Bem, fiz uma piadinha de mau gosto.

Ela permaneceu impassível, observando aquele sorriso atraente e os olhos verdes que haviam tomado conta de sua imaginação nas últimas semanas.

— Isto parece ser um hábito seu, sr. Grey! — afirmou Anastasia, em tom gélido.

Ele piscou várias vezes, desconcertado.

— Bem, sim... Quer dizer, não! Ora, até pode ser... — admi­tiu, por fim. — Quero pedir desculpa. O que a trouxe aqui, Anastasia, isto é, senhorita?...

— Steele.

Ela informou o sobrenome, porém a contragosto. Queria dei­xar claro, mesmo sem dizer nada, que permanecia ali só por causa da relação comercial entre um possível cliente e a Floricultura Copo-de-Leite. Estendeu uma relutante mão.

— Sou a proprietária da Copo-de-Leite, sr. Grey, e gostaria de discutir projetos sobre o Amber Rose Hotel. Acredito que pos­so oferecer melhores serviços, e com melhores preços, do que os que estão tendo atualmente.

Apertando a mão da moca por alguns segundos a mais do que seria apropriado, Christian Grey, por fim, fez um gesto na direção de uma poltrona.

— Por favor, vamos sentar.

Sentou-se na confortável cadeira atrás da mesa e, juntando os dedos das mãos, fez o possível para retesar os músculos de manei­ra evidente.

— Diga-me, srta. Steele — disse e exibiu, também, o mais atraente sorriso —, por que insistiu em conversar comigo, quando este assunto deveria ser tratado com nosso departamento de compras?

Ela cruzou as mãos sobre o colo, ainda sentindo uma curiosa sensação na mão que ele apertara. A verdade é que seus pensa­mentos estavam confusos. Uma voz dizia:

"Que há, Anastasia? Acha que um imbecil desses seria capaz de fazer você se apaixonar?"

E outra voz respondia:

"Eu não acho: tenho certeza!"

Depois daquela luta doida, ela conseguiu voltar a si e responder:

— Tentei falar com o sr. Quelling, chefe do departamento de compras de seu hotel. Apesar de muita luta não consegui nem se­quer chegar até a porta do escritório dele. Foi então que descobri que a floricultura que fornece para o Arnber Rose Hotel é de pro­priedade do irmão do sr. Quelling. Talvez o senhor já saiba disso...

Christian Grey encarou-a, sem nada revelar em suas feições.

— Continue, por favor.

— Bem, acontece que também sou uma freqüentadora de seu hotel... do restaurante, ao menos. E gosto do atendimento. É por isso que me preocupa, como cliente e como fornecedora, ver um serviço de floricultura de segunda, que provavelmente custa o do­bro do que vale.

Um marido para chamar de meuOnde histórias criam vida. Descubra agora