Faltando apenas dez capítulos para o livro acabar, irei apresentar a nova semideusa, Selene, filha de Cleópatra.
(...)
Estranhamente, Loki já sabia onde procurar, a floresta que estamos adentrando é deveras amedrontadora, a cada passo sinto um medo inexplicável, por diversos motivos, um deles é cair, pois não enxergo, está frio, consigo ouvir o vento agredindo minha pele, e o batimento está ficando cada vez mais forte.
-L-oki?-Digo, tremendo, não consigo mais sentir sua presença, puxo a corda que estava amarrada no meu pulso, puxo até a corda chegar ao final, percebo que a corta fora cortada ao passar os dedos pela ponta.-Loki!-Grito.
Não acredito que estou sozinha, cega e com frio em uma floresta. Me sentei no chão, cruzei minhas pernas e me concentrei.
-Eu invoco aqui os elementais e os seres de luz dessa floresta, ajudem uma bruxa a chegar em seu destino.-Digo, de modo firme e calmo.
Escuto alguns barulhos, como se fosse pernas pequenininhas correndo, me sinto estranhamente quente e posso ouvir um tilintar.
-Aos seus dispôr, Milady.-Diz, uma voz meio fanha, escuto uma mãozinha na minha perna.
-Olá, por favor, se apresente, fiquei sem visão recentemente.-Digo.
-Sou Hodor, um duende, não deveria invocar os elementais dessa floresta, minha senhora, somos esquecidos e rancorosos, muitos poderiam tentar machucar a senhora por puro prazer.-Ao dizer as últimas palavras escuto sua voz ficar um tanto quanto maléfica.
-Creio, que não irão fazer nada com a filha dos deuses da morte, Hell e Hades.-Digo, decidida.
-Saia de perto dela, ser infame.-Uma voz ordena um pouco ao longe.
Escuto o duende correr para longe, e outro alguém se aproximar.
-O que faz aqui sozinha?-Diz, a voz, sou puxada para cima.
-Não estava sozinha.-Digo, o frio volta a me incomodar.
-Seria desonroso deixar uma dama aqui a deriva dos perigos da floresta.-Diz, sinto algo quente me envolver, como se fosse um manto.
-Obrigada, como se chama?-Digo.
-Eu sou Kai, filho de Tohopka, da aldeia powhatans, líder dos guerreiros vermelhos.-Diz, com uma voz decidida, como se tivesse falado aquela frase diversas vezes.
-Powhatans?-Uma vez, ouvi Heimdall dizer algo sobre essa aldeia, muitas almas tinham morrido.- Essa aldeia não foi morta?
-Vejo que conhece em parte nossa história, sou descendente de uma pequena família que teve a sorte de fugir quando dizimaram nosso povo e roubaram nossas terras, ao passar dos anos e da junção de outras aldeias nosso povo cresceu.
-Sinto muito.-Digo, realmente sendo sincera.
-Isso não nos afligem tanto, estamos seguros agora, cuidado.-Diz, me puxando para mais perto, posso escutar seu coração, o batimento se multiplica, e começa a aumentar conforme vamos andando, o barulho está ficando cada vez mais alto, me deixando com muita dor de cabeça.
-Está ouvindo? Esta muito alto.-Digo, não estava conseguindo ouvir minha própria voz, sinto que irei perder a consciência.
(...)
Recobro a consciência, meus pensamentos se ordenam e um instinto de sobrevivência começa a aflorar, estou deitada e há algo molhado nos meus olhos, coloco as mãos no pano e pronta para retirar escuto alguém dizer "pare."
-Não retire, contém ervas para lhe ajudar a recuperar sua visão, feitas pelo nosso ancião.-Diz, uma voz familiar, julgo ser Kai.-Como está se sentindo?
-Não me lembro muito bem do que houve.-Digo, incerta.
-Você acabou desmaiando na floresta, lhe carreguei e te trouxe para minha aldeia. Perdoe-me a indelicadeza, mas Onde conseguiu essa marca no seu braço?-Sua voz é carregada de curiosidade.
-É estranho, eu sonhei com um lobo, ele me machucou, e eu acordei assim, cega e com o braço machucado.-Digo. Penso em Loki, sinto sua falta, onde será que ele está? Espero que esteja seguro e bem.
-Posso tocar?-Pergunta, digo que sim, sinto seus dedos contornar a marca com cuidado.-Sinto algo estranhamente familiar quando toco em você.
-Já me viu antes?-Pergunto.
-Não pessoalmente.-Diz, sinto que ele não quer falar sobre isso, então apenas introduzo outro assunto.
-Eu estava acompanhada do Deus Loki, você o viu?-Pergunto, escuto um grunhir, uma espécie de rosnado.
-Loki.-Ele diz com agressividade.-Ele não é permitido andar sobre nossas florestas.
-Por que não?-Questiono.
-Há muito tempo, quando minha mãe adoeceu, nosso ancião não tinha poder suficiente pra curá-la, então ele evocou o Deus Loki, acreditando que ela estava assim por conta de algum feitiço ou energia, em vez de Loki ajudar, ele apenas nos usou.-Diz, escuto sua voz um pouco afastada.-Ele disse que minha estava doente por um castigo que os deuses nos deram, por mim não aceitar minha verdadeira essência, e segundo ele quando eu aceitasse ela ficaria bem.-Diz, com magoa.
-Qual é a sua verdadeira essência?
-Um lobo.-Diz.-Mas eu não tenho controle dele, quando me transformei em um lobo, eu acabei com a dor dela.-Diz, as últimas palavras com dor.
-Você não teve culpa, você não tinha como controlar isso, Kai.-Digo, com ternura.
-Eu deveria ter aprendido, eu sempre machuco as pessoas quando viro um lobo, é uma maldição.-Diz.
-A maldição pode ser uma benção, é só você aprender a usá-la pro bem, eu posso ajudar você, eu sei várias técnicas de autocontrole, e também sou uma bruxa, posso usar runas, símbolos antigos, tenho vários recursos.-Digo, decidida. Estranhamente me sinto na obrigação de ajudá-lo, não porque ele me ajudou, mas sim porque me importo com ele.
-Não quero machucar você.-Ele diz.
-Eu sei me cuidar, de modo algum irei permitir que você me faça mal ou faça mal a outra pessoa, tem a minha palavra.-Digo.
-Fico agradecido. Vou chamar o ancião para ver se você já pode tirar isso.-Diz, posso ouvi-lo sair do local onde estou.
Meu pensamento vagueia em Loki novamente, creio que o seu objetivo em fazer o Kai virar lobo era pra algo importante e não pra ele matar sua mãe, as coisas devem ter saído do seu controle, ele não faria isso por mal, Loki não é mal, é incompreendido.(...)
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Semideusa : A Filha de Hel e Hades
Fantasy" Essa é a jornada de Zara, uma filha de Hell e Hades, ou seja, uma deusa menor. Hell pede a Zara para levar um objeto precioso ao Deus Loki, mas invasores invadem Asgard e Hellheim a procura do mesmo, para se protegerem e proteger o objeto, a es...