O reencontro.

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"Não te liguei quando consegui seu número
Mas eu gostei muito de você
Todos me disseram que você era uma furada
Mas eu
Não consegui parar de me sentir daquele jeito no dia que seu CD foi lançado" -White Mustang, Lana Del Rey.

  Os Arctic Monkeys deram literalmente um show. Quando todos pensavam que tinha acabado, Alexander engajou inesperadamente 15 minutes do The Strokes. Talvez ele já estivesse bêbado e louco de Marlboro, talvez ele gostaria de deixar uma mensagem para uma moradora de Los Angeles que ele saberia que de alguma forma, ela estaria lá. Nem mesmo se fosse por lives ou ao vivo, ele saberia que a mensagem chegaria a ela.

 Mal sabia ele que ela se encontrava no local, observando tudo ao vivo com seus olhos brilhantes. Ela sentia a vontade subir ali e inesperadamente selar seus lábios nos deles que já permanecera secos e inebriar-se ao seu lado, mas apenas permaneceu ao meio da multidão, sendo engolida completamente.

Era enlouquecedor o que passava-se na mente problemática de Nightshade, certamente, um pedaço de sanidade que insistia a permanecer em si, pedia para ela apenas seguir em frente, mas a grande parte de sentimentos guardados e nunca sentidos por aquele homem voltou a gritar depois de anos e mais anos. Toda essa sensação veio a tona e misturou-se com sua impulsividade.

-ALEXANDER DAVID! -Deadly gritou ao ver o mesmo já saindo do palco e caminhando para o stage e acenou. -Alexander apenas virou-se, retribuiu e sussurrou alguma coisa nos ouvidos de um segurança e retirou-se do palco. Minutos depois o mesmo segurança veio a encontro de Nightshade "exigindo" que o seguisse, Loyal, permitiu e partiu. O segurança conduziu-a até uma sala, já sabia que era o stage. Quem seria mais previsível que Alex?. E tchram! Lá estava ele, pondo mais um pouco de marguerita em seu copo.

-Ora ora... -Sorriu e sentou-se próximo de si. -Eu sabia que você viria.

-Ótimo te reencontrar, Al. Você com toda essa pose, remete ao poderoso chefão. Já pagou os direitos autorais? -Riu ao falar em tom capcioso. -Eu fui empurrada por um homem de quase 2 metros até aqui, eu deixei ele me trazer, tentar força contrária era meio inútil. -Disse se levantando e olhando alguns discos que estavam perto de um lugar que parecia ser especial, era ocupada por uma vitrola antiga de madeira. -Não está em uma posição tão ruim para um garoto que distribuía de graça demos em bares.

-Tudo se torna fácil de fazer quando a sua necessidade se opõe à você. -Riu sarcasticamente ao dar mais alguns goles em sua forte bebida alcoólica. -Você não perdeu o hábito de mexer nas minhas coisas, Nightshade, a pianista. -Alexander permaneceu a sorrir de lado ao lembrar-se do carinhoso apelido que, infelizmente, teve que guardar no fundo de suas memórias.

-Não tente me conquistar novamente com esses apelidos de colegial, Alex. -hesitou e logo engajou alguma coletânea de músicas antigas na vitrola com tons amadeirados, talvez estivesse tocando Lou Reed. -Como sabia que eu viria? Tantos lugares em Los Angeles e você vem para Mid City? -Ri. -Nós sabemos que a vida é cheia de idas e vindas mas eu nunca parei para pensar como sempre estamos procurando alguma conexão com o outro, mesmo tão distante.

-Não sabia que viria, talvez fosse o destino. Me lembro quando estávamos em frente à mais um jogo desnecessário de futebol do colégio quando você disse que não veria a hora de voltar para Mid City, a sua cidade quente. Aqui estou eu!

-Até mesmo no frio de fevereiro, o sol brilha aqui, alguma coisa sobre esse clima fez as crianças ficarem meio loucas e eu estaria mentindo se dissesse que não estou cansada disso. -Suspirou um pouco antes de voltar a se sentar. -É cansativo demais viver da música, isso tudo deveria vir com um manual de instruções mas a cada refrão que eu escrevo, é uma renovação, é como se eu fosse predestinada a tudo isso. -Sorriu ao perceber e lembrar de todas as coisas que passara para chegar ao seu estrelato.

-Eu sei, entendo muito bem, mas não podemos deixar o que era um dia nossos sonhos, nos consumir pela monotonia. -Apoiou seu copo em uma mesa e caminhou até a mesma. -Vamos, Deadly, está tocando Lou Reed, precisamos dançar. -Estendeu a sua mão para ela. -Isso é pra recompensar o tempo perdido. -Lou Reed novamente, Perfect Day, dessa vez, música baseava-se em leves toques no piano, era lenta, romântica até.

Deadly ergueu-se e foi ao seu encontro. Passos ensaiados, risos, reconforto, essas eram as palavras que resumiam aquele momento que poderia congelar-se para sempre, para que assim, nunca separariam-se novamente, nunca desgrudariam-se."Oh, it's such a perfect day. I'm glad I spent it with you" Alex sussurrava alguns trechos da música, aquela voz suavemente selvagem que pestanejava a alma alarmante de Nightshade. Mãos nas cinturas, algumas trocas de carinhos, que logo foi travado quando Alex talvez voltasse a falar alguma besteira.

-Anne?. -Seu tom de voz tinha mudado, agora era como de desculpa, como se algo tinha de ser falado, algo tinha de ser feito.

-Alex? -Rebateu. O mesmo não entendia o que Deadly estava sentindo naquele momento e nem ela entendia o por quê dele parar tudo. Depois de apenas uma interrupção do dia mais perfeito de sua vida, já se sentia talvez quebrada demais para demasiada tristeza momentânea.

-Sinto muito interromper, é que... apenas estou constantemente à beira de tentar te beijar. -Sorriu instantaneamente e por um segundo o mundo parou, não, não, não.... O mundo girou-se inteiro nos 15 segundos mais que bem gastos ali, se é que podemos dizer assim. Seus lábios foram selados, depois de 7 anos aquilo tudo fora terminado, (ou talvez apenas começado.) Aquele momento foi eternizado.

  Deadly aos poucos foi esgueirando-se do beijo, já estava sem fôlego. Por um momento, estava feliz novamente. -Eu não acredito que você pega trechos das suas músicas para conquistar garotas, que baixaria, Alexander. -Riu e elevou seus olhos aos dele.

-Mas essa música eu escrevi para você, tanto quanto, R.u mine, I wanna be yours, e Snap out of it. -Sorriu ao ver que a mesma mantinha o mesmo corte curto do colégio.

-Alex, você já me tem, não precisa ficar mentindo atoa. -Trocou de disco, a situação já tinha mudado, "I put a spell on you", Nina Simone. -Falando de músicas para conquistar garotas, Arriele Vandenberg, onde está a sua NAMORADA? -Em algum momento, Deadly voltou a sua realidade, Alex e Arielle, Ela e Jim.

-Não é mentira, acredite se quiser, tinha essas letras em mente desde quando você se foi. -pegou novamente seu copo e bebeu rapidamente o resto de bebida que ali restava.-Terminamos. Tenho provas no celular, quer ver? -ri.

-Não preciso, sei que ela mora em Los Angeles e se ela não está aqui em Mid City com você, eu acho que ela já desistiu de permanecer algo. -Soltou um leve riso e logo voltou a seu posto. -Onde estão os outros meninos?

-Jamie talvez tenha saído com a Katie, Matt com Breana e Nick com Kelly e eu fiquei aqui, escutando alguns discos e bebendo, Precisava descansar um pouco. -Dizia em tom talvez duvidoso, já não sabia mais o que era sair para se divertir em dupla.

-Tá, e você me chamou aqui por segundas intenções? É sério, Alex? -A menina já dizia se levantando. -Depois de 7 anos, foi ótimo te reencontrar novamente. -Abriu a porta e sem mais e nem menos, partiu. Aquele mesmo sentimento de despedida tomou seu coração, era de doer no peito, arder na alma, mas a "menina pianista dos cabelos negros" permaneceu e resistiu.

-DEADLY! -"Oh não, de novo não." Pensou, mas logo correu até a mesma e segurou-a em seus braços. -Nem pense que eu esperei 7 anos por você e que eu deixaria você partir assim, pela porta da frente. Eu te amo, a última coisa que ousaria em fazer é te procurar por segundas intenções. Podemos sim dizer que eu esperei pelo amanhã que nunca veio mas hoje estamos aqui e eu não deixarei você escapar, não dessa vez.

The Unknown DreamOnde histórias criam vida. Descubra agora