Capítulo 18

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(...)

   Depois de algumas horas, acabei adormecendo no colo de Loki, havia noites que eu não conseguia dormir direito sempre os sonhos estranhos. Sou levemente balançada por alguém, abro os olhos lentamente enquanto me espreguiço, viro o pescoço pro lado ouvindo um estalo, vejo Loki me observando.

-O que foi?-Digo, minha voz sai sonolenta, e meio baixa.

-O julgamento da velha acabou, vamos, ele vai te chamar pra explicar as coisas, não estranhe o fato dele não ser amoroso nem nada.-Me alerta, Loki.

  Apenas suspiro, tantos assuntos pendentes que me deixam com certo pavor de tentar resolver-lós, mas é melhor dar uma chance. Retorno ao salão e lá estava Hades, apenas ele,  com uma expressão diferente, não sabia definir o que ele estava pensando.

-Oi, devo te chamar de papai?-Pergunto, ironicamente.

-Não.-Diz, duramente. Babaca.-Creio que Loki, espalhafatoso do jeito que é já deve ter lhe explicado boa parte da história.

-Sim.-Digo, dou os ombros, aquela história não me incomoda mais.

-Eu lhe devo uma explicação, do porquê ter aceitado isso e de ter me envolvido com sua mãe.-Diz, seus músculos se contraem o que me faz ter uma pequena dúvida de que aquele assunto o incomoda.

-Eu não quero uma explicação, tão pouco me importa o que você tem a dizer, apenas quero que me ajude a encontrar a espada de Sigurd e acabar com a guerra em Hellheim.-Digo, decidida.
 
     Por mais que toda população, exceto por mim, metade de Hell e Fenrir, sejam mortos, há algumas almas bondosas que residem Hellheim, aqueles que morreram em uma idade avançada que não fizeram nenhum mal para o mundo, eles não merecem serem perturbados, e lá é minha casa, eu tenho uma afeição por alguns cantos daquele mundo, e Hell é uma líder fiel e justa aos seus súditos, ela não merece seu reino destruído, e tolo é aquele que tenta fazer mal a ela e sua residência.

-Guardas foram enviados paras dependências de Hellheim e Asgard, esse assunto irá se resolver em breve, e sobre a espada de Sigurd, disponibilizarei um cão do inferno com um ótimo faro, e poderá contar com a ajuda de seu irmão, Nico Di Ângelo.-Diz. Hades mal olha para mim, seu olhar está fixo em meu pulso.-Por hoje você e Loki podem dormir aqui em minhas propriedades.

-Amanhã partiremos, não se preocupe.-Digo.

    Dou as costas e saio andando, achar um quarto aqui não era difícil, havia diversos quartos e estavam desocupados, fico em um quarto perto do jardim. O quarto tinha tons negros e vinhos, com móveis antigos na cor ébano, sobre a cama havia lençóis e travesseiros, também negros, tão semelhante a minha casa que me deixam nostálgicas.

   (...)

   Após ter me preparado para dormir, deito-me na cama e fico observando o teto, meus pensamentos já tinham se estabilizado, entretanto alguma coisa me deixava inquieta. A porta do quarto é aberta lentamente, me levanto um pouco para ver quem é, e vejo Loki entrar e em seguida fechar a porta.

-O que quer?-Pergunto, confusa.

-Coma.-Diz, me entregando um sanduíche.

-Mas você disse que não posso comer nada daqui.-Digo.

-Eu trouxe, não é daqui.-Diz.

    Dou os ombros tentando mostrar indiferença, ele se preocupou em trazer algo para comer, o que foi  gentil da parte dele. Pego o sanduíche, estava realmente faminta, mas sabia que não poderia comer nada por isso me mantive calada, Loki apenas me observava comer, era estranho, voltamos a nos falar tão naturalmente que até me esqueci o motivo de termos parado de nós falar, pensando bem eu me lembrei, mas não acho que deveria ficar chateada ou magoada por conta disso, se ele não quer, tudo bem, a vida continua.

-Partiremos amanhã cedo.-Diz, e eu digo que sim, dou as últimas mordidas no sanduíche.-Eu vou dormir aqui no quarto com você, é mais seguro.

-Acha que ele pode fazer alguma coisa?-Pergunto, seria muito estranho se ele fizesse algo, o que ele poderia fazer?

-Apenas acho melhor não te deixar sozinha.-Diz, ele se deita ao meu lado e vira de costas para mim.

-Mas...-Digo, confusa mas sou rapidamente interrompida por ele.

-Sem mais, criança.-Diz. Apenas respiro fundo e me viro pro lado oposto ao dele, fechando os olhos e torcendo para amanhã ser um dia bom e produtivo.

(...)

    Estava correndo entre as paredes de um labirinto, um rugido fora ouvido atrás de mim, virei me e lá estava um lobo gigante, não era o Fenrir, ele avançava cada vez mais, eu sabia que deveria correr e foi isso que eu fiz, corri com o máximo das minhas forças, até que cheguei a uma parede, não tinha saída, a não ser a que eu entrei, entretanto lá estava o lobo.
    Ele agilmente pulou em cima de mim, levantou sua pata e me arranhou no braço, fazendo com que um grito doloroso e involuntário fosse emitido pelos meus lábios, comecei a me debater na esperança dele sair de cima de mim, o que só o deixou mais bravo, seu peito estufado mostrava o sinal de que ele estava irritado com a minha relutância.
   Ele ficou em cima de mim por alguns segundos me olhando de forma tão intensa, estaria decorando minhas últimas expressões antes de me matar? Isso era provável, mas então, ele saiu, se afastou e virou as costas, seu corpo começou a se contorcer e bagulhos de ossos sendo quebrados foram possíveis de se ouvir, rugidos de dor eram emitidos da sua boca, e depois uma figura humana apareceu, era um homem, e ele estava nu.

(...)

Semideusa : A Filha de Hel e HadesOnde histórias criam vida. Descubra agora