(...)
Arrumei o quarto da maneira como desejava, com magia tudo fica mais fácil e acessível.
Após o banho, sentei na minha cama e chorei, chorei até secar todas as lágrimas que estavam guardadas em meu coração, chorei pelo sumiço de Loki, chorei por não estar mais em casa, chorei por medo, por amor e principalmente por solidão.
Tudo o que vivi até agora foi doloroso e inesperado, nunca imaginaria que passaria por isso, virar um lobo, viver em uma alcatéia, sair em busca de uma espada poderosa, compactuar com Loki e até gostar dele.
Os sons lá em baixo começaram a chegar aos meus ouvidos, aumentando esporadicamente, curiosa, decido descer e ver o que está acontecendo.
Uma das garotas que estavam cozinhando, Vitória, estava respirando de maneira estranha, ela estava toda vermelha e as coisas a sua volta estavam reviradas, do seu lado esquerdo estava um dos garotos segurando sua mão e Maia estava a sua frente lhe entregando um copo com um líquido preto azulado.-Tome calmamente, não há necessidade de pressa.-Ela diz de maneira calma. Ela me olha e vem até mim com o copo vazio.-Como você está?
A olho de maneira estranha e a sigo pra cozinha.
-Estou melhorando.-Digo.-O que ela tem?
-Vitória?-Ela pergunta e eu confirmo.-Bom, há um ano atrás houve uma batalha e nessa batalha, a Vitória morreu, fizeram um feitiço pra ela reviver, ele não funcionou de imediato, entretanto depois de um tempo ela voltou pra casa, a mesma, porém tinha algumas crises de raiva e o humor oscilava muito. A poção que eu dei pra ela ajuda a manter o feitiço e a controlar as crises por algumas semanas.
-Eu imagino como ela se sente, deve ser triste.-Digo.
-Eu estou acostumada.-Uma voz atrás de mim diz, a voz da garota.
-Boom, quem está com fome?-Questiona Maia, mudando de assunto.
(...)
O jantar não foi ruim, apenas ficou um clima estranho entre mim e o outro filho de Hades. Todos foram muito receptivos, tentando me incluir na conversa, perguntando coisas a fim de me deixar confortável, mas eu só conseguia pensar na minha mãe, no meu mundo, em como tudo estaria.
A noite já tinha caído há algumas horas, era tarde, poderia julgar ser duas da manhã, estava sentada no jardim, do lado de fora, em um banquinho, observava as estrelas enquanto pensava.
Escuto um barulho, como se fosse alguém andando sobre as folhas, entro em estado de alerta, materializo uma adaga e fico atenta a qualquer som, algo passa correndo alguns metros a minha frente, algo pequeno, depois algo passa na mesma direção.
Penso em uma vela se materializando em minha mão direita, acendo ela e aproximo do local que eu havia visto os vultos, havia alguns anões e dois gigantes de fogo, eles estavam ensanguentados e sorriam de maneira macabra, mas de alguma forma eles não me atacaram, só ficaram parados me olhando fixamente.-Se afaste, se for um pouco mais pra frente vai cruzar o escudo de proteção.-Uma voz masculina diz.
Instintivamente dou alguns passos para trás, apagando a vela e voltando a me sentar no banco, vejo que o portador da voz é Nico, meu meio irmão. Permaneço calada, de maneira lenta ele se senta ao meu lado.
-Eu queria pedir desculpas pela maneira que me portei no jantar, é difícil aceitar o fato que eu tenha outra irmã.-Ele diz.
-Eu entendo, agradeço por pedir desculpas, eu também não me esforcei para nós darmos bem, foi uma mudança muito brusca pra mim, muitas coisas aconteceram.-Digo com pesar.
-Eu vou ajudar você a se adaptar aqui, pras pessoas lá fora, vivemos como gente comum.-Ele diz, como se fosse o óbvio, como viver de uma maneira que eu nunca fui ensinada?
-Eu não sei como se vive de maneira comum.-Declaro. Ele sorri e começa a pensar.
-Você conhece a internet?-Ele questiona.
-Não, eu já vi os aparelhos que vocês usam, como o vídeo game.-Digo.
-Você precisa de um celular, é uma das coisas mais legais que eu já tive, faz de tudo, no começo é muito difícil de mexer, mas depois você se acostuma. Vou te ensinar tudo que sei sobre ser gente comum.
Começamos a conversar sobre tecnologia, coisas da atualidades e da nossa vida.
(...)
Retornei ao meu quarto de manhã, estava me sentindo feliz, mais aceita e mais em casa.
Era legal ter um irmão, era legal ter sobrinhos, eu gostava de ter uma família grande, mesmo que minha mãe faça uma falta imensurável, eu a amo e um dia vamos estar juntas novamente.
Estando junto a eles posso reconhecer a grande maioria dos meus sonhos, só duas garotas que ainda não vi, lembro dos sonhos onde eles batalharam, lutaram pelas suas vidas, alguns morreram, outros ficaram gravemente feridos.
Contar sobre meus sonhos para alguém como a Maia ia me ajudar a entender eles melhor, que são visões isso não é novidade, mas o que eu quero saber é a interpretação do sonho, algo me diz que ela pode ajudar.(...)
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Semideusa : A Filha de Hel e Hades
Fantasy" Essa é a jornada de Zara, uma filha de Hell e Hades, ou seja, uma deusa menor. Hell pede a Zara para levar um objeto precioso ao Deus Loki, mas invasores invadem Asgard e Hellheim a procura do mesmo, para se protegerem e proteger o objeto, a es...